- Com esta série não é pretendido fazer história, mas sim é visado, ao lado das imagens, que poderão ser úteis aos leitores, a sintetizar em seus acontecimentos principais a vida da antiga Vila dos Pescadores e da Cidade de Porto Alegre inserida na História.

Não se despreza documentos oficiais ou fontes fidedignas para garantir a credibilidade; o que hoje é uma verdade amanhã pode ser contestado.

A busca por fatos, dados, informações, a pesquisa, reconhecer a qualidade no esforço e trabalho de terceiros, transformam o resultado em um caminho instigante e incansável na busca pela História.

Dividir estas informações e aceitar as críticas é uma dádiva para o pesquisador.Este blog esta sempre em crescimento entre o Jornalismo, Causos e a História.Haverá provavelmente falhas e omissões, naturais num trabalho tão restrito.

Qualquer texto, informação, imagem colocada indevidamente, dúvida ou inconsistência na informação, por favor, comunique, e, aproveito para pedir desculpas pela omissão ou inconvenientes.

(Consulte a relação bibliográfica e iconográfica)

Poderá demorar um pouquinho para baixar, mas vale à pena.

vilaguaiba@gmail.com

domingo, 20 de julho de 2025

Antiga Villa dos Pescadores - Passo a Passo/2025

 

Passo a Passo

Situação sobre Ordem de Despejo da antiga Villa 

Depois de 84 Anos

Antiga

Villa dos Pescadores

Fundada em Maio de 1941

Patrimônio Cultural e Imaterial de Porto Alegre – 2025

Terra do Bacalhau ao Vento da Villa

Espaço de Diversidade

Bairro Assunção

Porto Alegre – RS 

1941 – 85 Anos – 2026

Identidade Construída

Aqui tem História

Antiga Villa dos Pescadores

Rumo ao Centenário

1941-2041

Lançando Idéias

Pescando Soluções

Situação sobre Ordem de Despejo da antiga Villa

___Iniciamos o ano de 2025 com demandas judiciais a nossas portas, desenvolvidas de forma unilateral, iniciando uma luta diária, até de formiguinha, boca a boca, porta a porta em todas as direções que forem necessárias para um solução pacífica e sustentável a comunidade da antiga Villa dos Pescadores. Em pleno século XXI não é tolerável ser surpreendido com ações terceiras, demandadas da inicial sem remetente, que abala a vida cotidiana de centenas de famílias depois de 84 Anos estabelecidos exigindo a retirada com prazo mínimo de toda uma “comunidade” encravada nas terras de Assumpção e as águas do Guaíba, sem ter antiga villa o direto de expor seu amplo “direito de defesa e contraditório”. E sobre estes aspectos que buscamos todos os recursos possíveis para um desfecho favorável a esta antiga comunidade inserida na história da cidade de Porto Alegre.

Se Vergar, mas não Quebrar,

Erguer e não Capitular,

Orgulho com Humildade,

Dignidade.

Encaminhamentos

09/02/2025, foi encaminhado levantamento histórico já hospedado em 2011 da antiga Villa dos Pescadores. Em anexo foi enviado contraditório para aplicar sobre a pressão demandada pelo MP, para apresentar pra quem precisar.

13/02/2025, foi realizada reunião a noite da associação com a comunidade.

14/02/2025, foi falado do trabalho sobre a antiga Villa dos Pescadores para o casal bombeiro Marcelo e esposa que passaram por isso, foi solicitado juntar ao processo.

14/02/2025, no grupo de whatsapp da comunidade, as divergências são visíveis, mas devem ser negociadas o possível.

___A nova presidenta da AGua Associação Sra. Neca solicitou ao presidente anterior, sr. Clebão a prestação de contas de sua gestão.

14/02/2025, o assessor do Vereador Geovani Byll estava presente à reunião.

14/02/2025, em discussão a parte o sr.  Clebão quer os méritos por ter acessado inicialmente alguns vereadores. Por estas circunstancia é necessário separar a associação e Comissão Permanente de negociação, A comissão e que vai atuar no processo e a associação fica para assuntos internos e oficiais da comunidade. As discussões internas paralelas arrastam todos os envolvidos da comunidade.

14/02/2025, foi enviado pela JPM Consultoria por email os arquivos solicitados a AGua Associação, também hospedado tudo que ainda não havia sido aplicado em rede social.

14/02/2025, toda a documentação e acessos da JPM Consultoria foram encaminhados a sra. Neca.

___Houve as dúvidas:

- De onde a informação de quantas casas tem na vila?

- Da Prefeitura pelo DEMHAB, com a quantidade 146 unidades habitacionais (dados de 2021).

___Foi apresentado o Projeto Novo Olhar é para protocolar na PMPA e Secretária Urbanismo, como contrapartida em um desfecho negativo a comunidade.

16/02/2025, 20:13, conforme clima tempo:

//www.facebook.com/share/v/1CJDP2Pa2f/?mibextid=D5vuiz

17/02/2025, segunda, houve a ida ao gabinete do Vereador Byl, Solange Muller, Maria, Silvana, representantes do Calábria, Maria Luiza. O vereador apresentou 3 projetos que irá apresentar na Câmara que beneficia, muito, a antiga Villa dos Pescadores.

___Os projetos passam por etapas dentro da Câmara então dentro de 15 a 20 dias será o 1° projeto apresentado:

Projeto de Lei n° 022/ 25

DECLARA COMO PATRIMÔNIO CULTURAL IMATERIAL DO MUNICÍPIO DE PORTO ALEGRE A VILA DOS PESCADORES.

Como a comunidade irá se preparar para esse dia?

1- uma semana antes iremos visitar os vereadores,

2- NO DIA DA VOTAÇÃO, participação com apresentação FAIXAS, BANNERS

___Conforme a sra. Neca, sobre os 2 projetos será falado em outro momento pra não ter confusão de informações.

Associação de Moradores da antiga Villa dos Pescadores - AGua

19/02/2025: <Mídia oculta>

20/02/2025, SÍNTESE DO QUE FOI ABORDADO HOJE NA REUNIÃO com DEFENSOR PÚBLICO

___Foi apresentado hoje que o defensor público nos defenderá judicialmente (coletivamente e individualmente) enquanto instituição da Defensoria Público Estado contra o acórdão do desembargador que proferiu a sentença de remoção, que essa foi uma medida judicial instaurada pelo ministério público, que discute essa questão territorial da União, daí  caso quem está nos representando a partir de agora será o defensor público, o vereador Byll que nos auxiliará em questões políticas de fato que é o que também a comunidade precisa dessa representatividade e que a comunidade da Villa dos Pescadores precisa de mobilização social, que a situação tende também poder ser favorável para nós, porque nós estamos amparados judicialmente e politicamente, também temos o assessor político da deputada Bruna nos auxiliando nesses quesitos.  Precisamos da participação e colaboração da comunidade mais ativa, nas reuniões (assembleias) assinaturas de presença e envios de documentos em cada reunião realizada, para haver dados no registro desse movimento para marcarmos presença enquanto coletivo e comunidade. Principalmente em idas agendadas para comparecer a Câmara Municipal de Vereadores de Porto Alegre, que esse processo pode ser demorado e que não devemos abandonar as medidas necessárias para enfrentamento dessa situação. A comunidade unidade pode conseguir vencer essa luta, pra isso precisamos de comparecimento e presença na mobilidade social e política da comunidade.

26/02/2025, conforme o andamento das tratativas, ainda é verificado a falta de proposição. A força política tem que ser conquistada nas 3 esferas de governo. Mas claro o caminho tá dado na Câmara de Vereadores. Lembrado que a antiga Villa dos Pescadores já tem proposta de reconhecimento histórico cultural desde 2016 na Câmara. E necessário ser utilizado a expressão “antiga Villa dos Pescadores, desde 1941”, conforme o levantamento histórico realizado pela JPM Consultoria. A consultoria verifica que se todos os encaminhamentos não forem bem balizados, poderá haver perdas desnecessárias. Tem que conversar com a Comissão Permanente todos os assuntos de uma vez só, pois as “intercorrências irão acontecer”, e dali armar o caminho para todos os lados e possibilidades, coisas dispersas não serão o suficiente.

26/02/2025, as atividades da AGua Associação é só correria com a sra. Neca sem tempo. Ela tá envolvida com várias coisas por conta de ser responsável pela associação até a eleição da nova gestão.

27/02/2025, conforme a AGua Associação:

- Boa Noite Comunidade, compartilho que a Prefeitura na figura do Dr. Marisco entrou com pedido de IMPUGNAÇÃO DA SENTENÇA.

- Como foi acordado na reunião onde estavam presentes, nós da comunidade, Defensor Público Rafael, Vereador Byl, Secretário Cássio, Assessor Marcelo do gabinete da Deputada Estadual Bruna ligada a Comissão de Direitos Humanos da Assembleia.

- Vivemos um Momento Importante e Democrático onde diversos partidos, pessoas, Somam-se a Nossa Luta.

- A Prefeitura Cumpriu sua Palavra.

- Logo teremos AQUI uma REUNIÃO COM TODOS, PARA MAIORES INFORMAÇÕES.

27/02/2025, impugnação ao cumprimento de sentença da Villa dos Pescadores protocolada. Processo 5317782-57.2024.8.21.0001

27/02/2025: <Mídia oculta> Impugnação ao cumprimento de sentença da Vila dos Pescadores (protocolada)

27/02/2025: <Mídia oculta> Processo: 5317782-57.2024.8.21.0001

12/03/2025: <Mídia oculta> Despacho/ Decisão

12/03/2025, VITÓRIA POPULAR

___Hoje o dia começa com uma notícia maravilhosa! A partir do indicativo do #MandatoPopular na Comissão de Cidadania e Direitos Humanos, a reintegração de posse da antiga Villa dos Pescadores foi derrubada e agora o caso será encaminhado à Comissão de Conflitos Fundiários do TJRS.

___Um passo fundamental para essa comunidade que convivia com a insegurança cotidiana de se teriam ou não um teto sobre sua cabeça!

12/03/2025 12:31 - So: <Mídia oculta>

12/03/2025, foi realizada reunião da AGua Associação para comunicado oficial e encaminhamentos.

18/03/2025, permanecem as boas notícias, agora vai faltar a contrapartida da AGua Associação.

25/03/2025: <Mídia oculta>Minuta de PLL

28/03/2025, juntada de peças digitalizadas - Audiência Mediação Cível Designada.

08/07/2025, CEJUSC Porto Alegre - Foro Central.

02/04/2025, a AGua Associação já tem data e hora para a audiência de mediação. Momento de mostrar que queremos e podemos permanecer. Lá estaremos representados pela Associação de Moradores, PGM, Defensoria Pública, Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa, e outros entes que se unirem à nossa causa. Juntos somos FORTES.

07/04/2025, a AGua Associação está fazendo as coisas de acordo com quem já passou por isso. A problemas entre as gestões atual e anterior da AGua. Colocado no regimento interno da associação que quem não se cadastrou não pode votar e nem se candidatar.

15/04/2025, a sra. Solange Muller, moradora da antiga Villa dos Pescadores e tesoureira da AGua Associação, deu entrevista na TV Pampa no jornal local da 19h.

06/05/2025, para a audiência, a associação tem que ter contrapartida do que pode fazer ou ceder, por exemplo:

___Recuar os prédios onde é necessário, não deixar mais parcelamento dos imóveis, e principalmente ter um Plano B preparado. Material desenvolvido pela JPM Consultoria.

06/05/2025, toda a comunidade está em stand by aguardando o desfecho para reformas ou compra interna dos imóveis.

06/05/2025, na eleição a AGua Associação teve chapa que foi única. Após a reunião, houve Assembléia Geral para saber da aprovação ou negativa da chapa única.

06/05/2025, fotos da reunião de hoje, comunidade e dos secretários e Defensor Público.

06/05/2025 21:26 - So: <Mídia oculta>

06/05/2025 21:26 - So: <Mídia oculta>

14/05/2025, informações sobre o projeto que torna a antiga Villa dos Pescadores “patrimônio cultural e imaterial” de Porto Alegre. Uma conquista da comunidade, que ajuda dentro do processo.

14/05/2025, o projeto foi votado na Câmara de Vereadores. 28 a favor e 03 contra.

16/05/2025 22:41, ocorreu evento na Assembléia Legislativa com a presença da Sra. Neca presidente da Agua Associação e o Sr Cleber ex-presidente, onde receberam homenagem pela causa da antiga Villa dos Pescadores.

19/05/2025 16:29 - So: <Mídia oculta>

26/05/2025: <Mídia oculta>Ata da Audiência de sexta-feira

29/05/2025, o Projeto declara a antiga Villa dos Pescadores como “Área Especial de Interesse Social”.

https://www.camarapoa.rs.gov.br/noticias/projeto-declara-a-vila-dos-pescadores-como-area-especial-de-interesse-social

06/06/2025, o Ministério Público permanece irredutível com respeito a remoção de 100% da comunidade.

08/06/2025, domingo, ocorreu a Meia Maratona de Porto Alegre, que tradicionalmente passa pela Avenida Guaíba em frente a antiga Villa dos Pescadores. Faixas serão produzida pela AGua Associação, para apresentação durante a maratona.

___ As 06h30, a Comissão Permanente estava recepcionando os maratonistas como em todos os anos, aproveitando para mostrar a situação jurídica da antiga Villa do Pescadores.

___Novamente a associação está empenhada, mas só mobilização não é suficiente. Falta as contrapartidas da comunidade, o que será feito realmente para se ter direito para permanecer, uma vez que força poderosas estão contra, mas também a favor. A comunidade é sabedora que existem coisas que precisam ser dado uma solução. Exemplo: - calçada da parte alta da Avenida Guaíba, o acesso a orla, frear o aumentar de e das habitações antigas e novas.

___O problema é q tem muitos interesses em jogo aí. Grandes empresas e empresários, fica difícil, mas a comunidade tem que ceder pelo todo.

10/06/2025: <Mídia oculta>Logo

12/06/2025, foi promulgada pelo prefeito Sebastião Melo a Lei n 14.252, que declara como Patrimônio Cultural e Imaterial do Município de Porto Alegre a antiga Villa dos Pescadores.

13/06/2025: <Mídia oculta>Insta Vídeo Vereador

13/06/2025 16:29 - So: <Mídia oculta> Lei

16/06/2025, foi enviado pela JPM Consultoria o Projeto Clusters, o Projeto do IAB, entre outros, para ter em mãos em caso de necessidade de negociação. A associação tem que necessita possuir iniciativas de propostas mesmo não sendo acatadas.

___Para esta associação, é necessário acreditar desconfiando, pois tudo pode mudar. Solução somente após a regularização fundiária com projeto urbanístico para toda área.

16/06/2025, a JPM Consultoria, atualizou aos canais de mídia social da comunidade que já teve mais de 30 mil visitas.

16/06/2025, houve divergência sobre o layout apresentado da logomarca da comunidade, sendo que desde 2011 já existe um manual explicito da nova logomarca da antiga Villa dos Pescadores. Logo é estudo, não pode ser preferência. Trabalho que já foi desenvolvido pela JPM Consultoria.

___A Secretaria de Cultura de Porto Alegre parabenizou a comunidade pelo estudo e levantamento histórico da antiga Villa dos Pescadores inserida na história.

17/06/2025, algumas indicações da consultoria foram acatadas pela associação, talvez não com urgência necessária. Nota-se o desinteresse de muitos moradores pelos acontecimentos.

___A AGua Associação, eu uma hora dessas, todos devem estar agarrados um ao outro para as práticas serem conduzidas e acontecerem da melhor forma.

___O porta voz da comunidade e a sra. Neca, presidente da associação.

___A associação abriu conta corrente para colaborarem com depósitos para amortizar as despesas diárias, principalmente devido ao processo, administrada pela tesoureira sra. Solange.

20/06/2025, iniciamos o dia com uma *Movimentação no nosso Processo*

___Quarta a Prefeitura incluiu no processo a *contratação da empresa que vai estudar a comunidade de pescadores*.

___Anexo a Movimentação.

20/06/2025 10:27 - So: <Mídia oculta>

20/06/2025 10:27 - So: <Mídia oculta>

20/06/2025 10:27 - So: <Mídia oculta>

20/06/2025 18:02 - So: <Mídia oculta>

20/06/2025 18:24 - So: <Mídia oculta>

___Permanecem as divergências entre correntes, existentes, mas desnecessárias no momento, A muita “pavolagem” em torno dos assuntos, sem objetividade.

___O objetivo final deve ser a regularização fundiária no local histórico da comunidade.  A pressão vai continuar se não tiver um projeto, fonte de financiamento e se não acontecer nova enchente.

___Estes estudos não foi o primeiro já foi feito, em outras ocasiões não tinha avançado.

Por isso a vigilância diária se torna necessária.

24/06/2025 09:47 - So: <Mídia oculta>

24/06/2025 17:21 - So: <Mídia oculta>

25/06/2025, o Lago Guaíba subindo, amanhã volta a chover e no sábado promete 100mm de chuva. Deus livre da comunidade passar por tudo de novo.

___Houve reunião para ver como as famílias estão e as casas, poucas pessoas participaram (uma pena).

26/06/2025, a água do Guaíba chegou no portão das casas ao fundo na orla. Se aguarda chuva amanhã até domingo muito e o Guaíba sobe de 20 a 30 cm. Ele ainda tá abaixo da marca de inundação.

29/06/2025 09:07 - So: <Mídia oculta>

30/06/2025 16:31 - So: <Mídia oculta>

03/07/2025 12:44 - So: <Mídia oculta>

03/07/2025 14:29 - So: <Mídia oculta>

03/07/2025, foi informado oficial, o documento de antecipação da visita.

04/07/2025 08:24 - So: <Mídia oculta>

05/07/2025, as águas do Guaíba, baixaram bastante, mesmo represadas pelo vento Sul. As tubulações e caixas sanitárias foram afetadas pela forte correnteza.

05/07/2025 17:16 - So: <Mídia oculta>

06/07/2025 13:37 - So: <Mídia oculta>

06/07/2025, as 14h00 no salão paroquial da Capela de Navegantes, houve mutirão de limpeza para organizar o espaço.

09/07/2025 07:55 - So: <Mídia oculta> em 18/07/2025, haverá visita técnica na antiga Villa dos Pescadores, após vai pro juiz o laudo e ele decide a permanência ou saída. A associação necessita ir com tudo em mão, pois a hora é agora. O principal seria ter um projeto urbanístico principalmente para depois da curva da Avenida Guaíba ao Clube Veleiros. Há um problema com setores da comunidade que não se organiza e também não quer escutar.

___Conforme a JPM Consultoria a AGua Associação deve se espelhar em outras situações semelhantes no Brasil que angariaram sucesso.

___A pressão custosa e desgastante, mas obrigatória para obter resultado, direto na Prefeitura, Câmara, e todos os órgãos e pessoas, até o Governador. Ser chato, mas não inconveniente até uma solução favorável. Todas as atitudes fazem parte, de ambos os lados.

___A AGua Associação está realizando o seu melhor conduzindo da melhor forma as negociações.

13/07/2025 09:15 - So: <Mídia oculta>

13/07/2025 10:14 - So: <Mídia oculta>

13/07/2025 10:15 - So: <Mídia oculta>

13/07/2025, houve reunião com o Secretário Cássio Trogildo as 19h00 para esclarecimentos a quem quer sair espontaneamente da Villa dos Pescadores.

13/07/2025, observamos que como comissão e associação, deve ser dado a todos oportunidade de se expressar, antes da diretoria e comissão tomarem as decisões necessárias.

13/07/2025 11:00 - So: <Mídia oculta>

___A comissão deve buscar e utilizar todos os caminhos possíveis, ouvir a todos, para ter embasamento para decisões, o caminho utilizado dependendo só dos outros não é correto. Mas é um caminho.

___Só que vai ter um desfecho, e que seja favorável ao pensamento de cada um.

___Outra situação, são as saídas voluntárias “por proposta”, pois pode ser um dominó que forcará os demais que não querem abandonar o local histórico a também ter que se retirar, pois os que saem as residências são demolidas e não pode fazer outra no lugar.

15/07/2025 20:01 - So: <Mídia oculta>

15/07/2025 20:01 - So: <Mídia oculta>

15/07/2025 20:01 - So: <Mídia oculta>

15/07/2025 20:01 - So: <Mídia oculta>

15/07/2025, saiu o requerimento do MP para que o Município de Porto Alegre e o DEMHAB realizem a remoção da unilateral da antiga Villa dos Pescadores. Na parte dos fatos temos um bom resumo do que aconteceu no processo.

___Foi dado início ao cumprimento de sentença.

___Esse é o documento que fundamenta a necessidade da remoção.

15/07/2025: Aqui a parte 2

15/07/2025 20:02 - So: <Mídia oculta>

___A consultoria analisou os documentos emitidos, teve as recursais e recuaram em alguma coisa ou prazos. Entre as obrigações do DEMHAB nos 180 dias avaliar quais imóveis são passiveis de regularização. Falta pesquisa de jurisprudência de casos semelhantes que tiveram vitória aos demandantes.

___Certas declarações é para a retirada e pronto nos falsos argumentos com certeza tem gente com interesses, por trás pressionando os desembargadores.

___Por parte da associação falta uma narrativa completa de começo meio e fim, explicando todos os fatos incluindo a jurisprudência e a associação apresentar propostas principalmente saneamento e projeto urbanístico

___O principal argumento do Juizado é que a Avenida Guaíba tem precisa ser duplicada e a antiga Villa dos Pescadores está sobre parte do recuo.

___Mas falta perguntar sobre o projeto da Avenida Guaíba, qual é, qual a extensão e largura que vão utilizar, qual prazo, etc (...)

___A AGua Associação também possui os terrenos (imóveis) na encosta do maciço em frente que possui projeto para estes casos na Villa, em que tenha que sair, mas sem sair do Bairro Assunção.

17/07/2025, foi observado que em certas partes do documento a indicação para a antiga Villa dos Pescadores ser transferida para outras áreas até da orla mas longe da cidade.

___Se existe um projeto para a duplicação da Avenida Guaíba, esta irá ser duplicada, ela vai unir os pedaços e retirar ou remover todas as áreas ocupadas até a orla do Bairro Lami.

___Ainda existe prazo para negociar uma solução. Mas não pode esperar a última hora, daí vai ser somente aceitar o desfecho desvantajoso.

17/07/2025 12:27 - So: <Mídia oculta>

17/07/2025 12:28 - So: <Mídia oculta>

___A AGua Associação tenta saber quem realmente está prós trás de tudo pois o judiciário, não se manifesta se não provocado, e a Prefeitura de Porto Alegre “apoia” a permanência da antiga Villa dos Pescadores no local, com projeto e urbanização (paisagística e sanitária).

18/07/2025 14:36 - So: <Mídia oculta>

18/07/2025 14:38 - So: <Video note omitted>

18/07/2025 16:31 - So: <Mídia oculta>

18/07/2025, no terceiro vídeo a senhora de saia é a juíza, o que está falando com ela o secretário de governança Cássio Trogildo e o que está com um casacão indo na frente é no juiz da causa que só ficamos sabendo depois.

19/07/2025, vídeo do apoio do vereador Geovani Byl:

https://www.instagram.com/reel/DMSv9zxRk4B/?igsh=bjB2NXhodXd3Znpw

19/07/2025, vídeo do apoio da deputada estadual Bruna Rodrigues:

https://www.instagram.com/p/DMTLdpaOoCF/?igsh=e



domingo, 13 de julho de 2025

Bacalhau da "Villa" - Antiga Villa dos Pescadores

 Antiga

Villa dos Pescadores

Fundada em Maio de 1941

Patrimônio Cultural e Imaterial de Porto Alegre – 2025

Terra do Bacalhau ao Vento da Villa

Espaço de Diversidade

Bairro Assunção

Porto Alegre – RS

Bacalhau da “Villa”

Conheça o Peixe Seco ou Peixe Escalado,

Método de Preservação Milenar e Herança Cultural

- O peixe seco ao sol e vento, ou "peixe escalado", era um método comum de conservação de pescado na provinciana Porto Alegre antigamente, especialmente antes da refrigeração moderna. O processo envolvia abrir o peixe pelo lombo, salgá-lo e secá-lo ao sol, o que permitia que fosse armazenado por meses, preservando-o para consumo posterior.

Tradição

___A importância do “peixe seco” na antiga Villa dos Pescadores de manter viva uma prática que transcende gerações, ensinando não só sobre o método e culinária, mas sobre história, sustentabilidade e a valorização de métodos tradicionais em um Mundo moderno.

Nota:

- Conhecimento tradicional é o tipo de conhecimento oriundo de uma cultura, de uma comunidade ou sociedade tradicional e envolve conceitos como história, hábitos, crenças e valores, o qual passa a existir geralmente a partir de uma necessidade obtida com a experiência vivida, pois não existe cultura sem conhecimentos (RONCHETTI et all, 2014 p. 33).

Villa dos Pescadores

___Poucos lugares teriam um domínio na secagem de peixe ao sol e o vento como a antiga Villa dos Pescadores, aqui, - curamos quase tudo o que saia do Guaíba.

___Os peixes eram preservados por meio de métodos tradicionais como secagem e salga, ou defumação e salga.

Nota:

- A maneira tradicional mais antiga de conservar peixes era deixá-los secar ao vento e ao sol. A secagem de alimentos é o método de conservação mais antigo conhecido no Mundo, e o peixe seco tem uma vida útil de até vários anos. O método é barato e eficaz em climas adequados; o trabalho pode ser feito pelo pescador e sua família, e o produto resultante é facilmente transportado para o mercado.

Técnica Ancestral

___Uma técnica ancestral de conservação de alimentos que foi muito utilizada na antiga Villa dos Pescadores, herança passada principalmente da Ilha da Pintada e de lá pelo método de preservação milenar e herança cultural “açoriana/lusitana”. Essencial para a comunidade local da época, o método não apenas fortalecia laços sociais, econômicos, mas também preservava a herança cultural açoriana da região.

Guaíba – Rio/ Lago/ Estuário

___No Guaíba, em Porto Alegre é possível encontrar “Pintado, Robalo”, embora as espécies nativas do lago sejam mais comuns e variadas. O Guaíba é um ecossistema rico em biodiversidade, com mais de 90 espécies de peixes nativos, incluindo “Bagres, Jundiás, Piavas” e outros, algumas delas desconhecidas para muitos. O Robalo, embora seja mais conhecido por ambientes marinhos, ele também pode ser encontrado em águas salobras, como estuários, e até mesmo em rios.

___O Pintado, por sua vez, é um peixe de água doce bastante popular, conhecido por sua carne branca e saborosa. Peixes não nativos pela ligação ao Sul com o Oceano Atlântico, chegam ao Guaíba através da Lagoa dos Patos.

O Nome Bacalhau

___Na Villa dos Pescadores devido a qualidade do produto bem seco, carnudo e salgado (parecido com “Bacalhau português”) deu origem do nome “Bacalhau” diziam: - “o Bacalhau lá dos pescadores na vila do DAER”, o nome pegou e o produto começou a ser cobiçado, principalmente em datas especiais.

Clientela

___Na semana da Páscoa o chamado “Bacalhau da Villa” era muito solicitado, que não era possível produzir para atender os pedidos e a clientela que vinha direto de casa em casa ou nas bancas de venda no Embarcadouro do DAER na Assunção, na Feira diária no Cais do Porto de Porto Alegre (antes do Muro da Mauá) no Mercado Público e no Mercado Livre na Avenida Júlio de Castilhos.

___Conforme o morador Sr. João Rosa:

 “- Com a barca dava muito movimento, mas vinha de tudo, né (...)

- Gente da Tristeza, Assunção, Vila Nova. Por que não tinha peixe né. Daí “por isso aqui virou Vila dos Pescadores o pessoal começou a chamar”.

“- Naquela época era só aqui ou no Mercado Público pra encontrar peixe, e no Mercado Público tinha pouca oferta de peixe de rio, lá se encontrava mais “peixe de água salgada”, então quem preferia “piava, jundiá, pintado”, sempre comprava aqui.”

Núcleo Familiar

___Até o final dos anos 1940, início dos anos 1950, segundo relato dos moradores, existiam 9 núcleos familiares de pescadores, espelhados ao longo da Ponta do Dionísio.

Pescadores – Pescados – Personalidades

___Na Villa dos Pescadores, os pescadores em suas atividades se desenvolveram economicamente de maneira rápida e organizada.

___Conforme o morador Sr. João Rosa:

“- Era uma época boa pra peixe, a gente tinha muita clientela (...) Até gente importante comprava aqui. - A gente recolhia a rede bem cedo da manhã, limpava e separava os peixes, vendia fresco.

“- A gente fazia Bacalhau também, faz até hoje. A fila ia até a esquina. Sexta-feira Santa era loucura, não parava um minuto. Naquela época dava muito peixe na rede, e peixe maior do que tem hoje.”

Lupicínio Rodrigues

___O famoso compositor e interprete “Lupi” foi um cliente assíduo da Villa dos Pescadores.

___Conforme o morador Sr. João Rosa:

Lupicínio Rodrigues era um que vinha pelo menos uma vez por mês, pegava umas piavas e o Bacalhau.”

Iguaria

___Além de ser uma técnica eficaz de conservação, o peixe seco é uma iguaria apreciada, especialmente quando preparado a partir de espécies específicas. A receita pode ser simples ou elaborada, exigindo apenas peixe e sal, feito com muito cuidado e higiene.

Peixe Seco ou Escalado – Eventos e Comemorações

___Não existe sociedade sem cerimônias festivas, sejam elas tradicionais ou modernas, particulares ou populares. As comemorações contribuem para a sistematização de uma identidade e cultura local. Importante não somente para auxiliar nos difíceis momentos do ano, quando a pesca era escassa e havia o peixe seco para suprir as necessidades imediatas.

___Também nas festas populares esta iguaria se fazia e ainda se faz presente, de forma sazonal e a antiga Villa dos Pescadores, não fugiu a regras com o Jantar da Primavera, realizado anualmente, regado a muito peixe ensopado.

Sazonalidade

___Sabe-se que a pesca tem os seus períodos de fartura e escassez ao longo do ano, motivo pelo qual o peixe foi salgado e seco conforme registros, aliado ao fato de não existir, na época, outro método de conservação.

___Atualmente os mais idosos ainda relembram como o peixe fresco no Lago Guaíba era abundante em cada pesca, o que implicava na necessidade de preservação para as variações sazonais, transformando o pescado fresco em salgado e seco ao sol. Fruto de muito trabalho e expectativas.

Um Processo

Várias Métodos e Receitas

___O processo começa com a escolha cuidadosa do peixe, que deve ser fresco e pescado no mesmo dia. Após a limpeza e preparo inicial, o peixe é mergulhado em uma solução salina e, em seguida, coberto com uma camada generosa de sal grosso, que ajuda na desidratação e preservação. O peixe é então colocado em varal, redes ou prateleiras de madeira, evitando-se o metal para prevenir sabores indesejados, e seco ao ar livre, longe da luz solar direta e de animais.

Salga do Peixe como Prática Tradicional

___Escalar um peixe consiste em abri-lo de forma incompleta pelo dorso e eviscerá-lo. Posteriormente há a salga e secagem ao sol, já de conhecimento mais tradicional, a exemplo do que ocorre com o “bacalhau” em Portugal, o qual originou o conhecimento local.

Nota:

- A salga baseia-se no processo de desidratação por osmose. Ou seja, ao se adicionar sal, o ambiente externo às células fica supersaturado, puxando, assim, a água que está livre no tecido muscular do peixe. Esta, por sua vez, vai sendo liberada das células, até que se concentre no meio interior e exterior, havendo um equilíbrio (OGAWA; MAIA, 1999).

- Posteriormente à salga, há a secagem que promove a retirada do excesso de água dos tecidos, contudo, o maior contribuinte para esta secagem, não é o sal, e sim o calor e a circulação de ar. Há neste processo, a saída da água através da evaporação da água superficial e a migração da água do centro da peça para a superfície e posterior evaporação (FERREIRA, 2002 apud OGAWA).

___O processo de secagem ao sol, com salga prévia, era utilizado, também, pelos “Caiçaras”, para conservação mais duradoura do pescado. Acondicionado em local seco e arejado, poderia manter-se bom para consumo, em até um ano.

___Primeiramente se extraem as tripas do peixe, posteriormente ele é lavado e passado por uma salmoura. Então é aberto, escalado e estendido nas redes expostas ao sol por dois ou três dias, dependendo, obviamente, das condições climáticas.

___Conforme a técnica utilizada na secagem do peixe, os pescadores igualmente modificam sua forma de degustação. O seco pode ser consumido cru e desfiado, cozido e regado com azeite, vinagre ou suco de limão e alho picado. Já o “enjoado”, serve-se grelhado.

___Esta antiga técnica de secagem do peixe, surgiu por conta do excesso do pescado e da necessidade de conservação para os dias de escassez.

Secagem no Areal

___As pesquisas apontam que antigamente fazia-se a “secagem em pleno areal”, com determinadas ervas que evitavam o contato direto do peixe com a areia.

___Conforme antigos pescadores, lembram-se com saudades do tempo:

“- Estendíamos o peixe em cima de uma erva parecida com o feno. Depois de amanhado (processo de retirar as tripas) e escalado, o pescado é colocado em água com sal. Muda-se a água duas ou três vezes e depois coloca-se a secar no estenda.”

Identidade Gastronômica

___O peixe escalado, salgado e seco ao sol constituiu-se em uma identidade gastronômica local, patrimônio alimentar para a comunidade que pode ter sofrido algumas alterações com o passar do tempo por conta da chegada da tecnologia, das geladeiras e câmaras frigoríficas, as quais dispensam totalmente a necessidade da salga para conservação do pescado com a posterior exposição ao sol. Diferentemente da cozinha contemporânea que reflete o prazer pelo sabor, a tradicional foi desenvolvida por necessidade. A globalização e o dinamismo de tecnologias contribuem para constantes modificações em identidades culturais, transcendendo tempo e espaço. Entende-se que nem sempre estas modificações sejam benéficas, já que a memória da localidade tende a se perder à medida em que ela - a cidade -, cresce, progride e se torna mais cosmopolita.

___A tradição e costumes dos povos que forneceram respaldo cultural à história de Porto Alegre e da antiga Villa dos Pescadores ainda persistem em sobreviver em meio a estas profundas mudanças. Novos sotaques, hábitos e rituais são inseridos na rotina, percebe-se isto também como resultado da globalização e da natural necessidade de constantes mudanças do homem e o meio.

Varais

___Nas décadas de 1940/50/60, durante o Inverno, quem atravessava os caminhos que cortam nas direções desta “villa” de pescadores, dificilmente não encontrava uma casinha ou choupana em cujo terreiro sobre o areal, não ostentasse a secar ao sol, em varais ou redes, uma multidão de peixe escalado desenhando um risonho quadro de fartura no meio dessa população, em geral pobre.

Nota:

- Preso aos pares pelo atilho de embira (corda), o peixe assim aberto e dependurado às varas delgadas, correndo em linha e horizontalmente sobre estacas e prumo, palpita vagamente ao vento, assemelhando-se, de longe, a enormes bandos de estranhas borboletas gigantescas, de uma cor térreo-amarelada, que pousassem ao acaso entre verdura à frente de cada vivenda (VÁRZEA, 1900, p.170-171)

Trabalho e Comunidade

___Mesmo cada família com rancho próprio, mas muitas vezes o trabalho era comunitário. Em média, algumas mulheres cuidavam de escalar o peixe fresco que no dia seguinte era colocado no sol para secar. No começo, o produto era vendido no próprio local, de onde era transportado para o Centro de Porto Alegre. Mulheres em período de gravidez não escapavam de escalar peixe, as mulheres se divertiam nessa faina (trabalho árduo), apesar de ser um trabalho pesado. Eram tempos de muito pescado – as redes traziam de tudo – para ser trabalhado.

Nas Casas

___O trabalho nas salgas podia ser comparado ao trabalho de extirpação e da salga do peixe que era realizado nas casas conforme descreveu Virgilio Várzea, em 1900. O trabalho de escalar peixe nas cozinhas das casas era realizado principalmente pelas donas de casa e moças, que com muita destreza e alegria muitas vezes entravam madrugada a dentro na tarefa de abrir o peixe pelas costas, lanhar no sentido longitudinal, extrair a guelra, as ovas e a banha. O trabalho “só terminava quando o último peixe era escalado”.

Nota:

- A banha extraída depois era derretida e transformava-se num azeite que era utilizado nas lamparinas (NOPES, p. 139).

Saberes e Receitas

___Frita, ensopada, assada inteira e na folha de bananeira, escalada seca ou frescal, e até no feijão como gostam os pescadores. Escalada sobre a brasa perde grande quantidade de óleo e facilita a digestão.

___A prática dos saberes – coentro, salsinha, cominho, cebola, limão, alho ou apenas o sal. “Sal, sol e ventilação”. Dois três dias para alguns, poucas horas para outros, dependendo muito do resultado que se esperava. Varais repletos. Cuidado e atenção para que o "bicho varejo”, nos dizeres dos entrevistados, não contaminasse a carne.

___Na antiga Villa dos Pescadores, do Guaíba quase tudo se comia:

“O que caía na rede era peixe.”

___Peixe escalado que ia direto para o sal e sol. Acompanhado por salada, vinagrete, arroz, feijão e, inevitavelmente, o pirão. Pirão que não poderia faltar à mesa dos pescadores. Pirão d'água ou de nylon, pirão cozido, pirão de feijão; não importa, contanto que esteja disponível à mesa.

___Conforme antigo pescador:

“- Pega o peixe, escala ele, se quer pra comer no outro dia deixa ele tomar um sol, dois dias, um dia, sol não muito forte, mas um sol que esteja sol, chuva não dá. Aí estende ele, seca ele como quiser, depois de secá, faz. A gente põe muito sal por causa dos bichos. E o sal é pra mosca não posar também né, porque eu acho que além de conservar, serve pra mosca não posar, porque se ela bota um ovinho, aí vira um cheiro (…) O sal que enxuga. Salga a vontade, faz a vontade dele, Aí a gente guarda e faz o que quiser. Ele fica no varal, assim como roupa. A gente tem que dar um jeito nas moscas. É bom num lugar que tenha vento. Noutro dia nós escalemo uma aqui, botamo um saco de coisa por cima, abanava, mas ninguém mais faz porque não tem necessidade de fazer.”

Denominações

Seco – Seco é processado por um processo químico de cura chamado maturação em sal, semelhante ao processo de maturação de outros produtos maturados em sal, como o presunto de Parma.

Frescal – Se exposto pouco tempo ao sol, de uma a seis horas aproximadamente (dependendo do preparador), o peixe recebe a denominação de “frescal”, inclusive não sendo denominado “seco”. Faz-se com pouco sal e este não é retirado para o preparo final, ou seja, sem dessalga ou hidratação prévia.

Escalação – As formas de se escalar o peixe, diferem um pouco entre si, mesmo apresentando semelhante resultados finais: - Escalar é a coisa fácil, com cabeça e tudo, corta-se pelas costas, cortar pela barriga não presta (É possível se escalar pela barriga, mas pra assar na hora, para a venda não presta. O espinhaço sai melhor. Escalar o peixe e deixar a espinha.

___Conforme relato do pescador:

“- Para escalar, é o seguinte: - quando é com cabeça, abre ela, escala, porque muita gente faz e não vira a espinha. A gente já faz de acordo com aquele de “mil novecentos e antigamente” que nem minha mãe fazia né. Minha mãe trabalhava muito em cima disto aí, prestar serviço pra outras pessoas, que naquela época não tinha serviço. Então é assim, ó: fulano tinha peixe pra escalar. Então ela pegava, tinha bastante filho né. Então cada um faz uma parte. … era com escama, porque era peixe pra eles vender em armazém, então tinha que ser totalmente diferente de hoje. Pra conservar, bastante sal, daquele sal grosso, ela ficava num tipo de uma prensa, deixava escorrer, daí ficava lá, 3 dias no sol, no varal. Podia até pousar mosca, mas nunca que penetrava ovo ali por causa do sal, é muito sal. Complementa seu relato, ressaltando que a família toda se reunia para o trabalho, em uma verdadeira “linha de montagem”. Enquanto um limpava, o outro cortava, o seguinte se incumbia da salga. Minutos depois, estava pronto para ir ao sol. Cinco horas da manhã a gente já tinha que tá de pé pra começar o ciclo de um fazia, cortava as bardana, outro fazia isto, outro fazia aquilo, até chegar na minha mãe E eu fazia os fardinhos de 15kg pra vender na venda, na época era nas vendas. Já seco. Aquele era seco mesmo, não era frescal. Ele quase era “imprensado” né? Ele ficava dentro de uma caixa, escorria 2- 3 dias ali, depois botava no sol aí ele com 2 dias de sol, ele tava fininho, mas ele ficava bem amarelinho, aquilo ali só podia comer assim ó: o pessoal ferventava, desfiava e fazia ensopado. Ele é muito salgado. Não dava pra comer assim com arroz, só assado. Não. Ele tinha muito sal. Já o que a gente faz (...) É que nem o “bacalhau”, só que era um sal grosso né. A gente nem vê mais este tipo de sal praticamente. Mas antigamente se tinha bastante.”

___Novamente vê-se diferenciações entre os preparos:

“- O sal de preferência é sal grosso. Pra salgar peixe, botar na moura lá, salgar cação, salgar peixe, 2, 3 dias depois botar pra secar era com sal grosso. Antes fica no sal, depois fica no sol. Eles bota aquela água toda aquela salmora toda, ele fica bem sequinho. Tem que cuidar, bota meio dia de barriga pra cima, depois bota de barriga pra baixo, 3, 4 dias e aí já tá seco. Todo tipo de peixe que era maior, matava assim porque não tinha conservação se não fosse o sal.”

___Outro relato de preparo:

“- Os varais utilizados, ora para roupas, ora para os peixes, estavam constantemente lotados, eu usava uma faca boa, e o peixe escalado ele é cortado pelo dorso, ele tem um processo de cortar. Tu não vai salgar o peixe tu abrindo na frente, ou fazendo ele lanhado. Não, não. O escalado tu tira e pega assim pela parte de trás e vai indo, vai indo, escalando por trás entendeu? Aqui a gente esticava no sol tá? Aqui tinha espaços mais lá pra cima no campo ali, que eles tinham aqueles varais enormes e colocavam nos varais. Eu peguei muito peixe secando no varal né, e eu ficava pensando: - puxa, mas daqui a pouco eu vou botar a roupa aí, que nojo! Os peixe tudo pendurado no varal assim, como se fosse roupa. Nada que uma chuva não limpe. Eu achava estranho, mas não indagava muito não. Pra casa era no varal, mas se fosse pra comercializar, tinha um espaço pra pendurar o peixe ali. Só no sal. Sem tempero. Só sal e sol. Além de relatar o preparo do peixe, deixa clara sua contrariedade em relação ao presente. A forma de fazer era sempre a mesma.

- Eu fui na casa de uma senhora aí, ela criou os filho todo naquela vida dela, de escalar peixe, fazer ensopado. Hoje qual casa aí que faz ensopado de peixe? Muito pouco. Hoje faz o peixe ensopado na base do tempero. Só querem fazer o peixe na força do tempero.

- Ensopado, assado. Escala o peixe, um dia de sol, ela assada é uma beleza. Frescal né. Se pegar 3-4 dias de sol, só ensopado, porque o peixe quanto mais seco é ruim, tira muito o gosto. Na salmoura bota de manhã. O bom do peixe mesmo, é escalou, botou no sol. Você come qualquer hora, como lá na brasa, pegou o peixe Frescal, dois de sol. Você faz o fogo a lenha, aquilo dá que é uma beleza né. Tem um sabor que é uma beleza.”

___Pescado “abrótea”:

“- Todo o segredo está no manuseio da faca e compara o peixe ao “Bacalhau”: - Escalar um peixe é fácil fazer né. Coisa mais fácil que tem é escalar um peixe, eviscerar ele, pelas costas ou pela barriga, é todo manuseio da faca, do jeito da habilidade de trabalhar. Igual fazer um bife. Se me perguntar se eu sei matar um porco ou um boi, eu não sei, pra escalar e desmontar e desossar, eu não sei. Mas um pescador sabe escalar um peixe. Nas antiga era tradição fazer (...) Hoje mais ou menos a “abrótea” (Pintado), que é nosso “Bacalhau” daqui.”

Nota:

- No contexto culinário, "abrótea" é um peixe de carne branca e sabor suave, parente do “bacalhau”, muitas vezes chamado de "bacalhau brasileiro".

“Aí quando dá bastante, ainda tem gente que escala pra sustento dele mesmo, não pra comercializar. Não. Não. E o peixe no sal é saboroso né. Ah (...) No carvão, na grelha, à moda portuguesa (...) Depois que escala pode fazer assado na grelha, ensopado, cozido, até no feijão, é como “Bacalhau” você faz bolinho, bolinho de peixe escalado, ele fica uma delícia né. Peixe seco é muito saboroso.”

___O sujeito deixa sua receita para o Bagre: - Preferencialmente deve ser desfiado

“- Sabe escalar Bagre? Bagre é o seguinte: - corta a cabeça dele, aí abre pelas costas, ali tem um osso da cabeça que é o osso que fica aqui atrás da cabeça, quebra aqui com a machadinha, aí acaba, limpa, bota ele no sal, 5 dias no sal e bota no sol, tem que botar ele ali na caixa, couro com couro, não pode botar carne com couro. Tem que ser carne com carne, couro com couro, umas 48 horas. Tem que lavar. Desfia ele todinho. Bagre escalado tem uma solução só: - é escalar de manhã. Bagre escalado frito já não é bom, O Bagre assado de forno, já não é bom. O Bagre escalado é mais pra desfiar.”

___Outro relato pormenorizado tenta nos transportar ao passado para reviver as dificuldades de sua vida e cita o Bagre como um dos peixes de sua preferência, para escalar:

“- Eu vivi muitos anos, nós pescava o Bagre, tem vários tipos de bagre (...) Então nós pegava muito; aí meu pai pegava, levava naqueles balaio, levava no local onde a gente fazia, então lá as mulher se ajoelhavam e meu pai tirava a cabeça do Bagre, com esporão e tudo, e só colocava pro lado só o toquinho com a carne, e ali sem cabeça, ele abria, as mulheres abriam e faziam assim ó: em duas parte, então aquilo ali era colocado no sol, igual um varal de roupa. Ali (...) igual aquele varal de roupa que tem ali. Então a gente colocava muito sal, ele tinha que tá grosso de sal pra não pousar bicho, sal que eles compravam de saco de 60kg, não era grosso nem fino, era médio. Então ali a gente trabalhava 15 dias, 20 dias, secando aquilo ali no sol, tirava e colocava. Tirava e colocava. Todo dia tinha que tirar e colocar carne com carne, não podia botar couro com carne, tinha que botar carne com carne, noutro dia a gente já pegava a dupla né? - O peixinho que tava assim, o de cima e o de baixo, a gente abria e colocava nos varalzinho e ficava cuidando, ali na força do sol quente mesmo, pro sol secar. Então era um processo de 15 a 20 dias que meu pai levava pra secar 10 arroba, 8 arroba, 1 arroba tem 15kg, aí a gente secava tudo aí a gente botava no barco quando tava prontinho a gente fazia aquele feixezinho, assim (...) aqueles molhinhos, a gente amarrava com a imbira da bananeira ou um cipó, que não tinha corda, ou uma corda de manilha que ele usava lá, mas era cara, então pra não comprar, nós ia no mato tirava o cipó, meu pai preparava o cipó, ficava molinho e a gente amarrava. Complementa mencionando que seco poderia durar meses: - Depois de seco, ele dura cinco, seis meses. A força do sal era tanta que ele ficava tudo amarelinho e pra tirar este sal, tinha que ser cozido, aferventado na panela, tinha que botar água, botar ele ali dentro e tirando, tirando aquele sal, até sair o sal pra desfiar ele pra fazer um ensopado, um assado de brasa, as nossas mãe levava um bocado de tempo, não leva um dia só não, levava 2 dia tirando o sal daquele peixe.”

___Os diferentes relatos muitas vezes apresentam os mesmos resultados, o que é relativamente natural no meio.

Saberes e Fazeres

___A transmissão dos conhecimentos da preparação do “peixe seco” aos descendentes diretos ou indiretos, cada vez se torna mais impossível. Alguns ainda fazem, mas apenas para consumo familiar, já que não há mais a necessidade da comercialização e a geladeira contribui para a conservação. ___Conforme:

“- Esta geração moderna não quer nada disto né. Os filhos comem peixe, sabem cozinhar, quando querem né. Mas o peixe escalado eles não sabem fazer. Ninguém faz mais. Não faz porque não tá nem aí pra este tipo de coisa. Não quer aprender (...) não passei pros meus filhos, eles não querem saber. Não, não (...) eles não sabem nem o que é isto. A gente era mais obediente, a gente era criado assim pra fazer as coisa da casa, nós éramos criadas assim.” 

___Atualmente imaginamos que vão fazer só na hora que quiserem, no passado se fazia porque era obrigado a fazer.

 “- Todos tem filhos, netos, até bisnetos, que como dizem só comem pastel, uma coisinha (…), sanduíche (…) miojo (...)

- Isto é comida? Não!

- Fazer, ninguém quer. 

- Só querem comida pronta.”

___Igualmente a legislação vigente pouca ou nenhuma responsabilidade possui no que diz respeito a interrupção da transmissão dos saberes e fazeres desta tradição. A própria comunidade, não manifestou interesse algum em dar continuidade a esta prática, alegando dificuldades no preparo (por ser moroso e requerer um cuidado especial em relação aos insetos) e por ser atualmente desnecessário, já que se possui tecnologia para manutenção e conservação do pescado.

Poluição do Guaíba

___Os mais antigos dizem, após a poluição do Guaíba, a partir do final da década de 1960/70, com a queda vertiginosa do pescado e da pesca, as práticas e as técnicas artesanais foram abandonadas e não foi passado a mais ninguém.

Bacalhau da Villa

___Para a atual receita certa do Bacalhau da Villa, buscamos no passado:

“- Recomenda o vento Sul para a secagem do peixe ao sol, pois, é o melhor e afasta as moscas, tem que ser limpinha já sem escama, salgado, seco, não tão seco, meio frescal. Frescal fica duas horas no sol, com vento. Vento Sul é muito bom. Quanto mais vento mais forte e a temperatura mais baixa, melhor, porque aí não pousa mosca. Que tem todo este período: - se botar um peixe e começa a pousar mosca, e ela vem a botar os ovos ali, o peixe já tá condenado. Então a gente trabalha muito em cima disto aí: vento Sul é bom. Quanto mais vento, melhor. Hoje eu não faço mais isto. Eu como e faço pra mim, mas assim ó: em grande quantidade se precisarem, assim: - eu quero 500 kg de peixe escalado, eu não faço mais isto. Não faço porque não tenho mais o lugar específico pra secar o peixe. Antigamente eu tinha aqui em cima da peixaria, os cavaletes com varais, tudo direitinho né. Usava, por exemplo, acordava 6 horas da manhã, botava o peixe, 10h tava tirando. Não tinha problema, era só tirar o peixe dali e embalar e botar na “câmera”. Porque a “câmera” seca também, a friagem seca ela. Ela fica até mais bonita, ela dá uma coloração “meio amarelinha”. Ela fica boa.

- Em época, não dormia de noite, nem eu, nem minha mulher, nem meus irmão. Tudo trabalhando. Quando não dava temperatura muito alta, vamos fazer tudo de noite. De dia a gente bota só escorrer e já guarda na “câmera”.”

___O peixe seco era consumido, principalmente, durante o “Inverno”, ou período da seca, quando a pesca era mais difícil.

Jeito de fazer:

1. Abertura e limpeza:

- O peixe era aberto pelo lombo, retirando as vísceras e limpando-o cuidadosamente.

2. Salgamento:

- O peixe era coberto com sal grosso, que ajudava na conservação e na retirada da umidade.

3. Secagem:

- O peixe era exposto ao sol, geralmente em varais ou redes suspensas, até que estivesse seco o suficiente para ser armazenado.

4. Armazenamento:

- Após a secagem, o peixe era guardado em local seco e arejado.

Conservação:

- O método permitia que o peixe fosse conservado por mais tempo, especialmente em épocas de abundância de pesca.

Tradição:

- O peixe seco era uma parte importante da culinária e da cultura de Porto Alegre, transmitida de geração em geração.

Recurso:

- Era um alimento importante para comunidades costeiras fluviais e marítimas, especialmente durante períodos de escassez ou quando o acesso ao pescado fresco era limitado.

___O peixe seco ao sol é uma tradição que ainda pode ser encontrada em algumas regiões, mas com o avanço da tecnologia, à refrigeração se tornou mais comum.

___Conforme relato:

“- Um dia nós tava naquela correria, correria, e bota peixe e tem que ficar só um pouquinho. Não tinha mais espaço aqui, eu fiz um varal de corda, aí botamos uns 50 peixes. Daqui a pouco deu uma rajada de vento, que daqui a pouco nós olhamos: tudo no chão! E eu tinha aparado a grama todinha, tá, e assim (…) e não deu tempo de ciscar, o peixe bateu tudo em cima daquela grama, mas (...) ficou temperado. Meu Deus do céu, era um fazendo uma coisa, outro fazendo outra, até nós pará. E nós ficamos uma hora e meia tirando, lavando, limpando, bota mais um sal. De tu olhar um pra cara do outro e dizer “eu não mereço”. Não podia botar embaixo da torneira, senão tu tirava o primeiro sal dela né. Então tu tinha mais é que dar só uma lavadinha, tirar o grosso, e limpar a carne bem limpinha, botar mais um salzinho de novo e voltar (...) Temperada foi. E comeram Muito!”

Industria Pesqueira

___Também vê-se que o modo de produção industrial que se dirigiu ao Sul, para a cidade de Rio Grande, foi decisivo para transformar o desenvolvimento urbano em Porto Alegre, inclusive, algumas tradições, gerando uma mudança de valores. Esta transmutação é um marco entre a separação do trabalho e do não trabalho, tendo o fator tempo como principal motivo para sua ascensão.

Herança

___O “Bacalhau da Villa”, apenas alguns, menos que dois, ainda sabem preparar esta iguaria, que hoje utilizando-se da gaiola para impedir a infestação de insetos. Percebemos a intenção e necessidade de preservação desta memória.

___O peixe seco ao sol e vento faz parte da história da antiga Villa dos Pescadores, mas a prática como no passado, seria ilegal e necessário adequar a legislação atual para produtos artesanais.

___A importância de manter viva uma prática que transcende gerações, ensinando não só sobre culinária, mas sobre história, sustentabilidade e a valorização de métodos tradicionais em um Mundo moderno.

História no Rio Grande

Charque de Peixe

___Pouco conhecido entre os gaúchos, o “charque de peixe” era produzido com o

Bagre, principal pescado a ser salgado e colocado para secar ao sol.

Como o charque de gado, o peixe também era salgado e exposto ao sol

Revista do Globo, reprodução

Charqueada

___Todo o Gaúcho sabe da importância que a indústria “saladeira” representou, especialmente, no século XIX, para o desenvolvimento do Rio Grande do Sul.

Em 1820, Pelotas tinha 22 charqueadas e, em 1873, eram 38. A abolição da escravatura (1888) e a chegada da refrigeração, no início do século XX, foram as principais causas do encerramento do ciclo do charque.

Em 1918, naquela cidade do sul riograndense, havia apenas cinco estabelecimentos produtores de carne salgada.

Charque de Peixe

___O que pouca gente sabe (eu, pelo menos, não sabia) é que o Estado também produziu, embora em pequena escala, “peixe seco”, que, segundo a matéria, em sua maioria, era destinado aos Estados do Norte. Provavelmente, pela abundância da carne de gado, os gaúchos nunca foram grandes consumidores de pescado. O repórter afirma que “o aproveitamento que fazemos do nosso peixe é ridículo. Temos infinitas possibilidades e, no entanto, não nos mexemos. Cruzamos os braços. Contentamo-nos com Sardinhas enlatadas(...)”.

___Então, o tipo de peixe mais abundante, pelo menos em determinada época, era o Bagre e, portanto, era ele o utilizado para a elaboração do “charque de peixe”, o chamado “peixe seco”. A indústria, se é que dá para chamar assim, processava o resultado da pesca no Guaíba e na Lagoa dos Patos (Tapes, Barra do Ribeiro, Itapuã e Ilha da Pintada) de maneira totalmente rudimentar. Não possuía instalações, tudo era feito ao ar livre. Um toldo, um cepo, machadinhas, sal e, assim, 20 toneladas de Bagre eram salgadas e encaixotadas entre os meses de dezembro e fevereiro.

___Além da carne, também era aproveitado o óleo, utilizado para amaciar o couro em curtumes ou para uso veterinário em medicamentos. As espinhas eram destinadas à fabricação de adubo. Como a atividade era sazonal, para os trabalhadores era uma espécie de bico. Podemos dizer, ainda, que, embora a indústria alimentícia fosse de grandes possibilidades, a pesca e salga do nosso Bagre se realizava em condições bastante precárias.

___O jornalista conclui dizendo que “o conhecido Bagre substitui entre nós, de maneira passável, o hoje inacessível “Bacalhau” português ou escandinavo”.

___Era consumido, principalmente, durante o “Inverno”, ou período da seca, quando a pesca era mais difícil, para ser levado em viagens ou caçadas.

Conforme Ricardo Chaves (GHZ) 05/08/2019

Conhecendo o Bacalhau

Stockfish

___O bacalhau seco é um peixe sem sal, especialmente o bacalhau, seco ao ar frio e ao vento em grades de madeira na orla costeira. As grades de secagem são conhecidas como flocos de peixe. O bacalhau é o peixe mais comum usado na produção de bacalhau seco, embora outros peixes brancos, como o pollock, o haddock, a linguiça e o cusk, também sejam usados.

Bacalhau

___Ao longo dos séculos, várias variantes de peixe seco evoluíram. O bacalhau, seco como peixe fresco e não salgado, é frequentemente confundido com o bacalhau, onde o peixe é salgado antes da secagem. Após 2 a 3 semanas no sal, o peixe amadureceu e é transformado de peixe salgado úmido em bacalhau por meio de um processo de secagem. O peixe salgado era anteriormente seco em rochas (clipes) na costa. O método de produção do bacalhau (ou bacalhau em português) foi desenvolvido pelos portugueses que primeiro extraíram sal perto das águas salobras de Aveiro e o trouxeram para a Terra Nova, onde o bacalhau estava disponível em grandes quantidades. A salga não era economicamente viável até o século XVII, quando o sal barato do sul da Europa se tornou disponível para as nações marítimas do norte da Europa.

___O bacalhau seco é curado por um processo chamado fermentação, no qual bactérias adaptadas ao frio o maturam, semelhante ao processo de maturação do queijo.

___Palavra portuguesa para bacalhau e, num contexto culinário, refere-se ao bacalhau seco e salgado. O bacalhau fresco (sem sal) é conhecido como bacalhau fresco. Os pratos de bacalhau são comuns em Portugal e na Galiza, no noroeste da Espanha, e em menor grau nas antigas colônias portuguesas como Angola, Macau e Brasil. Dizem que existem mais de 1.000 receitas só em Portugal e pode ser considerado o ingrediente icônico da culinária portuguesa (mas curiosamente o único peixe que não é consumido fresco nesta nação amante de peixe).

___É frequentemente cozinhado em ocasiões sociais e é o jantar de Natal tradicional português em algumas partes de Portugal.

Outros Peixes Secos

•             Ikan asin cabe ijo, peixe seco salgado servido com pimenta verde, um prato indonésio

•             Keumamah, peixe seco tradicional de Aceh Peixe seco e polvo em Aceh, Indonésia

•             A cavala (Sukho Bangdo em concani) é seca em Goa desde os tempos antigos. Se bem conservada, pode durar muitos anos. Camarão e tubarão também são secos em Goa.

•             Bacalhau (em veneziano: bacalà) é um bacalhau seco ao sol, em vez de bacalhau salgado. Em outras partes da Itália, pratos feitos com bacalhau salgado recebem o mesmo nome. Pratos de bacalhau feitos com bacalhau são deixados de molho por vários dias para amolecer o peixe. O bacalhau, que já está macio, também é deixado de molho para remover o excesso de sal.

•             Balyk é o termo russo para as partes macias salgadas e secas de peixes de espécies grandes e valiosas, como o esturjão ou o salmão. Com o tempo, o termo passou a ser aplicado também a peixes defumados dessas espécies.

•             Boknafisk é uma variante do bacalhau seco, um peixe sem sal parcialmente seco ao sol e ao vento em flocos ou em uma parede. O peixe mais comum usado para boknafisk é o bacalhau, mas outros tipos de peixe também podem ser usados. Se for usado arenque, o prato é chamado de boknasild.

Nota:

- Bugeo se refere ao pollock seco.

•             Daing (também conhecido como bulad ou tuyô) refere-se a peixe seco ao sol nas Filipinas. Quase qualquer tipo de peixe é usado, mas a variante mais popular usa peixe-coelho (conhecido localmente como danggit). Chocos e lulas também podem ser secos dessa maneira. A quantidade de secagem pode variar. Na variante labtingaw, o período de secagem dura apenas algumas horas, permitindo que o peixe retenha alguma umidade e textura. Na variante lamayo, o peixe não é seco, mas simplesmente marinado em vinagre, alho e especiarias.

•             Fesikh é um prato de peixe tradicional egípcio que consiste em tainha cinzenta fermentada, salgada e seca, da família mugil, um peixe de água salgada que vive tanto no Mediterrâneo quanto no Mar Vermelho. O processo tradicional de preparação é secar o peixe ao sol antes de conservá-lo em sal.

•             Gwamegi é um arenque do Pacífico meio seco coreano ou saury do Pacífico feito durante o inverno. É consumido principalmente na região da província de Gyeongsang do Norte, como Pohang, Uljin e Yeongdeok, onde uma grande quantidade de peixes é colhida. O porto de Guryongpo em Pohang é o mais famoso. O arenque ou saury fresco é congelado a (-10) graus Celsius e colocado ao ar livre em dezembro para repetir o congelamento à noite e o descongelamento durante o dia. O processo continua até que o conteúdo de água do peixe caia para aproximadamente 40%.

•             Hákarl é um alimento islandês que consiste em um tubarão adormecido que foi fermentado e seco por quatro ou cinco meses.

•             Harðfiskur é o termo islandês para peixe seco (stockfish), uma iguaria islandesa (comido puro ou geralmente com manteiga). Um tipo de peixe seco ao vento, chamado skreið, também seco, mas com a cabeça, não é mais consumido domesticamente nos tempos modernos, sendo vendido principalmente para a Nigéria, onde é usado em sopas.

•             Hwangtae se refere ao pollock do Alasca seco no inverno, passando por um ciclo de congelamento e degelo.

•             Ikan asin é um peixe seco e salgado. É um prato indonésio frequentemente servido acompanhado de arroz cozido no vapor e pasta de pimenta sambal.

•             Jwipo é um tipo de carne seca de peixe coreana feita pela prensagem, secagem e tempero de peixe-lima.

•             Katsuobushi é o nome japonês para atum bonito seco, fermentado e defumado, às vezes chamado de bonito.

Um arenque defumado é um arenque inteiro, um peixe pequeno e oleoso, que foi aberto da cauda à cabeça, eviscerado, salgado ou em conserva e defumado a frio.

•             Kodari se refere ao pollock jovem do Alasca meio seco.

•             Kusaya é um peixe salgado, seco e fermentado ao estilo japonês. Possui um cheiro pungente, semelhante ao do arenque sueco fermentado chamado surströmming.

O peixe das Maldivas é o atum curado produzido tradicionalmente nas Maldivas. É um alimento básico da culinária maldiva, assim como da culinária cingalesa

•             Mojama (Espanha) consiste em filés de atum curado em sal. A palavra mojama vem do árabe musama (seco), mas suas origens são fenícias, especificamente de Gdr (Gadir, hoje Cádiz), o primeiro assentamento fenício no Mar Mediterrâneo Ocidental. Os fenícios aprenderam a secar o atum em sal marinho para que pudessem comercializá-lo. O mojama é feito curando o atum em sal por dois dias. O sal é então removido, o atum é lavado e então colocado para secar ao sol e à brisa (de acordo com o método tradicional) por quinze a vinte dias.

•             Niboshi é o nome japonês para sardinhas secas pequenas, consumidas como lanche e usadas para fazer caldo de sopa. Também são consumidas na Coreia.

Nota:

- Nogari é o nome dado ao pollock jovem e seco.

•             Obambo é tilápia seca, preparada cortando o peixe e secando-o ao sol por vários dias. É popular entre as tribos Luo e Luhya, que vivem ao longo das margens do Lago Vitória, no Quênia. Tradicionalmente, a pesca era estritamente proibida durante as estações chuvosas, e as pessoas dependiam do obambo capturado mais cedo e preservado.

•             Karuvadu é um peixe seco, preparado por meio da secagem ao sol por vários dias. Este procedimento é tradicionalmente visto na costa de Tamil Nadu, na Índia. Diversas espécies de peixes são secas ao sol e o tempo de armazenamento desses peixes secos varia de vários meses a anos, dependendo da espécie.

•             Tatami Iwashi é um produto alimentício japonês processado feito de sardinhas pequenas dispostas e secas, entrelaçadas em uma única camada, formando uma grande camada semelhante a um tapete. Normalmente, isso é feito secando-as ao sol em uma estrutura de bambu, um processo que evoca a fabricação do papel tradicional japonês.

•             Bokkoms é uma tainha inteira, salgada e seca, uma iguaria famosa da região da Costa Oeste da África do Sul. Este peixe salgado é seco ao sol e ao vento e consumido após ser descascado. Em alguns casos, também é defumado.

Técnicas

___A atividade de água, em um peixe é definida como a razão entre a pressão de vapor de água na carne do peixe e a pressão de vapor da água pura na mesma temperatura e pressão.

___Ela varia entre 0 e 1 e é um parâmetro que mede a disponibilidade de água na carne do peixe. A água disponível é necessária para as reações microbianas e enzimáticas envolvidas na deterioração. Existem várias técnicas que foram ou são usadas para reter a água disponível ou removê-la reduzindo-a. Tradicionalmente, técnicas como secagem, salga e defumação têm sido usadas há milhares de anos. Essas técnicas podem ser muito simples, por exemplo, usando a secagem solar. Em tempos mais recentes, foram adicionados liofilização, umectantes de ligação de água e equipamentos totalmente automatizados com controle de temperatura e umidade. Muitas vezes, uma combinação dessas técnicas é usada.

História do Bacalhau

___O bacalhau é produzido há pelo menos 500 anos, desde a época das descobertas europeias no Novo Mundo. Antes da refrigeração, havia a necessidade de conservar o bacalhau; a secagem e a salga são técnicas ancestrais para preservar os nutrientes, e o processo torna o bacalhau mais saboroso.

___Os portugueses tentaram usar esse método de secagem e salga em diversas variedades de peixes de suas águas, mas o peixe ideal vinha de muito mais ao Norte. Com a "descoberta" da Terra Nova em 1497, muito depois de os baleeiros bascos chegarem ao Canal da Mancha - Port aux Basques, eles começaram a pescar em seus Grandes Bancos, ricos em bacalhau. Assim, o bacalhau tornou-se um alimento básico da culinária portuguesa, apelidado de “Fiel amigo”.

___A partir do século XVIII, a cidade de Kristiansund, na Noruega, tornou-se um importante local de compra de bacalhau ou klippfisk (literalmente "peixe de penhasco", já que o peixe era seco em penhascos de pedra à beira-mar para começar).

___Desde que o método foi introduzido pelo holandês Jappe Ippes por volta de 1690, a cidade produziu klippfisk e, quando os comerciantes espanhóis chegaram, tornou-se uma grande indústria.

___Diz-se que o prato de bacalhau ou “bacalao” é originário de Kristiansund, onde foi introduzido pelos compradores de peixe espanhóis e portugueses e se tornou muito popular. ___O bacalhau era um alimento comum no noroeste da Noruega até hoje, pois era barato de fazer. Nos últimos anos, tornou-se menos um alimento básico do dia a dia e mais consumido em ocasiões especiais.

___Este prato também era popular em Portugal e em outros países católicos romanos, devido aos muitos dias (sextas-feiras, quaresma e outros festivais) em que a Igreja proibia o consumo de carne. Pratos de bacalhau eram consumidos em seu lugar. 

Referencias:

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Blog LEAL E VALEROSA, O MAIOR PRESENTE

INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA (IBGE)

MUSEU DO PEIXE SECO DA NAZARÉ. Disponível em:

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