Villa Guayba Inserida na História
Século XIX.
1800
Em 06 de outubro de 1802, em Porto Alegre os camaristas (vereadores) resolveram determinar ao Procurador que mandasse “fazer a ponte da Azenha à custa de todos os moradores que transitam pela dita ponte”, destruída em uma enchente, dificultando a circulação de pessoas e cargas para o sul da Freguesia.
Em 14 de fevereiro de 1803, começa a funcionar a Junta da Fazenda Real.
Em de 19 de outubro de 1803, em Porto Alegre, é lavrada a Ata de Fundação da Santa Casa de Misericórdia, nos altos do espigão, fora do núcleo urbano.
Em 1804, em Porto Alegre, o sargento-mor Domingos Marques Fernandes, em um documento enviado ao Reino, faz um relato das ruas existentes na época, em apenas sete havia edificações:
- Três paralelas à margem do Guaíba: e quatro transversais:
Rua da Praia (dos Andradas),
Rua da Ponte (Riachuelo) e
Rua Formosa ou da Igreja (Duque de Caxias),
- As transversais de leste para oeste, eram quatro transversais:
Rua de Bragança (Marechal Floriano),
Rua do Ouvidor (General Câmara),
Rua Clara (General João Manoel) e
Rua do Arroio (General Bento Martins, na época chamada ironicamente de Rua dos Pecados Mortais, ou Rua das Virtudes).
- Os becos existentes na época:
Beco do Vieira (virou Rua Bela e depois General Portinho),
Beco dos Ferreiros (Uruguai),
Travessa do Poço ou Beco do Poço (absorvido mais tarde pela Borges de Medeiros), Rua do Poço (Jerônimo Coelho),
Rua Nova (Andrade Neves),
Arco da Velha (mais tarde Beco da Prisão, depois General Vitorino),
Beco do Fanha (Caldas Junior),
Beco do Brito (Travessa Acelino de Carvalho),
Beco dos Guaranis (General Vasco Alves),
Beco Pedro Mandinga (General Canabarro),
Beco do Leite e Beco do Trem (que não mais existem), nestas ruas se concentrava a vida urbana de Porto Alegre.
- Eram ruas aos fundos dos Altos da Praia ou da Matriz (Praça Marechal Deodoro), como:
Rua do Arvoredo (Fernando Machado),
Rua da Prainha (Washington Luis).
A Rua da Prainha marcava o litoral sul e a foz do Riacho (Arroio Dilúvio), e era caminho de tropas de gado, um lugar muito sujo, despejo de imundices e fezes dos quartéis e da cadeia.
Em 1804, em Porto Alegre, por provisão do governador Paulo José da Silva Gama a aula particular do Padre Mestre de Santa Bárbara é transformada em aula pública.
Em 1804, em Porto Alegre, a Alfândega se instala inicialmente em prédio alugado, depois em prédio na Praça da Quitanda (Alfândega, Senador Florêncio e Alfândega novamente), a beira rio.
A implantação desse serviço no coração de Porto Alegre acelerou sua urbanização e principalmente da região central.
Em 1806, em Porto Alegre, é aberto o Caminho Novo (Voluntários da Pátria), que é urbanizado pelo governador Dom Diogo de Souza ao longo dos 4 quilômetros, o caminho saia do Largo do Paraizo (Praça Conde D’Eu, Praça XV) e ia até próximo a Várzea do Gravataí, margeando o Delta.
No começo do Caminho num local freqüentado por lavadeiras e aguadeiros, abriu-se o Porto Pelado e se construiu o estaleiro de Joaquim José de Azevedo nas imediações da atual Praça Rui Barbosa, bem mais adiante no futuro arraial dos Navegantes, carretas começavam a trafegar, ditando a área comercial e industrial que iria se transformar.
Em 02 de fevereiro de 1807, em Porto Alegre, é colocada a pedra fundamental da Igreja de Nossa Senhora das Dores, a “mais antiga da cidade”, em pé, seis anos depois do começo das obras, a capela-mor já permitia a celebração de missas.
Construída nos estilos barroco e rococó, conta com três esculturas em sua fachada, que representam a Esperança, a Caridade e a Fé, com a primeira entrada pela Rua Riachuelo.
Seu interior abriga sete imagens, de 1871, representando os passos da Paixão de Cristo. Abriga duas imagens de Nossa Senhora das Dores, uma de 1820, com rosto de porcelana, e outra da segunda metade do século XVII, com espada e diadema de prata e as esculturas de São Francisco Xavier, vinda da Itália, e a do Sagrado Coração de Maria, da Espanha.
Em 1873, foi concluída a grande escadaria frontal, a partir da Rua da Praia, que permitiu a entrada na igreja por esta via.
Em 1900, a torre do lado oeste foi inaugurada, em 1901, a do lado leste.
A obra foi concluída em 1904, demorou 97 anos para ser terminada.
Tombada como Patrimônio Histórico em julho de 1938.
Em 1808, a população de Porto Alegre quase que duplicou para 6.000 habitantes, com 1.200 casas, das quais 57 comerciais.
Em 08 de março de 1808, na luminosa manhã, no Brasil, Rio de Janeiro, chegava a Família Real Portuguesa na capital da Colônia, desde a madrugada a multidão já se aglomerava no cais do Largo do Paço, fitando a esquadra fundeada na baía da Guanabara desde a madrugada, sob a escolta de 4 navios de guerra britânicos, e muita bagagem, todo o tesouro e a biblioteca real, entre outras.
O desembarque ocorreu as 11 h, a procissão Real seguiu por ruas cobertas de areias branca, juncadas com folhas de mangueira e canela, por entre as filas da soldadesca perfilada, diante das casas enfeitadas de panos coloridos.
Teria dito a Princesa Carlota Joaquina, ao ver o estado de abandono do Rio de Janeiro:
“Que horror. Antes Luanda, Moçambique ou Timor”.
Em de 23 de agosto de 1808, no Brasil, Rio de Janeiro, em Ato do Governo Real, transforma a Freguesia em Villa de Nossa Senhora Madre de Deus de Porto Alegre. Mas ninguém deu importância, todos já se referiam a Freguesia (Paróquia) como Villa.
Em 07 de outubro de 1809, em Porto Alegre, a elevação da Freguesia a Villa, foi determinada também pela divisão política, sendo preciso fazer uma nova Provisão Real (o decreto da época), formalizando a Real Resolução de 27 de abril de 1809, proposto pelo governador Paulo José da Silva Gama ao Príncipe Regente de Portugal em carta de 04 de dezembro de 1803, na primeira divisão da recém denominada Capitania Geral de São Pedro.
A Provisão Real criou quatro municípios, instalados pelo governador D. Diogo de Souza em 1810 e 1811:
- Porto Alegre,
- Rio Pardo,
- Rio Grande e
- Santo Antônio da Patrulha.
- A área do antigo município de Porto Alegre se estendia de Camaquã até a atual Caxias do Sul, desmembraram-se mais de 80 dos atuais municípios gaúchos, até 1889, 13 municípios e até 1967, 57 municípios tinham se desmembrado da sede.
Porto Alegre ficou atualmente (2011) como um dos menores municípios do Estado, com 522 km2.
Em 27 de abril de 1809, o governo Português instalado no Rio de Janeiro, agora capital do Reino, eleva Porto Alegre à categoria de Villa.
Em 07 de outubro de 1809, na primeira divisão da recém denominada Capitania Geral de São Pedro, a Provisão Real criou quatro municípios, instalados em 1810 e 1811: Porto Alegre, Rio Pardo, Rio Grande e Santo Antônio da Patrulha.
A área do antigo município de Porto Alegre se estendia até Caxias do Sul, desmembraram-se mais de 80 dos atuais municípios gaúchos.
1810
Em 14 de novembro de 1810, como tudo em Porto Alegre, foi feito as pressas por ofício a Câmara do novo ouvidor e corregedor Dr. Antonio Monteiro Rocha, ordenando que prontificasse o pelourinho para as cerimônias, e que fosse de pedra (nos tempos do Império, a freguesia precisava ter um pelourinho para ser elevada a Villa (cidade), o pelourinho era uma coluna colocada em praça pública onde se expunham e castigavam os infratores, e assim foi feito pelo pedreiro Jacinto José, a obra em frente à igreja das Dores, em plena Rua da Praia.
A elevação de “Villa” foi à definição da divisão política do município.
Isabelle, Arsène, descreve o nosso pelourinho em 1833:
“Cada dia, das sete às oito horas da manhã, pode-se assistir, em Porto Alegre, a um drama sangrento. Ponto de reunião – a praia, ao lado do Arsenal; de fronte de uma igreja (das Dores), diante do instrumento de suplício de um divino legislador; vereis uma coluna erguida num maciço de alvenaria e ao pé... uma massa informe, alguma coisa certamente pertencente ao reino animal, mas que não podeis classificar entre bímanos e bípedes... é um negro!...
Passai, retirai-vos dessa cena de desolação; o infortunado tem apenas membros mutilados, que mal se conhecem, sob os farrapos ensangüentados de sua pele murcha.”
- O Pelourinho, era o símbolo da autonomia municipal, era uma coluna, geralmente de pedra encimada com a coroa real, erguida em frente ao local chamado “Paço Municipal ou Paço do Conselho”. Nessa coluna colocavam-se os editais com a decisão da Câmara, chamadas “posturas”.
Nela também eram amarrados os escravos condenados a castigos corporais. A ereção do pelourinho representava assim, um grande acontecimento na vida da povoação.
Em 11 de dezembro de 1810, em Porto Alegre, formalizava a instalação oficial da Villa de Porto Alegre, a partir de agora tudo se transformará até a Independência e então como cidade.
Conforme Provisão Real do Príncipe Regente D. João, na Corte no Rio de Janeiro:
“Ano do nascimento de Nosso Senhor Jesus Cristo de mil oitocentos e dez anos, aos onze dias do mês de dezembro do dito ano, nesta nova Villa de Nossa Senhora da Madre de Deus de Porto Alegre, Capitania de São Pedro do Sul onde foi vindo o Doutor Ouvidor-Geral, e Corregedor desta Comarca Antônio Monteiro da Rocha em conseqüência da provisão supra registrada de sete de outubro de mil oitocentos e nove, e sendo ai por ele Ministro foram convocados todas as pessoas da nobreza e povo, e estando todos presentes se levantou o pelourinho em que estava todas as insígnias da Jurisdição Real. A cujo ato se alternaram por três vezes as palavras – Viva o Príncipe Regente Nosso Senhor, e levando assim com esta solenidade o dito pelourinho houve o mesmo Ministro por formada esta Villa. Eu Guilherme Ferreira de Abreu, escrivão da Ouvidoria e Correição da Câmara que escrevi e assinei.”
- O período de transição de “Villa para Cidade” (1810-1820) se caracterizou pelo embelezamento e melhoria das ruas e casas. Com o crescimento do comércio, as camadas mais abastadas da população começaram a investir em construções e reformas.
Abriram-se algumas ruas, pavimentaram-se outras, mas os prédios conservavam a aparência rústica.
A Fidalguia na Rua da Igreja
A elite de Porto Alegre começa a dar importância à aparência externa, construindo sobrados e até solares luxuosos.
As mais importantes figuras construíam suas residências na Rua da Igreja (Duque de Caxias), que compreendia a rua na parte do Largo da Matriz (Praça Deodoro) até o Largo da Caridade (Praça D. Feliciano), o primeiro lugar nobre de Porto Alegre, que perdurou por muito tempo.
Conforme Isabelle, Arsène:
“... a Rua da Praia e da Igreja (Duque de Caxias), são interessantes pelo grande número de lindas casas que possuem.
A outra no auto da colina; encontram-se nela a casa do governador da Província, a tesouraria, a igreja principal, edifícios todos de extrema simplicidade.
É também o ponto de reunião do belo sexo nos dias de festas civis ou religiosas; vai-se gozar da frescura de uma boa noite e de paisagem encantadora ...”
Em 1811, em Porto Alegre, abateu-se sobre a lavoura de Trigo (principal cultura) a praga da ferrugem e a produção da Capitania caiu para 180 mil alqueires, em relação aos 460 mil alqueires do ano anterior. A lavoura de trigo não se recuperou.
A abertura dos portos em 1808, também foi decisiva para enfraquecer o plantio, pois liberou a importação de trigo dos Estados Unidos e da Inglaterra.
- O trigo não voltaria a florescer, a incipiente indústria naval suplantou as limitações artesanais e a cidade de Porto Alegre veria nascer 5 estaleiros.
Em 1815, em Porto Alegre, tinha início à construção da Capela Nosso Senhor dos Passos, que se arrastaria por 12 anos, junto ao prédio da Santa Casa de Misericórdia, no Largo da Caridade.
Em 1816, em Porto Alegre, com a criação da Junta de Justiça, foi instalada na Villa a Forca no lugar que ficou conhecido como Largo da Forca (Praça da Harmonia), atual Praça Brigadeiro Sampaio.
Em 03 de outubro de 1817, em Porto Alegre, é colocada a pedra fundamental da Igreja do Rosário, erguida pelos escravos através da Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, na qual os negros eram maioria, entidade fundada em 1786.
Em 1818, em Porto Alegre, é construído na Rua da Igreja (Duque de Caxias) o mais antigo prédio residencial ainda em pé, o Solar dos Câmara, em estilo colonial português, tem 1.290 metros quadrados, sendo reformado posteriormente passando a ter estilo neoclássico, mandado construir pelo desembargador José Feliciano Fernandes Pinheiro, mais tarde visconde de São Leopoldo, primeiro governador da Província do Rio Grande de São Pedro.
É o mais antigo prédio residencial da cidade. Conserva vestígios de senzalas no porão. Tombado pelo Patrimônio Histórico em 1963, o prédio foi restaurado entre 1981 e 1993. Atualmente pertence à Assembléia Legislativa que o transformou em Centro de Documentação da História Política do Rio Grande do Sul.
1820
Em 1820, em Porto Alegre, o primeiro prédio próprio da Alfândega foi erguido, na Praça da Quitanda (atual Alfândega) a beira rio.
- Nesta época, quase todos os terrenos urbanos de Porto Alegre da área da península estavam pelo menos requeridos, restavam algumas poucas terras devolutas nas margens dos rios.
- Na Rua da Praia, conforme Saint Hilaire:
“A Rua da Praia, a única comercial, é extremamente movimentada. Nela se encontram numerosas pessoas a pé e a cavalo, marinheiros e muitos negros, carregando fardos. É provida de lojas muito bem instaladas, de vendas bem sortidas e de oficinas de várias profissões. Quase a igual distância desta rua há um grande cais que avança para a lagoa, e a qual se tem acesso por uma ponte de madeira.”
- Sobre a Santa Casa o naturalista Saint-Hilaire, registrou sua observação:
- Fora da cidade, sobre um dos pontos mais elevados da colina onde ela se acha construída, iniciou-se a construção de um hospital, cujas proporções são tão grandes, que provavelmente não seja terminado tão cedo; mas a sua posição foi escolhida com rara felicidade, porque é bem arejado, bastante afastado da cidade, para evitar contágios; ao mesmo tempo, muito próprio para que os doentes fiquem ao alcance do socorro de qualquer espécie.
- Com a paz nos campos, depois de períodos de lutas na Região do Prata, a elite havia tirado proveito do fato de Porto Alegre ter sido ponto de abastecimento das tropas. Muita gente enriqueceu ou aumentou a fortuna, e isso se refletiu na aparência e status da Villa.
- A população de Porto Alegre chega a 12.000 habitantes.
Era o período final da hegemonia do comércio de trigo, houve uma queda na produção, em 1820 a Província exportou 100.000 alqueires, em 1822 foi obrigada a importar 30.000 alqueires de trigo. Por vários motivos principalmente a concorrência externa, as plantações são trocadas pela criação de gado, com o produto charque, o eixo econômico se desloca para o sul da Província (Rio Grande e Pelotas), Porto Alegre estagna até o fim da Guerra Farroupilha.
Em 27 de julho de 1820, em Porto Alegre, Saint Hilaire disse o seguinte:
“Do pouco que disse a respeito da posição de Porto Alegre se depreende quão agradável ela é. Já não estamos na zona tórrida com sítios majestosos e desertos monótonos. Aqui lembramos o sul da Europa e tudo quanto ele tem de mais encantador. Surpreendeu-me o movimento desta cidade, bem como o grande número de edifícios de dois andares e a grande quantidade de brancos aqui existentes. (...) Percebe-se logo que Porto Alegre é uma Cidade muito Nova. Todas as casas são novas e muitas estão em construção.”
“Mas depois do Rio de Janeiro não vi cidade tão suja, talvez mesmo mais suja que a metrópole.”
Segundo o naturalista este problema de lixo era ocasionado pela ausência de quintais na maioria das casas, o que gerava o grave inconveniente de seus ocupantes “... atirarem à rua todo o lixo, tornando-as imundas”.
Os locais mais visados para essa deposição desenfreada de lixo eram as “... encruzilhadas, os terrenos baldios e, principalmente, as margens da lagoa (Guaíba)”.
Em 1821, é realizada em Porto Alegre a execução por enforcamento de um condenado no Largo da Forca (Praça da Harmonia), junto ao Arsenal de Guerra, esta forca não estava montada, era confeccionada pela situação.
O primeiro executado foi, um tal “preto Joaquim”, por ter matado sua “Ama” .
Foram enforcados em Porto Alegre 22 homens na Praça da Forca, sendo 16 negros escravos, a maioria dos crimes eram de ofensa.
Império
Primeiro Reinado (1821-1831)
Em 07 de setembro de 1822, no Brasil, em São Paulo, o príncipe Regente D. Pedro declara a Independência do Brasil.
- Na Villa de Porto Alegre a Independência do Brasil é comemorada, a população sai pelas ruas e largos aos gritos de:
“Vivas ao Brasil,
ao Império e
ao Príncipe Dom Pedro”.
Em 14 de novembro de 1822, com a Independência do Brasil, através de Carta Imperial, a Villa de Porto Alegre é elevada a Cidade e Capital da Província do Rio Grande de São Pedro, dentro dos novos termos do Império do Brasil.
Em 08 de março de 1824, em Porto Alegre, o desembargador José Feliciano Fernandes Pinheiro, o futuro “visconde de São Leopoldo” se torna o primeiro governador da Província do Rio Grande de São Pedro.
Em 24 de junho de 1824, em Porto Alegre, no trapiche da Praça da Quitanda (Praça da Alfândega) começaram a chegar os primeiros Imigrantes Alemães, foram recebidos com regozijo pela população, vieram para desenvolver a agricultura e aumentar a oferta de alimentos.
O convite aliciante:
“Quem quiser viver mais uma vez feliz deve viajar para ao Brasil”.
Fazia parte da estratégia do major Jorge Antônio Schäffer, encarregado por Dom Pedro I de recrutar alemães para a agricultura e para a guerra.
Em Hamburgo, Schäffer publicou o livro “Brasilien”, listando as vantagens de se partir para a América. Era necessário colonizar a região sul, no início do novo Império do Brasil e clarear a pele de seu povo.
- A sociedade luso-brasileira do século XIX, cristã patriarcal e de relacionamento vertical entre senhores e escravos, viu-se acrescida entre 1824-30 dos imigrantes alemães.
- Para atrair aos colonos foram oferecidos 77 hectares de terra virgem por família, ferramentas, gado, sementes, auxílio financeiro nos dois primeiros anos e isenção de impostos por dez anos. Mas tinha um preço a pagar, por exigência do governo alemão, os que partissem oficialmente tinham de renunciar a cidadania alemã (jornada só de ida).
O lugar determinado para os colonos seria as terras devolutas que haviam pertencido a Real Feitoria do Linho Cânhamo (primeiro nome de São Leopoldo, nome em homenagem a Imperatriz D. Leopoldina) nesta época colônia de Porto Alegre (até 1846), a 14 léguas da capital.
Nesta área a Coroa Imperial tentara implementar o cultivo e manufatura de fibra ideal para cordames e velas náuticas, acabaram cedidas aos imigrantes alemães.
- Na primeira leva vieram 6 famílias e 4 solteiros, no primeiro ano vieram 126 famílias, os alemães chegaram ao porto da capital e ficaram arranchados no norte da cidade, na área ribeirinha, aguardando a demarcação das terras, e a construção dos barcos a remo para a longa viagem no Rio dos Sinos – daí a denominação:
- “Navegantes” para o local ao norte da cidade, a margem do Guaíba.
- Os alemães foram os primeiros habitantes do lugar (atual bairro dos Navegantes).
Entre 1827-30, vieram oficiais e soldados com treino militar, muitos cultos e politizados das lutas Napoleônicas e remanescentes da Legião Estrangeira criada em 1823.
- Muitos alemães perceberam a carência de serviços na cidade e preferiram se estabelecer na Villa de Porto Alegre, outros entre o arraial dos Navegantes e a Feitoria do Linho Cânhamo, abrindo pequenas oficinas, que atendiam ao núcleo urbano e a concentração de carretas e viajantes a leste na Várzea do Gravataí.
Foram 5.350 alemães emigrados da pátria devassada por guerras em busca de melhores condições de vida.
Os nomes teutos: - “Adams, Arnt, Becker, Berta, Bier, Bins, Biehl, Bopp, Bromberg, Dreher, Gerdau, Geyer, Hermann, Jung, Klein, Kluwe, Kraemer, Lamb, Lang, Linck, Löw, Mentz, Metz, Müller, Neugebauer, Poock, Renner, Rheingantz, Ritter, Rotermund, Sassen, Schapke, Schmidt, Schneider, Schreiner, Sperb, Springer, Steigleder, Strassburguer, Streibel, Vetter, Volkmer, Wallig, Weimann, Wolf.”
- Os alemães introduziram entre nós o costume de festejar o Natal precedido de presente de São Nicolau (06 de dezembro), comemorando com árvore colorida e alvos flocos de algodão e com a presença de “Cristkind” (Menino Jesus) e “Pelznickel” (Papai Noel), a Páscoa com ninho de ovos de galinha, recheados de amendoim açucarado, caprichosamente pintado; o Kerb comemorando o padroeiro da igreja com três dias de festa comunitária; são legados germânicos que enriqueceram a comunidade lusa, nos moldes seguidos até hoje.
- A chegada dos alemães e de outras nações nórdicas (também chamados de alemães) por mais fraca que seja a população de imigrantes, em confronto com o número de brasileiros, tem ela, contudo, uma grande importância moral, porque seu exemplo não deixará de estimular, cedo ou tarde, o caráter apático dos brasileiros.
(Isabelle, Arsène – 1833)
Em 28 de julho de 1824, em Porto Alegre, o assunto sobre os Campos da Várzea (atual Parque Farroupilha) é apresentado para consideração do Imperador Dom Pedro I. O que se diz contrário ao parcelamento (loteamento) da área.
Em 14 de outubro de 1826, em Porto Alegre, rumo a Província Cisplatina (atual Uruguai), na visita do Imperador D. Pedro I a capital da Província do Rio Grande do Sul, S.M.I. toma ciência da polêmica referente à área dos Campos da Várzea (atual Parque Farroupilha), que a Câmara insistia em parcelar para loteá-la e gerar receita, mas o Imperador assegura definitivamente ao poder público, os terrenos dos Campos da Várzea, futuro Campos da Redempção (Redenção), mais tarde Parque da Redenção (atual Parque Farroupilha).
Assinou Provisão inspirada pelo Visconde de São Leopoldo, José Feliciano Fernandes Pinheiro, na época Ministro do Império, que impedia a transação da área dos Campos da Várzea; - que desde 18 de agosto a Secretaria de Estado de Negócios do Império, em portaria especial, já destinara a área para os exercícios militares por ser ela a única que oferece as necessárias proporções.
Em dezembro de 1826, em Porto Alegre, o Imperador Dom Pedro I visitou o Hospital de Caridade (Santa Casa) solicitou a Irmandade o empréstimo de uma das enfermarias do Hospital para tratar dos militares na Guerra Cisplatina, contra a Província rebelde.
Em 01 de junho de 1827, circula em Porto Alegre o primeiro jornal do Rio Grande do Sul, o Diário de Porto Alegre, sob a direção de João Inácio da Cunha, com tipografia adquirida no Rio de Janeiro, ficava na Rua da Igreja (Duque de Caxias), nº 113, circulou até 30 de junho de 1828.
Em 01 de junho de 1827, em Porto Alegre, circula o primeiro jornal do Rio Grande do Sul, o Diário de Porto Alegre, sob a direção de João Inácio da Cunha, com tipografia adquirida no Rio de Janeiro, ficava na Rua da Igreja (Duque de Caxias), nº 113, circulou até 30 de junho de 1828.
Em 24 de dezembro de 1827, em Porto Alegre, na festiva noite receberam com lágrimas nos olhos a imagem da padroeira Nossa Senhora do Rosário, que se encontrava na Matriz. A Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito na qual os negros eram maioria, entidade fundada em 1786, ligada a Igreja do Rosário, preparou grande festa em sua nova casa.
Estava inaugurada a Igreja Nossa Senhora do Rosário, na então Rua da Bandeira, mais tarde denominada Rua do Rosário, e por fim, Rua Vigário José Inácio, homenagem ao sobrinho do padre que expulsara os “negros”.
- Nenhuma autoridade religiosa da Matriz, como era chamada a Igreja Nossa Senhora Madre de Deus, havia se importado até então com essa manifestação de ecletismo religioso. A exceção foi o vigário José Inácio dos Santos Pereira.
Ele proibiu que se executassem rituais africanos ali, com a alegação oficial de que a vizinhança reclamava do barulho. Mas os negros consideraram expulsos do Largo da Matriz.
Então partiram para um empreendimento arrojadíssimo:
- a construção de sua própria igreja, ou melhor, um templo católico em que se sentissem a vontade.
Durante dez anos, de 1817 a 1827, eles trabalharam na obra, à noite, os escravos, em horas vagas do dia, os negros alforriados.
- Até a segunda década do século XIX, nas procissões de Nossa Senhora do Rosário e nos dias de Natal, os negros costumavam expressar sua religiosidade da forma mais espontânea: - dançando em frente da Matriz, com guizos nos tornozelos e ao som de tambores, marimbas e urucungos.
Exibiam a mesma naturalidade mostrada nos batuques do terreiro de Mãe Rita, a “mãe-de-santo” da época, a primeira de que se tem notícia na cidade.
- Na verdade o novo templo não foi resultado de mera ação do voluntarismo. Foi a Irmandade de Nossa Senhora do Rosário e São Benedito, entidade fundada em 1786, na qual os negros eram maioria, que comprou o terreno e comandou a construção.
Enquanto duraram os trabalhos, as festas se resumiam ao de sempre: - batuques nas tardes de domingo fora do centro urbano, em frente ao matadouro, mais ou menos na esquina do Caminho da Várzea (Avenida João Pessoa) e Rua da Imperatriz (Avenida Venâncio Aires).
Embora o prédio tombado desde a década de 1950, a antiga igreja foi demolida, para ser substituído pela atual a pedido de religiosos católicos e por decreto do Presidente da República Getúlio Vargas.
1830
Em 1830, em Porto Alegre, política ganha mais espaço na Província, a Guarda Nacional não tinha descanso, eram raros os dias em que não aconteciam aglomerações no centro de Porto Alegre ou correrias com “Viva a República”, até mesmo tiros para o alto.
A tensão política vinha crescendo na Província. A questão econômica era a principal, o descaso do Império em relação à Província.
O Rio Grande do Sul dependia da venda do charque, base da alimentação principalmente dos escravos. Para manter o preço baixo do produto, o Governo Imperial não cobrava muito imposto do charque importado dos países da Região do Prata, ao mesmo tempo taxava o sal, insumo básico das charqueadas gaúchas.
Todas as correntes políticas gaúchas lutavam pela implantação da federação, ou seja, autonomia para as Províncias (estados), mas a forma dividia essas correntes.
Os mais exaltados estavam no Partido Farroupilha, as páginas de seu órgão oficial o jornal “O Continentino”, pregava a revolução armada quase diariamente.
O Círculo do Poder:
- O Pai de família a aplica aos seus “Filhos”, os Senhores aos seus “Servos”, a Comuna aos seus “Administradores”, o Estado à “Província”, e a União ao “Estado”...
Em 1830, em Porto Alegre, a Praça da Quitanda ou Praça do Comércio (Praça da Alfândega) era o centro do comércio, e os “Largos” eram os espaços de reunião, bate-papos e exaltações da cidade.
- Os largos em Porto Alegre eram áreas e reuniões e freqüência diária, uns se transformaram em praças outros em ruas ou desapareceram:
Largo do Arsenal foi o primeiro instalado (local do primeiro cemitério), na Praia do Arsenal, atual Praça Brigadeiro Sampaio.
Largo da Forca, localizado na frente da Igreja das Dores, onde foi construído o pelourinho.
Largo da Quitanda, o mais movimentado, mais tarde conhecido como Largo do Comércio, atual Praça da Alfândega.
Largo da Caridade, junto ao prédio da Santa Casa.
Largo da Matriz, junto a Igreja Matriz, Palácio do Governo e Câmara.
Largo dos Ferreiros, Largos dos Açorianos, atual Praça Montevidéu.
Largo do Paraíso, depois Largo do Mercado, atual Largo Glênio Peres.
- As manifestações religiosas, como a Festa do Divino e a da Páscoa, reuniam ricos e pobres, senhores e escravos em procissões que iniciavam na Praça da Matriz nos Altos da Praia.
Em 16 de junho de 1830, em Porto Alegre, a Câmara instala as bancas de peixes (Feira do Peixe) na embocadura do Beco dos Ferreiros (atual Rua Uruguai), quase todo o comércio de gêneros alimentícios já havia se transferido do Largo da Quitanda para o Caminho Novo (atual Rua Voluntários da Pátria), após o Largo Paraíso (nesta época em construção). Neste local os pescadores das ilhas do arquipélago, inclusive da Ilha da Pintada vendiam seus pescado.
Em 10 de fevereiro de 1831, em Porto Alegre, é definido o primeiro Código de Posturas Policiais, que estabelecia o perímetro urbano da cidade, que disciplinou a ocupação do espaço urbano, designando lugares de coleta de água, lavagem de roupa dos hospitais, despejo de esgoto e lixo.
Este código estabelecia os novos limites da cidade, começava numa travessa perpendicular ao Caminho Novo (atual Voluntários da Pátria) e o Guaíba e subia pelo lado norte do espigão, chegando aos primeiros moinhos de vento instalados no Beco do Barbosa (atual Barros Cassal com Independência), daí seguia no sentido da ponta da península a Travessa da Olaria (atual Rua Sarmento Leite), descendo para a Rua da Olaria (Lima e Silva) e daí para a Rua do Imperador (atual Rua da República), chegava à foz do Riacho (arroio Dilúvio), junto ao Guaíba.
No texto:
“São reputados urbanos todos os edifícios e terrenos compreendidos dentro destes limites”, a área era de 296,6 hectares.
- Nestes primeiros anos como cidade, Porto Alegre cresce como um Leque a partir da península com o núcleo urbano inicial consolidado.
Ao Norte:
- O Caminho Novo (Rua Voluntários da Pátria) seguia a margem do Delta do Jacuí e começaria a se interligar com o arranchamento dos imigrantes alemães (arraial dos Navegantes), junto à várzea do Gravataí.
Ao Leste:
- A Estrada dos Moinhos (Rua Independência), saia na altura da Santa Casa e seguia para a Aldeia dos Anjos (Gravataí), que começa a ser povoada.
Margeando a Várzea (Campos da Redenção), havia duas estradas:
- O Caminho do Meio (Avenida Bom Fim) dava acesso a Villa de Viamão.
Ao Sul:
- A Estrada da Azenha (Caminho da Várzea) se bifurcava depois da ponte:
Pela esquerda se chegava a Viamão,
Pela direita seguia-se para as estâncias de Belém Velho e Itapuã.
- O Caminho de Belas (Rua Praia de Belas), pela margem do Guaíba, cruzando a ponte de madeira, próximo a foz do Riacho, recebeu este nome pela figura do proprietário Antônio Rodrigues Belas, que por muitos anos foi encarregado da aferição de pesos e medidas.
- Porto Alegre viria a se expandir tendo como linhas mestres esses caminhos. Nesta época não havia plano de arruamento fora da zona urbana dentro da fortificação.
- As especificações de propriedades na época:
Solar – um pequeno terreno urbano com um grande casarão ou sobrado.
Quinta – um pavilhão, uma casa de recreio.
Chácara – uma pequena herdade com jardins.
Fazenda – uma casa com plantação de algodão ou café, além do gado.
Engenho – uma moagem e fabricação de açúcar.
Estância – uma grande propriedade de criação, principalmente gado.
Charqueada – um grande matadouro de gado e salgadeira.
Em 07 de abril de 1831, no Brasil, Rio de Janeiro, S.M.I. D. Pedro I, por pressão popular e problemas de sucessão na Coroa Portuguesa, abdica ao trono do Brasil em favor de seu filho, D. Pedro de Alcântara (futuro D. Pedro II), então com 5 anos, e José Bonifácio (amigo leal) como tutor do pequeno príncipe, deixando em seguida o país.
Em 04 de outubro de 1831, é criada a Tesouraria da Fazenda da Província do Rio Grande de São Pedro.
Em 1832, foi autorizado a funcionar em Porto Alegre, a primeira loja maçônica Philantropia e Liberdade.
Os Maçons que estavam infiltrados dentro da elite da cidade, conspiravam cada vez mais com mais força contra o governo da Província e o Império.
“A Maçonaria fundada na Inglaterra em 1717, era uma sociedade “secreta” de pensamento e filantropia. Foi um núcleo anti-absolutista no Brasil. Em seus clubes e “lojas” tramou-se muito pela independência do Brasil, do Rio Grande do Sul e muitas outras Províncias, da qual participaram muito maçons (“pedreiro”, em francês).”
Em 1832, inicia na Província do Rio Grande do Sul a “navegação de barcos a vapor” Em 1858 havia 6 vapores em circulação, número que passou para 10 em 1860, haviam linhas para Pelotas, Rio Grande, Rio Pardo, São Leopoldo e Taquara.
Em 07 de agosto de 1832, em Porto Alegre, através de Provisão autoriza a presidência da Província a estabelecer a Iluminação Pública de algumas ruas do núcleo urbano, com isso suas noites passaram da escuridão total (às vezes algumas fogueiras noutras o luar) para uma tímida penumbra, pois a luminosidade das luminárias colocadas era pouca.
- A Provisão estabelece também a construção de um chafariz para a distribuição de água potável.
Em 03 de junho de 1833, é nomeado por Carta Imperial, o juiz de direito Dr. José Maria de Salles Gameiro de Mendonça Peçanha o primeiro Chefe de Polícia da cidade.
Em 07 de agosto de 1833, iniciam em Porto Alegre as obras do Theatro São Pedro, após o presidente da Província desembargador Manoel Antônio Galvão (11.07.1831-24.10.1833) fazer a doação de um terreno no Alto da Praia (Praça da Matriz) para a construção de um teatro.
Em 1834, em Porto Alegre, existem cinco igrejas (com pouco luxo) há um hospital, uma casa de misericórdia, um arsenal, dois quartéis e uma cadeia, recentemente construída. Há outros edifícios públicos em projeto, foi proposto transformar a planície chamada de “Várzea em Basseville”: - edificar-se ia um museu com um jardim botânico.
Porto Alegre torna-se ia uma das mais belas cidades do Brasil e uma das mais importantes no intercâmbio comercial.
Existem apenas escolas primárias, e se instala uma escola primária superior.
Há um teatro, em um galpão subterrâneo, e está em projeto outro na Rua do Ouvidor, que nos dias de chuva se torna uma verdadeira catarata.
Publicam-se quatro ou cinco periódicos, inteiramente consagrados à política, os habitantes, da mesma maneira que todos os das outras cidades do Império, estão divididos em dois partidos:
- Caramurus, compreendendo os simpatizantes do governo monárquico, e
- Farroupilhas ou “sans culottes”, simpatizantes do sistema republicano.
- Os portugueses da Europa, detestados no Brasil, por causa de sua posição à marcha do progresso dos povos, são chamados de “pés de chumbo”. Por sua vez, eles dão aos brasileiros o nome de “pés de cabra”.
As festas:
- Do Espírito Santo (Pentecostes) celebram-se com pompa, como nos tempos do Concílio de Trento.
As sacadas são guarnecidas de ricos tapetes de seda bordada com franjas de ouro; as confrarias azuis sucedem-se às vermelhas, estas às brancas, e estas às cinzas. Cada um leva relicários de santos, suntuosamente ornados, e depois três dias, vendem-se publicamente, ao lado da igreja, rosários, escapulários, galinhas assadas, pastéis, licores, etc. – Viva a Roma!
Em 22 de setembro de 1834, em Porto Alegre, um conjunto de amadores, aluga uma casa inacabada na Rua de Bragança (Marechal Floriano) um pouco abaixo da Rua da Igreja (Duque de Caxias) para montar o Theatro Dom Pedro II, onde foram encenadas peças como: - “Otelo” de Shakespeare.
O teatro permaneceu em atividade até 27 de julho de 1858.
Em 20 de abril de 1835, em Porto Alegre, é instalada a primeira Assembléia Provincial (atual Assembléia Legislativa) criada pelo Ato Adicional de 12 de agosto de 1834, no prédio da Casa da Junta. Exatamente neste dia aconteceu o incidente que propiciou a Revolta Farroupilha.
Na fala de abertura, o Dr. Antônio Rodrigues Fernandes Braga, presidente da província, acusou o coronel Bento Gonçalves da Silva, deputado eleito, de articular um plano para a separação da província do Império. Aproveitando-se do seu cargo de comandante da fronteira do Jaguarão, Bento Gonçalves estaria mobilizando gente no Uruguai para este fim. A acusação do presidente da Província foi secundada pelo comandante de Armas, Sebastião Barreto Pereira Pinto.
- A denúncia provocou escândalo, e confirmou-se desde logo o confronte existente entre uma postura dita “Liberal”, à qual pertencia Bento Gonçalves, e uma governista, partilhada pelos chamados “Conservadores”, caramurus, camelos, pés-de-chumbo.
- Assim nascia a Assembléia Legislativa da Província do Rio Grande do Sul, a maior parte de seus deputados se podiam chamar de “Farroupilhas, Liberais, e Exaltados”.
Em 27 de junho de 1835, Lei Provincial determina a criação da Cadeia Civil de Porto Alegre.
Em 18 de setembro de 1835, em Porto Alegre, tropas de revoltosos vindos pelo lago Guaíba de Pedras Brancas (atual cidade de Guaíba), aportam e acampam nas imediações da Ponte da Azenha, nas cercanias da moenda do “Chico da Azenha”, no sul da cidade, próximo a atual Lomba do Cemitério.
Em 19 e setembro de 1835, ao anoitecer, a cidade de Porto Alegre sabe dos rumores de revoltosos Farroupilhas acampados nas cercanias e dorme preocupada.
- Os imperiais são avisados do acampamento de forças republicanas, além do Riacho, e na madrugada envia tropas comandadas pelo visconde de Camamu, quando chegaram próximo a ponte da Azenha foram recebidos a bala “era o batismo de fogo”, por mais de 30 homens comandados pelo capitão Manuel Vieira da Rocha, o “Cabo Rocha”.
O cavalo do visconde se assustou, deu meia volta e saiu em disparada, atropelando a patrulha, que debandou.
Tem inicio a Revolução Farroupilha ou Guerra dos Farrapos.
Era 20 de setembro de 1835, em Porto Alegre, entra o vitorioso general Bento Gonçalves (general monarquista, lutando contra os desmandos do governador (seu primo) por ele indicado), a população acompanha o general que se dirige a Câmara (Assembléia Provincial) e dá posse ao vice-presidente da Província Marciano Pereira Ribeiro, abandonado por Fernandes Braga, que fugiu para Rio Grande.
- O novo governo da Província prometeu punir saques e garantiu o retorno dos que tinham abandonado a cidade de Porto Alegre.
- Pedem a Corte a criação de um regime federalista.
- Os líderes da revolta Farroupilha não estavam em farrapos: - eram estancieiros e charqueadores, donos de muitas terras, muito gado e muitos peões, era dono de um exército e cada peão um soldado. Eles usaram a mítica e os ideais do “Gaúcho” para defender uma causa justa.
A Guerra dos Farrapos foi, basicamente, uma luta contra o centralismo do Governo Imperial, a corrupção desenfreada e os desmandos de uma Corte frívola e ineficiente.
Foi mostrado ao Governo Imperial que era preciso uma reforma tributária e que os impostos sobre o “charque”, principal produto do Rio Grande do Sul estavam altos demais e sobretaxados.
As singularidades da Guerra dos Farrapos são próprias da mais meridional das Províncias do Império: - uma fronteira em armas, quase uma terra de ninguém, conflituosa já há 150 anos.
Os desdobramentos do conflito iriam perdurar por dez longos e terríveis anos, clamar muitas vidas e ecoar por todo o Brasil até que, do turbilhão de pólvora e morte, o “Gaúcho” re-emergisse como figura histórica, com voz própria, embora se mantivesse parte do Império do Brasil.
O general Bento Gonçalves envia carta ao regente Feijó, administrador do Império do Brasil no Rio de Janeiro:
“Em nome do Rio Grande do Sul, eu lhe digo que nesta província extrema, afastada dos corrilhos e conveniências da Corte, dos rapapés e salamaleques, não toleramos imposições humilhantes, nem insultos de qualquer espécie...”
Em 15 de junho de 1836, em Porto Alegre, nove meses depois da conquista da capital, era uma noite fria, a Praça da Matriz no Alto da Praia, estava deserta, os Farroupilhas relaxaram a guarda.
- De repente um tiro.
Era o sinal para a retomada de Porto Alegre pelos Imperiais.
O ataque foi tramado pelo tenente alemão Henrique Guimarães Mosye, que estava preso no 8º Batalhão de Infantaria (na Praça do Portão), junto a outros imperiais.
Com suborno, pegou armas, tomou o quartel, juntou 30 soldados fiéis e mais 54 presos e surpreendeu três patrulhas que policiavam a cidade, tomou o Forte da Caridade, trincheira junto a Santa Casa, em seguida abordou o barco prisão Presiganga, ancorado em frente à Praça Harmonia, libertando 13 prisioneiros, entre eles o major Manuel Marques de Souza (futuro Conde de Porto Alegre), o major Souza assumiu a direção do movimento, mas passou em seguida ao marechal João de Deus Menna Barreto.
Uma a uma todas as posições rebeldes foram sendo tomadas. Houve 54 presos entre eles o novo presidente Marciano Pereira Ribeiro, diversos oficiais e colonos alemães que tinham aderido aos revoltosos, também foi preso o comerciante português Pedro José de Almeida, o Pedro Boticário, que na tomada de Porto Alegre, havia sugerido a deportação dos prisioneiros imperiais como medida de segurança.
Porto Alegre era Imperial novamente, mas os Farrapos não se deram por vencido, e três grandes cercos foram feito por terra e água isolando a cidade.
Porto Alegre Fortificada
- A defesa da cidade tinha sido reforçada, seguindo o traçado de 1778. Além do fosso de uns três metros de largura, com trincheiras e muradas de madeira emendadas a construções existentes (ao redor da península no alto do espigão), com seu principal portão de acesso junto ao atual viaduto Loureiro da Silva ao lado da Santa Casa (antiga Praça do Portão), e outras pequenas aberturas vigiadas.
Esta barricada fortificada ia desde a foz do Riacho (depois do solar da Baronesa do Gravatay) na parte sul, seguindo pelas atuais: Rua da República, Rua João Pessoa, pelos muros nos fundos da Santa Casa, descendo o espigão até a margem do outro lado da península, indo terminar na atual Rua Pinto Bandeira, e assim ficaria até o fim do conflito.
- Um sistema de baterias (39 peças de artilharias e quatro obuses) fechava tudo em terra.
- No porto, a escuna Leopoldina se posicionava, no Guaíba uma corrente de amarras sobre bóias, para embarcações não descerem ou subirem o rio.
Nos Altos da Praia (na Matriz) as trincheiras protegiam o Palácio do Governo.
Este sistema de muradas e trincheiras não impediu os bombardeios da cidade.
Em 26 de junho de 1836, no Sul do Brasil, quando Bento Gonçalves soube que a capital Porto Alegre tinha sido retomada pelos imperiais, se enfureceu. A cidade tinha grande valor estratégico. Reuniu a tropa e partiu para Porto Alegre, onde encontrou a cidade muito bem guardada e fortificada.
Em 1836, em Porto Alegre, os moinhos de vento para moagem de trigo localizados no Beco do Barbosa (Barros Cassal) com o Caminho dos Moinhos (Rua da Independência), foram demolidos para não servirem de “ponto de tiro alto” contra a cidade, durante a Revolução Farroupilha.
Em 11 de setembro de 1836, é proclamada a República Rio-Grandense ou República Piratini, com bandeira e hino, é eleito o general Bento Gonçalves da Silva como primeiro Presidente da República.
Depois de vencer a “Batalha do Seival”, o general Antônio de Souza Netto entusiasmou-se e disse as tropas:
“Camaradas!
Nós (...) devemos ser os primeiros a proclamar como proclamamos a Independência desta Província, qual fica desligada das demais do Império e forma um Estado livre e independente, com o titulo de República Rio-Grandense.”
O Rio Grande de São Pedro tem duas capitais:
- Porto Alegre, capital Imperial da Província.
- Piratiní, primeira capital da República Rio-Grandense.
Em 18 de novembro de 1837, o presidente da Província Antônio Elzeário de Miranda e Brito cria a primeira Força Policial, ato que deu origem a atual Brigada Militar.
Em 02 de janeiro de 1839, em Porto Alegre, acontece o combate mais significativo entre os Farroupilhas e Imperiais, no Passo do Feijó região da zona norte.
1840
Em 22 de junho de 1840, no Brasil, Rio de Janeiro, é antecipada a maioridade de S.A.I. Príncipe Dom Pedro de Alcântara, de 18 para 15 anos, para acalmar as Províncias insufladas. A decretação oficial da maioridade do monarca foi recebida com enorme alegria pelo povo brasileiro.
Entre 26 de junho de 1836 e 08 de dezembro de 1840, com dois intervalos, totalizando 1.283 dias de “Cerco a Cidade de Porto Alegre” pelos Farrapos.
A tentativa era fazer Porto Alegre se render pela fome, a crise foi grande, foi atacada, bombardeada por terra e água, mas a cidade não caiu, e o Império do Brasil reconheceu o feito.
Em 18 de julho de 1841, no Brasil, Rio de Janeiro, capital do Império, é realizado a sagração e coroação de D. Pedro II. A cidade foi cuidadosamente embelezada para a cerimônia. As festas duraram muitos dias, encerrando-se no dia 24 de julho com um grande baile de gala no Paço da Cidade.
Em Porto Alegre a cidade comemora e brinda ao “Imperador Menino”, com saraus e jantares.
Em 19 de outubro de 1841, no Brasil Rio de Janeiro, capital do Império, por sua resistência e lealdade ao Império, a cidade de Porto Alegre é agraciada com o título de “Leal e Valorosa”, por S.M.I. Dom Pedro II, que é incorporado ao brasão do município.
Erro Oficializado:
- Por erro do secretário da Câmara, repetida depois por certos escritos históricos, o arcaísmo “valerosa” (com e), estampada no brasão, foi perpetuado.
O brasão de Porto Alegre
- A Cruz de Malta, que indica a origem portuguesa,
- O Portão Simbólico, que lembra a resistência, e
- A nau Nossa Senhora da Alminha, que trouxe os primeiros açorianos.
Em 1842, em Porto Alegre, o artigo que regulamentava os pontos de deposição de lixo na cidade, aprovado em 1838, foi revogado.
Em 05 de abril de 1842, em Porto Alegre, foi autorizada por ato da Câmara a construção do primeiro Mercado Público, que não restou vestígio, construído no Largo do Paraíso, no local da atual Praça XV de Novembro. Foi construída uma rampa na doca em direção a Rua de Bragança afim de nela aportarem as pequenas embarcações que vierem trazer gêneros ao mercado.
Em 09 de novembro de 1842, em Porto Alegre, o então conde de Caxias, Luís Alves de Lima e Silva, assume a presidência da Província do Rio Grande do Sul e de Chefe do Exército Imperial, onde sua missão principal era vencer os “Farrapos”.
Nas folgas, administrava Porto Alegre, impulsionou a obra do primeiro Mercado, preocupou-se com a iluminação, com o traçado das ruas, e ajudou no estabelecimento do novo Cemitério da Santa Casa nos Altos da Azenha, em substituição do velho nos fundos da Matriz, também iniciou o prédio próprio da Câmara, a construção da Cadeia na Ponta do Arsenal e o Asilo Santa Teresa, retomaram-se as obras do Theatro São Pedro.
Em 29 de abril de 1844, em Porto Alegre, a comissão para construção do novo Cemitério entra em contato com a Santa Casa, na mudança para o espaço entre a chácara do tenente-general Câmara e o major Moraes, no alto da Azenha, à direita.
No ano seguinte a Câmara designou o espaço de Rua do Cemitério. Mas as irmandades do S.S. S.S. Conceição, São Miguel e Rosário, as que tinham interesse no Cemitério da Matriz, só em 1850, contrariadas, “proibição que ultimamente houve de inumação dos corpos nos recintos dos templos”, obedecem, e promovem a mudança.
Em 1º de outubro de 1844, em Porto Alegre, foi inaugurado à obra do primeiro Mercado Público (construído no local da atual Praça XV), em grande solenidade, no Largo do Paraíso.
Uma placa registraria o acontecimento:
“O doutor Saturnino de Souza Oliveira, presidente da Província deixa nesta pedra a memória de ser ele quem fundou este edifício, destinado para a Praça do Mercado Público da leal e Valorosa Cidade de Porto Alegre, no ano de MDCCXLII, Reinado do Senhor D. Pedro II.”
Em 28 de fevereiro de 1845, no sul do Brasil, é encerrado o Conflito Farroupilha, com honroso acordo que foi selado entre Caxias (Luis Alves de Lima e Silva, presidente da Província) representando o Império, que teve dificuldades de encontrar o chefe real dos Farrapos e optou por Davi Canabarro (descrito como rude, extravagante e descuidado de filigranas morais) comandante do Exército Farroupilha, depois da exoneração de Bento Gonçalves do comando. O general Antônio de Souza Netto (o proclamador da República Rio Grandense) não aceitou o acordo, preferindo o exílio na região do Prata.
- A Leal e Valorosa Cidade de Porto Alegre, resistiu.
Em 21 de novembro de 1845, em Porto Alegre, em recepção solene, Suas Majestades Imperais D. Pedro II e D. Thereza Christina e comitiva, desembarcaram no trapiche da Alfândega.
São recepcionados pelo presidente da Província o Barão de Caxias, as maiores autoridades civis e militares, grandes proprietários, comerciantes, a burguesia e os demais cidadãos da cidade se prepararam para este grande dia.
- Para a visita de V.M.I. D. Pedro II e Dona Theresa Cristina, a Câmara de Porto Alegre desapropriou terrenos para aberturas de novas ruas na Várzea, na zona sul, as futuras:
Rua do Imperador (República), que ligava a Rua da Margem (João Alfredo) ao Caminho da Várzea (João Pessoa),
Rua da Imperatriz (Venâncio Aires), que ligava a ilhota no Riacho ao Caminho do meio e
Rua Caxias (José de Alencar), sendo esta a primeira rua do arraial do Menino Deus, seu objetivo básico foi ligar o Caminho de Belas com o Caminho da Azenha e a Estrada da Cavalhada.
Em 02 de dezembro de 1845, na visita a Porto Alegre do casal imperial D. Pedro II e D. Theresa Christina é inaugurado o Asilo Santa Theresa (em homenagem a imperatriz), que deu nome as elevações (Morro Santa Tereza).
1850
Na década de 1850, Porto Alegre exibe um novo ar de modernidade, o modismo da época o estilo neoclássico onde a Beneficência Portuguesa, Mercado Público, Casa de Correção e Edifício Malakoff, são exemplos relevantes:
“Com suas janelas de arco pleno, frontões e platibandas, sobrepõe ao arco abatido do colonial, entre outras coisas era usado calhas para evitar o lançamento da água das chuvas diretamente na rua, e só como enfeite platibandas com vasos em cima.”
Como nas demais partes do país, a maioria das casas estavam espremidas umas contra as outras em terrenos estreitos.
Apesar do apego aos padrões arquitetônicos coloniais, o século XIX trouxe inovações para o exterior e o interior dos lares Porto-Alegrenses, decorrente da Revolução Industrial.
Durante maior parte do século XIX, as residências continuaram a apresentar características de grande simplicidade, onde estão vinculadas ao estilo neoclássico, constroem-se apenas cópias imperfeitas da arquitetura da Corte no Rio de Janeiro e Paris (França), por força da lei substituem-se os beirados por platibandas.
Os Arraiais
- Esta segunda metade do século XIX presenciou o adensamento dos primeiros arraiais de Porto Alegre, pequena concentrações em torno de uma capela ou cruzamentos de caminhos.
Estes arraiais mantinham relações administrativas e políticas, e foram se transformando também em pontos de repouso e veraneio para a população do núcleo urbano.
A topografia (de morros) de Porto Alegre é difícil e o sistema viário converge todo ao centro em forma de leque, sem ligações entre os arraiais:
- A Azenha no Caminho do Viamão e encruzilhada onde se dividiram as estradas para o Rincão da Cavalhada e para o Belém, logo depois da velha ponte sobre o Riacho, local do antigo moinho d’água de Francisco Antônio o “Chico da Azenha”, origem do nome do arraial, foi o primeiro açoriano a chegar ao Porto do Dorneles em 1751, foi ele que iniciou o bairro mais antigo da capital, sua propriedade iniciava no rio Jacareí (arroio Dilúvio) e fundos para a colina, esta chácara estava nas terras da sesmaria de São José de propriedade de Sebastião Chaves Barcelos.
- O Navegantes, com a abertura do Caminho Novo (Voluntários da Pátria) em 1806, pela costa do rio Guaíba em direção ao norte por iniciativa dos governadores Paulo da Gama e Diogo Feijó, um aprazível caminho rural de acesso a chácaras que bordavam o rio.
- O Menino Deus, o único arraial que tinha nome até meados do século XIX.
Com a abertura da Rua Caxias (José de Alencar) a primeira via do arraial, que dava acesso às bucólicas praias do Guaíba, primeira Estação de Veraneio do porto-alegrense (o primeiro balneário).
- A Cidade Baixa era apenas a região ao sul do espigão da Rua da Igreja (Rua Duque de Caxias). Rua do Arvoredo (Rua Fernando Machado), Rua da Varginha (Demétrio Ribeiro) e Praia do Riacho ou Rua da Prainha (Rua Washington Luis) recém em fase de povoamento, sua povoação remonta o século XVIII.
- O São Miguel, ficava entre o trecho do Riacho (arroio Dilúvio) e a Rua Boa Vista (Vicente da Fontoura) e a atual Rua Sant’Ana até a Estrada do Mato Grosso (Avenida Bento Gonçalves).
- O São Manuel, foi o embrião do bairro Moinhos de Vento, situava-se na proximidade da Estrada de Baixo ou Caminho da Floresta (Avenida Cristovão Colombo) e a Estrada dos Moinhos (Rua da Independência).
Antônio Martins Barbosa, mineiro (de Minas Gerais), se destacou na moagem do trigo, instalando moinhos de vento no local conhecido como Beco do Barbosa (Barros Cassal) junto ao Caminho dos Moinhos (Rua da Independência).
- A Floresta era outra área de chácaras da cidade que começa a se transformar em arraial, entre o morro dos Moinhos de Vento e o rio Guaíba, aqui também houve conflitos entre os Farroupilhas e Imperiais. Zona rural até 1841, antes do fim da Guerra dos Farrapos os camareiros (vereadores) pensaram em um alinhamento para o caminho da Chácara do Francisco Pinto (atual Avenida Cristovão Colombo) ate a embocadura do Beco do Mota (7 de Abril) Francisco Pinto de Souza ou “Chico Pinto” era comerciante e camareiro.
- A Independência, desde 1843 a Câmara cuidou de dar alinhamento a Estrada dos Moinhos, que era o trecho inicial do caminho para a Aldeia dos Anjos (atual Gravataí). Mas entre outros motivos de embaraço, existia a grande chácara de dona Rafaela Pinto Bandeira Freire a “Chácara da Brigadeira”, que se estendia desde a frente da Santa Casa até a atual Rua Barros Cassal e daí até o Caminho Novo, foi necessário desapropriar, por importância alta, toda a frente da aludida chácara.
- A Sant’ana, com a abertura da Rua Santana iniciada em 1865, a rua empacou no Riacho (Dilúvio).
- O Parthenon com a Estrada do Mato Grosso (Avenida Bento Gonçalves) era caminho histórico de ligação com Viamão.
- O São João, tem sua origem na Estrada das Carretas para a Aldeia dos Anjos.
Em 1874 é construída a Capela de São João Batista, implantada a margem do Caminho Novo.
- O Theresópolis cuja origem deu margem a muitos enganos.
Em 1876, e fundada a Colônia de Theresópolis por Guilherme Ferreira de Abreu, tinha por núcleo a Tristeza, que utilizada a Estrada da Cavalhada, esta estrada recebeu o nome de Estrada Theresópolis (em homenagem a Imperatriz do Brasil Dona Theresa Cristina).
- A Tristeza na zona sul, junto à orla do Guaíba, área rural, o segundo balneário da cidade, com suas chácaras de veraneio para a fuga do calor do centro urbano de Porto Alegre; até a instalação do Trenzinho da Tristeza a ligação com o arraial era feita pela Estrada da Cavalhada, em Theresópolis.
Nesta região as terras da Ponta do Dionísio onde se localiza a Villa Guayba (antiga Vila dos Pescadores), ainda estão desertas.
- A Glória na direção do Caminho do Belém (Avenida Oscar Pereira) era um caminho rural.
Em 1884, era descrito pelo presidente da Província Felicíssimo de Azevedo como um verdadeiro calvário, que precisaria ser nivelado e desterrado na colina dos cemitérios para se tornar transitável.
- Na Ilha da Pintada, no arquipélago do Guaíba, a produção de alimentos era de subsistência, com base na mão de obra familiar, sendo as principais atividades a pesca, a produção de leite e o cultivo do arroz e hortaliças.
A necessidade de embarcações (barcos) na cidade, fizeram surgir uma mão de obra naval qualificada e também os estaleiros desempenharam importante papel nas atividades econômicas da ilha. Mas a principal atividade dos moradores sempre foi a pesca.
“A ligação dos moradores das ilhas com os rios e as águas do Guaíba é tão profunda que aqui podemos falar de uma verdadeira cultura das águas.” (Gomes ET, 1995, p. 93)
Em 14 de setembro de 1850, em Porto Alegre, o presidente da Câmara o renomado médico Dr. Luis da Silva Flores (Dr. Flores), incentivou a instalação da primeira Comissão de Higiene de Porto Alegre.
O discurso médico visava à erradicação dos chamados “miasmas” pestilências carregadas pelo ar, originadas da matéria orgânica em decomposição. O poder de penetração das pestilências alcançou não mais o indivíduo, mas a coletividade. Por isto a proposta de planejamento e reforma do espaço urbano.
-As preocupações com a salubridade da cidade prosseguiram, com o discurso médico apregoando providências quanto ao asseio das ruas através da retirada do seu lixo e da demarcação de lugares apropriados para o seu despejo. Era também destacada a necessidade de “... se estender a vigilância ao asseio dos pátios e quintais, casas públicas e às substâncias alimentícias expostas a venda, principalmente as carnes, peixes, queijos, frutas e verduras”.
Ao inserir os pátios e quintais nas residências como espaços, ao lado da via pública, que também deveriam ser vigiados a fim de manterem as condições mínimas de higiene. A deposição de lixo próximo as casas foi comum na Porto Alegre oitocentista.
Em 03 de julho de 1853, em Porto Alegre, na Igreja Matriz Nossa Senhora Madre de Deus é empossado o primeiro bispo da Província do Rio Grande do Sul, dom Feliciano Prates, em grande cerimônia com a participação de autoridades e populares.
Em 1854, em Porto Alegre, é criado o primeiro Liceu (Ginásio escolar).
Em 1855, em Porto Alegre, é aberto o Seminário Episcopal, nos fundos da Igreja Matriz Nossa Senhora Madre de Deus.
Em 24 de novembro de 1855, Porto Alegre tem os primeiros casos do cólera-morbo, seis dias depois o corpo médico da cidade declara oficialmente a epidemia que obriga a nomeação de Inspetor de Saúde.
Em 1857, em Porto Alegre, é fundada a primeira cervejaria artesanal da cidade, a Cervejaria Kauffmann, pelo casal Adolfo e Elisa Kauffmann.
Em 1858, em Porto Alegre, a Praça da Harmonia, também conhecida como Praça dos Namorados, o presidente da Província Ângelo Ferraz, dizia em correspondência que aquele lugar era o ponto mais destacado para a visão dos que entravam no porto pelo Guaíba, e o local que mais penúria exibia.
”Em nenhum outro ponto do litoral fez o cólera mais estrago do que nesse distrito, talvez pela falta de asseio de suas praias”, lembrava Ferraz.
Em 1858, em Porto Alegre, foi aberta a Rua Botafogo a primeira transversal do Arraial do Menino Deus, que chegava até o arraial da Azenha.
Em 14 de fevereiro de 1858, em Porto Alegre, na chácara, o solar de Lopo Gonçalves Bastos no arraial da Cidade Baixa, junto a Rua da Margem, na zona sul, ocorre à reunião de fundação para a formação de uma Praça do Comércio, este também será seu primeiro presidente.
Em 27 de junho de 1858, grande evento em noite de gala, em Porto Alegre, é inaugurado o Theatro São Pedro, em estilo barroco português, decorado em veludo e ouro e a platéia em forma de ferradura, projeto do arquiteto alemão Phillip Von Norman.
A elite de Porto Alegre está presente; no palco a Companhia Ginásio Dramático Rio-Grandense emocionou o público com a peça “Recordações da Mocidade”.
Assim registrou o cronista August Porto Alegre:
“- A fina flor da sociedade compareceu no ato, dando o decote das damas e as casacas dos cavalheiros o tom chique da solenidade em que tudo ressumbrava completa alegria.”
Em 1º de julho de 1858, em Porto Alegre, é aberta a primeira casa bancária o Banco da Província do Rio Grande do Sul, com a sede construída para o banco, na esquina da Rua da Graça (Andradas) com a Rua de Bragança (Marechal Floriano), sendo um dos sócios Lopo Gonçalves Bastos (um dos homens mais ricos da cidade). Na mudança do banco, se instalou no prédio a Farmácia Central até 1984. Na parte superior do prédio viveu a família Landell de Moura. O prédio foi demolido em 1987.
1860
Nos anos 1850 e 1860, Porto Alegre está ligado via fluvial, as principais cidades do interior do Estado, faróis e sinalizadores foram instalados na Lagoa dos Patos. A função portuária aumenta; as elites burguesas também, isto impulsiona as grandes mudanças.
Da metade da década de 1840 à de 1860, em Porto Alegre, foram quase 15 anos de obras e Aterros, desde a Praça da Harmonia até o Largo do Mercado, para a criação da Rua Nova da Praia (atual Sete de Setembro).
Estava deflagrada uma tradição nunca mais interrompida:
“A de aterrar as águas para expandir a área urbana”.
Em 1860, em Porto Alegre, o empreiteiro João Batista Soares da Silveira e Souza o “maior construtor da cidade” inaugurou no Largo do Paraíso (atual Praça XV), em frente ao velho Mercado Público, o então espetacular Edifício Malakoff, que com o seu térreo e outros três andares, tornou-se o maior edifício da cidade e o primeiro exclusivamente comercial.
Em 1860, em Porto Alegre, na Villa de Viamão (nesta época pertencente à capital) é construído o Farol de Itapuã, para orientar os navegantes no estreitamento do canal no encontro da Laguna dos Patos com o Guaíba, no Morro da Fortaleza, Ilha do Junco e a Ferraria dos Farrapos (local do antigo estaleiro usado pelos Farroupilhas (1835).
Em 02 de abril de 1861, em Porto Alegre, a Lei nº 466 autoriza o presidente da Província a contratar abastecimento de água potável para cidade, com a colocação de chafarizes.
Em 1863, em Porto Alegre, em virtude do Mercado Público atual já não atender as necessidades, a Câmara autoriza a construção de novo Mercado Público Municipal em substituição ao anterior.
O local escolhido foi no primeiro aterro feito sobre o Guaíba, criando duas enormes docas a do carvão e a das frutas, com projeto de Friedrich Heydtmann.
Em 1864, em Porto Alegre, iniciado pelo padre Joaquim Cacique de Barros como “Asilo para Mendigos e Decréptos Pobres” o Asilo Padre Cacique, próximo ao Asilo Santa Theresa na orla do Guaíba, junto ao Morro Santa Tereza.
Em 01 de novembro de 1864, em Porto Alegre, foram iniciadas as obras de colocação dos trilhos de madeira para o serviço de Maxambombas.
Porto Alegre sempre foi um porto próspero, e dois comerciantes locais, o brasileiro chamado Estácio da Cunha Bittencourt e o francês chamado Emílio Gemgembre, abriram uma linha de bondes de tração animal, puxados por mulas.
- A Linha Menino Deus foi à segunda estrada de ferro urbana no Brasil, precedida somente pela linha da Tijuca no Rio de Janeiro, capital do Império, que foi aberta em 1859.
Em 1865, em Porto Alegre, com início da Guerra do Paraguai o Arsenal de Guerra, prédio localizado no início da Rua da Praia, na Ponta do Arsenal, manteve a produção de armas e equipamentos funcionando a pleno, chegando a contar com 200 operários e dezenas de aprendizes.
Em 19 de junho de 1865, S.M. o Imperador D. Pedro II chega a Porto Alegre, pela segunda vez, vestido em traje gaúcho de campanha, em viagem a Uruguaiana, invadida pelos paraguaios, durante a Guerra do Paraguay.
Uma multidão o espera junto ao cais da Alfândega.
Em setembro de 1865, em Porto Alegre, em homenagem a comemoração Independência do Brasil, a Câmara altera o nome da “Rua da Praia” e “Rua da Graça” para Rua dos Andradas em toda a sua extensão, homenagem aos irmãos Andradas.
Em 16 de abril de 1866, em Porto Alegre, inicia-se da cidade a colocação de postes e fio telegráfico, concluído em 1867, apressou-se a instalação da primeira Linha de Telégrafo, primeiro conectando Laguna, Desterro e Itajaí até o Rio de Janeiro, pelo motivo da Guerra do Paraguai.
Em 30 de outubro de 1866, em Porto Alegre, por ordem da Câmara e a opinião e o empenho de médicos locais, preocupados com a sanidade da cidade, foi importante para que fosse proibida a “coleta de água no canal do Guaíba”, que começava a ficar tão ruim quanto a das margens poluídas.
Em 02 de dezembro de 1866, em Porto Alegre, é inaugurada a Companhia Hydráulica Porto-Alegrense, projetada em Paris com planta datada de 1864, pela primeira vez, a água jorra pelos canos implantados por um concessionário, com capacidade de 500 litros diários por residência, com seus reservatórios junto a Praça da Matriz, na área da atual Assembléia Legislativa, foram instalados vários chafarizes na cidade.
O ponto de captação da água era no Morro da Companhia na Lomba do Sabão (atual Parque Saint Hilaire).
Em 1867, em Porto Alegre, surge o Sentinela do Sul o primeiro “jornal ilustrado” da cidade.
Em 18 de junho de 1868, em Porto Alegre, é criada a Sociedade Parthenon Literário, consagrou os melhores intelectuais porto-alegrenses, durante mais de 20 anos. Era uma tribuna para oratória, publicava revista, criou escola noturna gratuita para livres e escravos.
Em 1869, em Porto Alegre, após cinco anos de construção o novo Mercado Público Municipal, o primeiro prédio em alvenaria a ocupar um quarteirão, estava pronto, mas começou a funcionar em 1870, quando se inaugurou o primeiro piso do atual prédio, localizado na Praça Paraíso (atual Praça XV).
O Mercado Público Municipal passou por modificações principais:
- Em 1912, durante as obras de ampliação ocorreu um incêndio.
- Em 1913, recebeu a construção do segundo piso.
- Em 1979, na administração do prefeito Thompson Flores, foi cogitada a sua demolição, atitude esta feita com outros prédios históricos nesta época.
- Na década de 1990, foi feita a cobertura do pátio central, gerando maior conforto, em cima da tendência da época de mesclar modernidade em ambientes antigos, com mais de 100 bancas, artigos típicos, especiarias, bares restaurante e sorveteria.
1870
Em 1870, em Porto Alegre, a Câmara aprovou artigos obrigando a todos os moradores a colocar o lixo em vasilhas, na frente de sua casa, para ser coletado por carroças da limpeza pública.
Essas carroças eram puxadas por burros com campainhas no pescoço, as quais eram soadas para mostrar que estavam chegando, somente o núcleo urbano era atendido por este serviço.
“Também no Rio de Janeiro, foi somente em 1870 que começou a funcionar o serviço de limpeza pública, até esta época o lixo da capital do Império era depositado na orla marítima, nas ruas, quintais e córregos.”
Em 1870, em Porto Alegre, no Arraial da Azenha, os moradores fazem um abaixo assinado pedindo a Câmara lampiões para iluminar a Rua da Azenha, mostrando que ela estava povoada.
Em 1870, em Porto Alegre, no Arraial do Menino Deus, foram abertas as atuais Ruas Gonçalves Dias, André Belo e Barão do Gravataí.
Em 1870, em Porto Alegre, em homenagem ao 39º Batalhão de Voluntários da Pátria de Porto Alegre, por determinação da Câmara, o “Caminho Novo” estrategicamente localizado as margens do Guaíba, via onde se expandiram as indústrias de Porto Alegre, é rebatizada de Rua Voluntários da Pátria, em toda sua extensão, em homenagem aos soldados voluntários na Guerra do Paraguai.
Entre 1865 e 1870, Porto Alegre, durante a Guerra do Paraguai, se transforma na principal peça da rede de preparativos militares, chegam recursos do Império e a economia da cidade aquece e cresce.
Em 06 de junho de 1870, em Porto Alegre, é entregue solenemente na Igreja Matriz Nossa Senhora Madre de Deus, a bandeira do Império do Brasil do 39º Batalhão de Voluntários da Pátria (de 1 x 0,70) utilizada pelas tropas durante a Guerra do Paraguai, até os dias de hoje guardado como patrimônio na atual Catedral de Porto Alegre. A Província do Rio Grande do Sul contribuiu com 30% das tropas durante a guerra.
Em 30 de junho de 1870, em Porto Alegre, é inaugurado o novo prédio do Hospital Beneficência Portuguesa, na Rua da Independência, em frente da Praça São Sebastião, nos Altos da Conceição, projeto do arquiteto alemão Friedrich Heydtmann, para atendimento de portugueses natos e seus descendentes.
Em 04 de julho de 1870, em Porto Alegre, a Praça do Paraíso (Largo do Mercado, atual Praça XV), passa ser denominada Praça Conde D’Eu, em homenagem ao príncipe Gastón de Orleans, era esposo da princesa D. Isabel e genro do imperador D. Pedro II, foi o comandante das tropas imperiais após a saída do Duque de Caxias, por motivo de doença, durante a Guerra do Paraguai.
Em 09 de setembro de 1870, em Porto Alegre, com o afastamento da fundição do fundador o português Antonio Henriques da Fonseca, seu cunhado Manoel da Silva alterou o nome da empresa para Só & Cia., batizada pelo filho José Manoel da Silva Só.
Dizia Silva Só:
“Eu me chamo Manoel da Silva, só!”, repetia o português Manoel da Silva para distinguir-se de um homônimo também residente em Porto Alegre. De tanto falar acabou incorporando o adjetivo ao sobrenome e a sua empresa o futuro Estaleiro Só.
Em 1871, em Porto Alegre, é inaugurada a nova Estação Telegráfica, na esquina da Rua Jerônimo Coelho, na Praça da Matriz, serviço disponível desde 1867.
Em 29 de janeiro de 1871, em Porto Alegre, é transladada em “Procissão Fluvial” a imagem de Nossa Senhora dos Navegantes da Igreja da Conceição na Rua da Independência, para a Capela do Menino Deus, no arraial de mesmo nome, tudo dentro das tradições açorianas e portuguesas.
Em 02 de fevereiro de 1871, em Porto Alegre, em comemoração a chegada da nova imagem de Nossa Senhora dos Navegantes, encomendada pela colônia portuguesa ao escultor João Alfonso Lapa, que vivia em Portugal é realizada a Procissão de Nossa Senhora dos Navegantes com a grande Festa de Navegantes, partindo do arraial da Igreja do Menino Deus é feita a grande procissão fluvial e o retorno da imagem até o Centro da cidade na Igreja da Conceição.
Devoção de herança lusitana que considerava “Maria, Mãe de Jesus, a protetora dos mares”, a fé foi transmitida aos porto-alegrenses pelos navegadores portugueses.
Em 29 de abril de 1872, em Porto Alegre, foi colocada a pedra fundamental da Escola Militar “Casarão da Várzea”, e começou a construção nos Campos do Bom fim, o prédio inicialmente destinava-se a ser um quartel. O Marechal Câmara, herói da Guerra do Paraguai, instalou a Escola Militar da Província do Rio Grande do Sul em 1880, no casarão da Várzea quando Ministro da Guerra.
A obra foi interrompida em 1878, em 1883, ficou pronta a primeira parte, e, em 1887 foi concluído, o atual Colégio Militar.
Colégio Militar de Porto Alegre onde iriam estudar os futuros presidentes da República: “Getúlio Vargas, Gaspar Dutra, Castelo Branco, Costa e Silva, Garrastazu Médici, Ernesto Geisel e João Baptista Figueiredo”, entre muitas outras personalidades.
Em 19 de junho de 1872, em Porto Alegre, é fundado por Decreto Imperial, de S.M.I. D. Pedro II, uma nova companhia, Carris de Ferro Porto-Alegrense – CFPA adquiriu bondes novos de John Stephenson em Nova Iorque, EUA.
Em 1873, em Porto Alegre, surgiram as duas grandes sociedades carnavalescas:
Esmeralda (verde), e,
Venezianos (vermelho), uma rivalidade entre os verdes e os vermelhos, giraria por duas décadas.
- Em termos de Carnaval, a classe média buscava suas formas de diversão. Criam-se bailes de máscaras e de gala, onde eram executadas polcas e valsas.
O Alto da Bronze, no início da Rua da Igreja (Duque de Caxias) e o Areal da Baronesa (entrada do arraial do Menino Deus) eram “núcleos de resistência da raça negra”, onde preservavam e defendiam seus valores e tradições, os cultos africanos, rezas, danças e cantos, ao som de percussão (tambores, urucungo, age, machachá e sopapo).
O Entrudo (um tipo de carnaval), festa pagã, que mais animava a população, com brincadeiras de invadir as casas dos amigos e jogar água.
Por essa época, o Entrudo, da tradição portuguesa de brincar o carnaval atirando água, limão-de-cheiro e até farinha, retomou sua força, apesar de há muito proibido pela Câmara.
Enquanto a farra corria solta nas ruas, e nisso os negros eram os mais animados, a elite ia aos bailes de máscara no Theatro São Pedro.
- O panorama na Música Popular em Porto Alegre no século XIX, não difere de outras cidades do Império (Rio de Janeiro, São Paulo, Salvador e Recife).
Nos Teatros, a música era utilizada como pano de fundo ou para distrair a platéia nos intervalos.
Os Saraus, nas casas ou nos piqueniques no campo, são a modas entre a elite e a burguesia, com solos de piano e canseonetas.
Nas Ruas, ambulantes, biscateiros, vendedores de sorte grande, e outros, vão se dedicar à música, executando desde modinhas e lundus a peças do teatro lírico italiano.
Nas Senzalas, o ritmo forte africano recebe influência de todas as culturas que circulam pelo país, e geram novos ritmos e músicas.
O popular o boca a boca já tem raízes e é assimilado pela população.
Nas Serenatas ou serestas, notava-se claramente a divisão de classes:
- De um lado, seresteiros descendentes das famílias abastadas, de outro lado,
- Representantes das camadas mais pobres.
A música é parte importante desde o período colonial, pois os feitores nas lavouras obrigavam os escravos a cantarem para ver se estavam trabalhando, depois os italianos e japoneses, tinham que cantar quase interruptamente, isto também acontecia com os vaqueiros “gaúchos”.
Em 04 de janeiro de 1873, em Porto Alegre, é inaugurada a nova linha da Cia. Carris de Ferro Porto-Alegrense, ligando o Centro ao arraial do Menino Deus, um bonde puxado não por muares, mas como a ocasião pedia por uma garbosa parelha de cavalos brancos que conduziu autoridades civis, militares e religiosas desde a Praça Independência (Argentina), junto ao Caminho da Várzea (atual João Pessoa), até o Arraial do Menino Deus.
Arraial que se ornamentou e as pessoas aplaudiram a passagem do veículo e autoridades durante todo o percurso. No dia seguinte as mulas assumiram seu lugar na história do transporte coletivo da capital.
- Para o arraial do Menino Deus foi à primeira viagem em bonde da Carris de Ferro Porto-Alegrense que começou a transportar os porto-alegrenses, início de uma Era Histórica na Capital.
- Embora fossem carros relativamente leves, abertos nas laterais, a dupla de animais precisava de reforço nas subidas. Outra parelha ficava no pé das ladeiras, ajudava a puxar o bonde até o topo e depois era levada de volta ao ponto de espera.
Era comum, os passageiros descerem para ajudar os muares, condutores mal preparados ou mulas teimosas.
- Os bondes tinham apelidos, o sem toldo era o “Vagabundo”, outro era o “Guaíba”, por ser grande.
- Neste mesmo ano, aconteceu uma das maiores enchentes da história da cidade e interrompeu a linha por meses.
Aristocracia no Menino Deus
O arraial do Menino Deus foi à primeira zona residencial aristocrática de Porto Alegre, composta por chácaras e vilas luxuosas. Os primeiros burgueses começaram a trocar o núcleo urbano, devido à degradação de pessoas que ali circulavam ou viviam e a falta de higiene e conservação do atual Centro de Porto Alegre.
Em 26 de janeiro de 1873, em Porto Alegre, lançaram a pedra fundamental da sede da Sociedade Parthenon Literário, seus diretores planejaram construir sua sede ao estilo do Parthenon Grego, o templo ateniense dedicado a deusa Minerva, em um ponto alto e de destaque no atual morro Santo Antônio, lotes foram vendidos para a almejada e grandiosa obra, mas nunca saiu dos alicerces, mas deu nome ao bairro Parthenon mais adiante, pois no local do dito monumento, ficou com o nome de bairro Santo Antônio e no local construído a Igreja Santo Antônio.
Nova sede foi elevada em 10/01/1885 na Rua Riachuelo no Centro.
Em 14 de abril de 1874, em Porto Alegre, é inaugurada a primeira etapa da Estrada de Ferro Porto Alegre – São Leopoldo data em que correu a primeira locomotiva no Rio Grande do Sul.
A cidade está em festa com a “The Porto Alegre and New Hamburg Brazilian Railway Company Limited”.
Em 04 de novembro de 1874, noite, em Porto Alegre, para espanto da população, algumas ruas ficaram mais claras com a troca dos lampiões de azeite por combustores a gás, com a inauguração do “novo sistema a gás de hidrogênio carbonado”, canalizado em tubulações subterrâneas da Companhia São Pedro Brazil Gaz Limited, iniciada em 1872, tecnologia trazida por Mauá e já utilizada no Rio de Janeiro.
Em 1875, em Porto Alegre, as touradas ajudavam a animar as tardes de domingo nos Campos da Várzea (Parque Farroupilha), uma empresa trouxe o toureiro Frascuelo e o bandarilheiro português Almeida Fontes, celebridades internacionais na época.
Mais tarde, o Grande Circo de Touros se estabeleceu na frente da Rua do Imperador (da República).
No começo contam, esses espetáculos atraíram público numeroso. Semelhantes a arenas, os circos eram de madeira, não tinham cobertura, e os camarotes ficavam na parte superior das arquibancadas. As crianças e as mulheres, principalmente, vibravam com os embates entre homens e touros.
Mais para o final da década de 1890, porém os circos começavam a perder a graça. Decepcionados com a pouca ferocidade dos animais, os espectadores mais vaiavam do que aplaudiam, e um jornalista chegou a definir os touros como “um mais manso do que o outro, uma legítima terneirada tambeira”.
Em 1875, em Porto Alegre, é fundada a Companhia de Navegação Arnt, de Jacob Arnt conhecido como “capitão”, além de fazer o transporte de passageiros e cargas, possuía estaleiro com plano inclinado as margens do Guaíba. As barcas, lanchas e chatas da Companhia Arnt foram responsáveis pelo serviço postal, pelo escoamento da produção de grãos e pela importação de mercadorias da colônia alemã entre o vale do Taquari e Porto Alegre.
Entre 1875/76, em Porto Alegre, a vinda de imigrantes italianos foi facilitada pelo empreiteiro Serpa Pinto Jr. Este firmara contrato com o governo para introduzir italianos destinados as colônias e voltou-se para as cidades platinas com o intuito de cumprir contrato com menos despesas, assim segundo Pascale Corte, cônsul geral da Itália, teriam vindo para a Província muitos italianos não agricultores.
Os lavradores miseráveis e sem terra de uma Itália recém unificada paravam com familiares e pertences no Porto de Gênova e projetava a América como à chance de recomeço.
- Os imigrantes desembarcavam na cidade e eram jogados na “Hospedaria dos Imigrantes” (atual quartel da Brigada Militar na Avenida Praia de Belas, esquina Avenida Ipiranga) e seguiam em lanchões das companhias de navegação até Caí e Montenegro, onde se iniciava a subida da Serra, a pé ou em carros de boi.
Após alguns dias arranchados em barracões partiam para a floresta em busca de seus sonhados lotes.
Em 27 de janeiro de 1875, em Porto Alegre, a Provisão Episcopal cria a Capela de Nossa Senhora dos Navegantes, no bairro de mesmo nome, é construída a igreja em terreno doado, prédio misto, com uma só porta.
A famosa festa é transferida de lugar e eixo (Igreja da Conceição – Capela Menino Deus), zona sul para (Igreja dos Navegantes – Igreja do Rosário), zona norte, neste palco a cada “dois de fevereiro” é realizado a Festa anual de Nossa Senhora dos Navegantes em Porto Alegre.
Em 02 de fevereiro de 1875, em Porto Alegre, ocorreu à primeira procissão de Nossa Senhora dos Navegantes no aguardo da nova capela dos Navegantes, no arraial (bairro) de mesmo nome, a imagem foi transladada da Igreja do Rosário por terra e a tarde pelo rio Guaíba para a Capela do Menino Deus (de origem açoriana), onde permaneceu até a inauguração do santuário, em 1876.
Em 19 de maio de 1875, em Porto Alegre, chega o Vapor Isabel, primeiro transatlântico a entrar no porto da capital.
Em 1878, em Porto Alegre, surge a importante Sociedade Filarmônica Porto-Alegrense, transformada no Club Haydn entre 1896 e 1968, deixando clara a influência da imigração alemã adentrando-se na tradição lusa, enriquecendo-a.
1880
Em 1880, em Porto Alegre, na Assembléia Legislativa da Província na pessoa do deputado Prestes Guimarães, iria condenar a imigração chinesa como alternativa ao uso do “negro”, sob alegações raciais que insinuaram falta de habilitação para os trabalhos realizados por negros escravos.
Em 1880, em Porto Alegre, surge a Sociedade Culto as Letras, com o objetivo de propagar o Positivismo em sua revista.
Por volta de 1880, em Porto Alegre, existiam 21 cervejarias, pertenciam à pioneira Kauffmann, os chalés e recreios da cidade, os recreios eram mais abertos, serviam cerveja, charutos e cigarros.
Nesta época os freqüentadores costumavam brincar gritando ao garçom: “Viva a Pátria!”, que era a marca da cerveja mais popular.
Em 23 de maio de 1880, em Porto Alegre, é inaugurado o Prado Boa Vista (Hipódromo Porto-Alegrense), localizado na Rua Boa Vista (Vicente da Fontoura), arraial do Parthenon, o primeiro da cidade.
Realizava quatro páreos e uma corrida especial.
Em 1881, em Porto Alegre, inicia-se a construção do Asilo de Mendicidade, no Caminho de Belas junto à orla do Guaíba pelo padre Joaquim Cacique de Barros, projeto de Grandjean de Montigny, quase 20 anos em obras vão passar até sua conclusão.
Em 1881, em Porto Alegre, surge o Prado Rio-Grandense (atual Secretaria da Agricultura do RS), com entrada pela Rua 13 de Maio (atual Getúlio Vargas), no arraial do Menino Deus, já servido por linha de bonde.
Havia ali, certo clima de cancha reta, pois se permitiam desafios particulares:
“desde que avisassem a gerência a tempo e os jóqueis fossem de boa conduta”.
Em 1881, em Porto Alegre, o primeiro cronista Antonio Álvares Pereira (1806 POA -1889 RJ) o “Coruja”, que incorporou ao nome, publica o livro “Antigualbas”, preciosas reminiscências de Porto Alegre do início do século XIX.
Professor, pesquisador de História, cronista e deputado, nunca esqueceu sua terra.
Em 1882, em Porto Alegre, na Assembléia Legislativa da Província os deputados de tendência republicana, como Wenceslau Escobar, conseguiram aprovar um “imposto de 4$000” sobre cada escravo que residisse fora dos limites urbanos, o que atingia os senhores rurais.
Em 1883, em Porto Alegre, a apaixonada rivalidade dos integrantes das sociedades, Esmeralda e Venezianos se entreveraram, e só não provocaram tumulto maior porque a polícia agiu a tempo.
Aos poucos, os desfiles foram engordando, a Sociedade Germânia e vários blocos foram para as ruas, e o colorido do centro da cidade aumentou com os desfiles dos carros alegóricos. Ricamente ornamentados, com seus foliões em fantasias, esses carros se concentravam na Praça da Alfândega e percorriam as ruas do Centro.
A animação só diminuiria durante a Revolução Federalista, mas a partir de 1896 voltaria com força maior ainda.
Em 1883, em Porto Alegre, é inaugurada a Igreja do Nosso Senhor Jesus do Bom Fim, na Rua do Bom Fim (Osvaldo Aranha), em estilo eclético (colonial português, neoclássico e neo-gótico) é representativo das três fases da construção.
Em 1883, em Porto Alegre, já existindo desde esta data a Livraria e Editora Globo “O Templo da Cultura” por Laudelino Barcellos, na Rua dos Andradas, Centro de Porto Alegre.
Em 1884, em Porto Alegre, é construída a nova Igreja Condomínio do Menino Deus no arraial do Menino Deus, em estilo gótico, abriga no alto da torre, “o único relógio público da época”.
Essa igreja seria local de comemoração das festas desde o Natal até o Dia de Reis.
No século XIX é o ponto de partida para a Procissão de Nossa Senhora dos Navegantes, até sua transferência para a Igreja do Rosário no Centro.
Em 1884, em Porto Alegre, na Assembléia Legislativa da Província, sobre a emancipação dos escravos, dois princípios orientavam as opiniões: - “os riscos da liberdade e a necessidade de compelir o liberto ao trabalho”.
O deputado liberal Itaquy, pronunciava sobre os “perigos da vadiagem, propiciadora de crimes, furtos e libertinagem”, e sugeria a formação de colônias agrícolas.
Reconhecendo os benefícios que trouxera a Província à colonização estrangeira, o deputado indicava: - o caminho da diversificação agrícola e da pequena propriedade, como o mais salutar para garantir não só o progresso econômico como também a ordem social.
Em 29 de junho de 1884, em Porto Alegre, é inaugurado o Hospital Psiquiátrico São Pedro, na Estrada do Mato Grosso (Avenida Bento Gonçalves) no arraial do Parthenon, área afastada do centro urbano, tendo como primeiro diretor o Sr. Carlos Lisboa, que exerceu o cargo até 1889.
Em 12 de agosto de 1884, pela manhã, em Porto Alegre, um grupo de pessoas caminhou em passeata pela Rua da Praia, batendo de porta em porta e pedindo aos donos que libertassem seus escravos.
Vivia-se a agitada “Semana da Libertação” em várias cidades do Império.
Em 07 de setembro de 1884, em Porto Alegre, a Câmara declarou Extinta a Escravidão na cidade, quase quatro anos antes da Lei Áurea. – No Arquivo Histórico de Porto Alegre:
- O “Livro de Ouro” do Centro Abolicionista da capital lista, em 28 páginas, 870 pessoas que libertaram os seus escravos naqueles dias.
O recordista foi Lutero Ferreira Ávila, que soltou 95, seguido de João Gonçalves Lopes, com 51, e o coronel José Manoel Correa, 19.
- A cidade na qual viviam 5.790 escravos registrados, no ano seguinte possuía 1.815, e em 1887, às vésperas da Lei Áurea, apenas 58.
Somente um problema; os libertos foram largados, abandonados sem direitos sem nada, ao bel prazer.
Alforros se aglomeraram na Colônia Africana (atual bairro Rio Branco), Campos do Bom Fim que passou a chamar “Campos da Redenção” e no Areal da Baronesa (atual Cidade Baixa).
- Em 03 de março de 1533, na América do Sul, há a mais antiga referência à importação de africanos (homens vivos) para o Brasil em documento escrito em São Vicente (SP), no qual Pero de Góis pede ao rei de Portugal D. João III:
- “17 peças de escravos forros de todos os direitos e frete que soem pagar”.
- Em princípios do século XVI foi iniciado por Portugal o comércio humano de escravos negros da África para o Novo Mundo, pois os Jesuítas, por sua vez, contribuíram para uma falta de mão de obra atraindo os índios para as Missões no lado espanhol do território. Os índios enquanto por troca com os portugueses pelo escambo (pau-brasil e mantimentos); mas com a lavoura de cana-de-açúcar os índios começaram a ser escravizados, não estavam acostumados ao trabalho forçado e rotineiro, e fugiam para o interior do território que conheciam bem.
As grandes plantações de cana de açúcar necessitavam de muito trabalho manual.
Embora a escravidão seja uma instituição quase tão velha quanto à humanidade, jamais na “era moderna” o tráfico de escravos fora um negócio tão organizado, permanente e vultoso, uma vasta rota triangular que uniu a Europa, a África e a América.
No século XVII britânicos e holandeses se não eram os maiores, eram os que mais lucravam com a escravidão.
No século XVIII, brasileiros e lusos radicados no Brasil se tornaram os maiores e mais eficientes traficantes de escravos.
Um escravo se pagava em cinco anos, a jornada de trabalho nunca era inferior a 18 horas, rações e alojamentos exíguas, os escravos em média sobreviviam 7 anos. O custo de “uma peça da África” eram 50 mil réis, o preço baixo e a facilidade de substituir as “peças”, explica o pensamento de melhor – criá-lo ou comprá-lo.
- A Espanha introduziu o trabalho escravo negro nas Antilhas e Portugal nas Capitanias.
Os africanos que vieram para o Brasil pertenciam a uma grande variedade de etnias, vindos de reinos situados primeiramente na região costeira e interior (do grande Golfo da Guiné, de Angola e Moçambique) desde Berbere do norte, até o Hotentote e Banto do extremo sul da África.
Parece certo que os africanos tiveram origem asiática, e provêm de vários troncos.
A variedade de tipos e os diferentes graus de cultura entre as várias raças e nações africanas, tornam muito difícil, generalizações.
As populações do norte, mais claras e de religião muçulmana, nada tem em comum com os Bantos do centro-sul, mais escuros e, em geral, fetichistas.
Não há, assim, uma “Raça” negra, mas vários tipos negros.
Algumas nações negras haviam atingido um alto grau de cultura. Em virtude de ter chegado ao Brasil na condição de escravo, o negro foi erroneamente considerado de cultura inferior.
De modo geral, podem se classificar os negros entrados no Brasil em três grandes grupos:
- Culturas da Guiné: - representadas principalmente pelos povos Ioruba (da Nigéria), Nagô e outros, Jeje e outros (do Daomé), Mina e outros (da Costa do Ouro);
- Culturas do Sudão: - de religião maometana, de que fazem parte o Fula, o Mandinga, o Haussá;
- Culturas de Angola e Moçambique: - compreendendo inúmeras tribos de Banto.
- Os Iorubas, foram os negros de cultura mais avançada que vieram para o Brasil. A língua que falavam, o “nagô”, foi o que predominou, era empregado em cultos africanos, e dele originou muitos termos da língua nacional.
O grupo Banto de cultura inferior contribuiu com a maior quantidade de palavras para a linguagem do Brasil.
O culto religioso nagô tinha seus sacerdotes chamados de “babalaôs ou babalorixás”. Este culto incorporou muitas práticas do catolicismo, misturando santos com ídolos africanos. O mesmo fenômeno aconteceu com os demais grupos, só os maometanos permaneceram com mais pureza na crença.
O culto religioso negro do Brasil é o resultado da fusão de vários cultos africanos, influenciado pelo cristianismo.
Os negros trouxeram para o Brasil uma grande quantidade de instrumentos musicais, como tambores, atabaques, flautas, marimbas, tambores de jongo, cuíca e berimbau, suas danças e lendas, largamente difundidas no Brasil.
É imensa a contribuição africana na alimentação e na culinária, o vatapá, o bobó, o acarajé, o abará.
Também provém do povo Ioruba o traje vistoso usado pelos negros nos estados do Nordeste, que hoje se chama de “baiana” (turbante, saia rodada, braceletes e colares).
- Os Bantos apesar de inferiores culturalmente, influíram muito nos costumes populares. Reuniam-se em associações beneficentes e elegia um chefe o “Rei do Congo”, a ele prestavam obediência.
A influência da língua foi, porém a principal. A língua do grupo Banto o “Quimbundo”, espalhou-se em grande área do Brasil e introduziu muitos termos na língua aqui falada.
- Os negros Maometanos no Brasil foram chamados geralmente de “Malês”. Isolavam-se dos demais, tinham cultura muito superior, e chegaram a tentar uma revolução na Bahia em 1835. Muitos dos varões que vinham das regiões islamizadas eram alfabetizados em árabe, enquanto seus senhores no Brasil, mal assinavam o nome.
- Os Moçambiques eram bons conhecedores da preparação do ferro.
- Em 1815, sentindo-se prejudicada pelo tráfico, com o início da Revolução Industrial, a Inglaterra decidiu proibi-lo e combatê-lo.
De 1815 a 1851, mesmo ilegal, o tráfico persistiu e, de acordo com alguns estudiosos em quantidades ainda maiores. Dos 12 milhões de africanos escravizados durante três séculos e meio, cerca de 4,5 milhões foram trazidos para cidades, minas e engenhos do Brasil, vendidos no Rio de Janeiro e Salvador e distribuídos para todas as Capitanias.
Charles Darwin já dizia em 1836:
“O Brasil é um país de escravidão, portanto de degradação moral”.
Em 1885, em Porto Alegre, foi resolvido pela Câmara à construção do primeiro Quiosque de Madeira, com linhas simples na Praça Conde D’Eu (atual Praça XV) no centro, para alugá-lo a fim de que “ali se instalasse a venda de bebidas e sorvetes”, a obra foi concluída no mesmo ano.
Em janeiro de 1885, em Porto Alegre, em visita especial de S.A.I. Princesa Isabel e seu esposo Conde D’Eu e comitiva.
A cidade está maravilhada com as presenças ilustres, Suas Altezas, fizeram inaugurações, visitas a entidades, passearam e divertiram-se.
Compareceram as corridas no Prado Boa Vista e a Princesa D. Isabel anotou as emoções da tarde em seu diário.
Em 11 de janeiro de 1885, em Porto Alegre, na charge da Revista “O Século”, foi publicado por ocasião da visita de S.A.I. Princesa Isabel e seu marido o Conde D’Eu à capital:
- Na apresentação a Cidade de Porto Alegre é caracterizada como mulher de mãos dadas com a Princesa Isabel:
“Descendente de Reis, Princesa Egrégia, /
Honra e Penhor do Império do Brasil; /
Nós que co’roa da virtude excelsa,/
Adornastes a fronte senhoril,/
Sede bem vinda às plagas Rio-Grandenses,/
Onde a veiga é mais verde e o céu azul,/
Sois do norte a estrela da bonança,/
Sou a Princesa dos vergeis do sul!/
Nunca a lisonja maculou-me os lábios,/
Nem minha fronte o servilismo vil!/
Posso meus louros vir depor à sombra,/
Da sagrada oliveira do Brasil!”
Em 30 de janeiro de 1885, em Porto Alegre, a princesa regente D. Isabel esteve em visita ao Hospital Psiquiátrico São Pedro, acompanhada de seu esposo o Conde D’Eu e demais autoridades e deixou registrado no Livro de Visitas.
Em 1º de fevereiro de 1885, sábado, em Porto Alegre, foi colocado o primeiro monumento em um logradouro público (dez anos após a proposta aprovada na Câmara) a estátua em homenagem a Manoel Marques de Souza (13.06.1805 -18.07.1875 – 70 anos), o Conde de Porto Alegre, feito em mármore de carrara branco, representa o general em grande uniforme, de pé, apoiando a mão esquerda nos copos da espada, tendo na direita seguro o chapéu armado, mede dois metros de altura e é assentada em um pedestal de granito de três metros, trabalho feito no Rio de Janeiro, há uma única inscrição no pedestal – “General Conde de Porto Alegre”, a estátua foi talhada nas oficinas de mármore dos Srs. Pittanti & Cia, desta capital, onde Pittanti fez a figura e Fossatti miniaturista, executou a parte decorativa, como medalhas, espada e dragonas.
Foi coberta em veludo para a sua inauguração.
O monumento está na Praça Dom Pedro II (Matriz), obra inaugurada pela S.A.I. Princesa Isabel, Regente do Império, em visita a capital da Província.
- O jornal A Federação, diz em 03 de fevereiro de 1885:
“Inaugurou-se a um do corrente, na Praça Pedro II a estátua que a gratidão popular elevou a memória do General rio-grandense Conde de Porto Alegre.
O ato foi extraordinariamente concorrido, estando presentes S.A. Imperial a Princesa Isabel, acompanhada do Conselheiro Andrade Pinto, Sr. Presidente da Província, Visconde de Pelotas (...).
O Sr. General Visconde de Pelotas, pronunciou o discurso inaugural, o qual, com outras autoridades, descerrou “as cortinas que envolviam a estátua”.
Seu corpo embalsamado veio em navio de guerra trazido do Rio de Janeiro, e desde 05 de novembro de 1875 repousa em Capela particular no Cemitério da Santa Casa.
Em 02 de fevereiro de 1885, domingo, em Porto Alegre dia de Nossa Senhora dos Navegantes, S.A.I. Princesa Isabel, seu esposo Conde D’Eu e comitiva acompanham as festividades.
Em 04 de julho de 1885, é fundada a Associação Industrial de Porto Alegre.
Em 1886, em Porto Alegre os Cafés se instalam no interior do Mercado Público, eram pequenos chalés, que serviam bebidas e refrescos.
Em 1886, em Porto Alegre, iniciam as atividades do Colégio Farroupilha, situado na Rua São Rafael (Alberto Bins), Centro.
Em 1886, Porto Alegre já é servido por quatro linhas de bonde:
-Duas ligavam a Praça da Alfândega ao arraial do Menino Deus, uma pelo Riacho e Rua da Margem e outro pelo Largo da Caridade seguindo pelo Caminho da Várzea, na zona sul.
- As outras duas atendiam o Caminho Novo (Voluntários da Pátria), na zona norte e o arraial do Pathenon, na zona leste, que estava bem desenvolvido.
Em 15 de setembro de 1886, em Porto Alegre, o primeiro “alô” foi dado em cerimônia solene na sede da Companhia União Telefônica, na esquina da Rua Riachuelo com a Rua Direita (General Câmara, local da atual Biblioteca Pública do RGS).
O dono da primeira voz era ninguém menos do que o então general Manoel Deodoro da Fonseca, “o futuro proclamador da República”, nesta época era comandante do Exército no Sul e em 1886, ocupava a presidência da Província interinamente.
Foram instalados 72 aparelhos na cidade, o comércio ficou com a maioria dos aparelhos e passou a anunciar nos jornais o seu novo serviço: tele-entrega.
A assinatura anual equivalia ao salário de um funcionário público de categoria média: 120 mil réis, pagos adiantados. Cinco repartições públicas forma dispensadas de pagar a conta pelo serviço.
Porto Alegre foi à sexta cidade do Império a receber esse serviço, depois de Rio de Janeiro, Petrópolis (os lugares onde o Imperador residia), Niterói, São Paulo e Santos já se beneficiavam dele.
A partir de 1887, em Porto Alegre, o lixo começou a ser depositado em valas de dois metros de profundidade por dois metros de largura, abertas nos Campos da Várzea (Parque Farroupilha), tais procedimentos seguiram até o fim do século XIX. Isto mostra uma mudança na concepção em relação ao lixo, antes exposto nas ruas e margens, começa a ser depositado em uma área (embora envolvida pelo núcleo urbano), continuava aberta e sem edificações. Seu enterramento, uma forma de ocultar a sujeira, esforço do governo municipal, em transformar a cidade doente numa cidade sadia, limpa e ordenada, requisito fundamental para implantação e consolidação de uma sociedade “moderna”, comprometida com o liberalismo europeu.
Disse Achylles Porto Alegre, mesmo no final do século XIX:
“... com imundas calhas de águas servidas, fétidas, infectas”.
Em 1888, em Porto Alegre, no levantamento predial existiam 5.996 prédios dentro da área urbana, totalizando 7.192 prédios, dentre casas térreas (que predominavam), assobradados, sobrados e cortiços.
A cidade dispunha de 18 igrejas e capelas.
Composta por 98 ruas, becos e travessas, 27 praças e largos.
Ainda 55 escolas e 3.338 alunos.
Já existem 223 “Fábricas” grandes e pequenos estabelecimentos manufatureiros.
Em 1888, em Porto Alegre, filhos de imigrantes alemães que estudaram na Alemanha, trouxeram o esporte náutico, a “Regata”.
Nasce o Ruder Club (Grêmio de Regatas).
Em 1892, nasce o Ruder Verein Germânia,
Em 1903, o Grêmio de Regatas Almirante Tamandaré,
Em 1905, o Grêmio de Regatas Almirante Barroso.
Em 1888, em Porto Alegre, é concluído o novo prédio do Seminário Episcopal (atual Cúria Arquidiocesana), no grande edifício construído no lugar do antigo Cemitério da Matriz, atrás da Igreja Matriz Nossa senhora Madre de Deus, projeto do arquiteto alemão Johann Grünewald, com entrada pela Rua do Arvoredo (atual Fernando Machado), obra iniciada em 1865.
Em 13 de maio de 1888, no Brasil, Rio de Janeiro, capital do Império, é assinado a Lei Áurea pela Regente do Império Princesa Isabel, declarando livre todos os 723.719 escravos no Brasil, sem indenização a seus antigos proprietários (o governo Imperial não dispunha deste dinheiro).
Em Porto Alegre, a cidade está em festa, todos saem às ruas para comemorar.
- D. Pedro II, em viagem ao exterior ao saber da notícia por telegrama de sua filha a princesa D. Isabel, disse:
- “Grande Povo! - Grande Povo!”
Em 15 de novembro de 1889, no Brasil, Rio de Janeiro, através de uma conspiração militar e das oligarquias é Proclamado à República no Brasil pelo marechal Manoel Deodoro da Fonseca, sem derramamento de sangue, mandando para o exílio o imperador D. Pedro II e a Família Imperial, encerrando o período monárquico e o sistema parlamentarista.
Em 15 de novembro de 1889, noite, em Porto Alegre, o povo se concentrava em frente ao Palácio da Província, na Praça Dom Pedro II, para confirmar os rumores.
O povo explodiu em “Vivas” quando o velho Marechal do Exército José Antônio Corrêa da Câmara, 2º Visconde de Pelotas, herói da Guerra do Paraguai, apareceu na sacada para comunicar que a República tinha sido proclamada no Rio de Janeiro, e ele aceitara o convite de assumir o cargo de presidente do Estado, no governo provisório do marechal Deodoro da Fonseca.
- Desta noite em diante a Cidade de Porto Alegre é capital do Estado do Rio Grande do Sul, a Praça Dom Pedro II (Matriz) passaria a chamar-se Marechal Deodoro (o Proclamador da República).
- Aos gritos de “Viva a República”, os mais exaltados saíram às ruas de Porto Alegre a arrancar as placas de metal da Rua do Imperador, substituindo por placas de papelão, escritas a mão, com o novo nome: - Rua da República.
Essa caminhada da virada, com intervalos para a cerveja nos quiosques e chalés lotados, durou até altas horas, e os novos nomes foram adotados.
Assim literalmente, da noite para o dia:
- Praça Conde D’Eu virou Praça XV de Novembro,
- Avenida Imperial passou para Avenida Benjamin Constant,
- Rua Dona Isabel mudou para Rua Demétrio Ribeiro,
- Rua da Imperatriz passou para Rua Venâncio Aires,
- Rua de Bragança para Rua Marechal Floriano.
- A República foi uma Vitória Gaúcha, pois era a origem dos seus principais inventores e adeptos eram Positivistas.
- Os Monarquistas voltaram para casa, a fim de saber a real situação da Família Imperial e tomar posição na nova ordem.
1890
Em 1890, pelo censo a cidade de Porto Alegre tem 52.421 habitantes, 10% de italianos, o preconceito e as provocações cresceram na mesma proporção, dos dois lados.
- Cai o Império e a Monarquia, vem à República, a Ditadura Militar, o Positivismo, morre o Imperador no exílio.
Em 1892, em Porto Alegre, Manoel Py associado ao comendador Antônio Chaves Barcellos, criaram a Companhia Territorial Porto-Alegrense, responsável pelo loteamento de vários arraiais da capital.
Em 1892, em Porto Alegre, é nomeado o primeiro Intendente Municipal Alfredo Augusto de Azevedo, pelo Presidente do Estado Júlio Prates de Castilhos.
As Câmaras:
- No Império as cidades não tinham autonomia, eram governadas pela Câmara.
- Na República a Câmara é substituída pelo Conselho Municipal, com integrantes eleitos de 4 em 4 anos, onde se reuniria uma vez por ano, em sessão de no máximo de dois meses, para aprovar as contas do Intendente.
Em 1893, em Porto Alegre, segundo Franceschini, existem 6 mil italianos, isto equivale a 10% da população, o preconceito foi grande. Destes há uma apreciável número de calabreses.
Em 02 de fevereiro de 1893, em Porto Alegre, uma semana depois da posse de Julio de Castilhos, inicia a Revolução Federalista, que vai colocar “Maragatos e Pica-paus”, cara a cara, embora houvesse outros interesses em jogo, a revolução resumiu-se ao choque entre os aliados de Gaspar Silveira Martins que voltara do exílio em 1892, imposto por Deodoro da Fonseca e os partidários de Júlio Prates de Castilhos, uma luta entre o antigo regime e a nova ordem, 10 mil morreram, mas a República se firmou.
Em 1895, em Porto Alegre, a iluminação das ruas já tinha 582 “combustores a gás”, que chagavam aos postes através de canos subterrâneos, e 276 “lampiões a querosene”.
Em 1º de março de 1895, em Porto Alegre, é criado o Corpo de Bombeiros.
Em 06 de março de 1895, em Porto Alegre, foi criado o Clube União Velocipédica de Amadores, visto que o número de ciclistas era muito grande para as proporções da época, chegaram vindas da Europa, bicicletas mais modernas e bem mais leves. (Mazo- 2003).
Em 1º de outubro de 1895, em Porto Alegre, Caldas Junior, ou Francisco Antonio Vieira Caldas Junior funda o jornal Correio do Povo, com sede na Rua Payssandú (atual Caldas Júnior) entre a Rua da Praia e 7 de Setembro, jornal que comandava com independência e coragem a notícia em Porto Alegre e no Rio Grande.
Em 1896, em Porto Alegre, é fundada a primeira associação de tenistas da cidade, o Club Walhalla, conhecido como o “clube de tênnis dos alemães”.
Em 1896, em Porto Alegre, nasce o Clube do Comércio por iniciativa de 52 comerciantes a maioria teutos (alemães), com formação na Alemanha, com sede na Rua da Praia, em frente à Praça da Alfândega.
A Burguesia na Independência
- Começa a busca por uma “Porto Alegre limpa, bonita e ordenada”, adequada ao desfile burguês. Uma transformação na paisagem da cidade colonial, com as praças e ruas centrais perdendo suas formas antigas.
A Rua da Independência se firma como espaço da elite porto-alegrense, sua proximidade do Centro, faz dispor de melhorias de infra-estrutura e serviços.
- Na Rua da Independência, rua de grandes mansões, existia 96 casas, 44 prédios térreos, 47 assobradados e 5 sobrados, já passavam o bonde a burros, a água já era encanada. Desde 1874 a rua é iluminada a gás e em 1886 tem inicio o serviço de telefonia.
A Rua da Independência junto com a Rua da Igreja (Duque de Caxias) foram às primeiras contempladas com as benfeitorias de infra-estrutura.
- Nesta última década, em Porto Alegre, fatores como o aumento das taxas prediais no Centro, que elevou o valor dos aluguéis, obrigaram a migração de grupos para pontos mais afastados, com moradias mais baratas, que constituíram os bairros operário-fabris da cidade: São João, Navegantes.
Assim ficava consolidada uma segregação entre ricos e pobres que havia sido iniciada 20 anos antes, quando as famílias abastadas começaram a abandonar o núcleo urbano e se estabelecer no arraial do Menino Deus.
O desenvolvimento de Porto Alegre foi custas e exploração econômica de uma grande parcela da população, que constituía a “classe operária” da cidade, obrigada a duras jornadas entre 12 e 14 horas diária, em ambientes às vezes insalubres.
- Alguns arraiais se fundem formando bairros maiores:
São Miguel (+) Parthenon = Parthenon
Independência (+) Estrada da Floresta (+) São Manuel = Floresta
Várzea da Redenção (+) Independência = Bom Fim
Navegantes,
São João,
Menino Deus,
Azenha e a colina do cemitério completam esta conurbação embrionária.
Em 1897, em Porto Alegre, é promovida pela Sociedade Blitz a “Primeira Corrida Ciclística” nas ruas da cidade. (Lima, 1909 apud Mazo, 2003)
Próximo as terras da Vila dos Pescadores
Em 1897, em Porto Alegre, o italiano Vicente Monteggia adquiriu vasta extensão de terras no Distrito da Tristeza para a colocação do grupo colonial que denominava Vila Nova d’Itália (futuro bairro Vila Nova).
Em 15 de março de 1897, em Porto Alegre, assume a Intendência Municipal da Capital o fluminense José Montaury de Aguiar Leitão, que ficou no cargo por 27 anos.
Em 23 de junho de 1897, em Porto Alegre, numa das sistemáticas enchentes do Riacho (Arroio Dilúvio) a velha “ponte da Azenha” sofreu virtual destruição, sendo necessário reconstruí-la.
Em 1900, a ponte foi reconstruída pelo intendente municipal José Montaury.
Em 1898, em Porto Alegre, realiza-se a primeira disputa ciclística em pista oficial no Velódromo Rio-Grandense, que se localizava na parte central do Prado Independência, na “Schuetzverein Platz”, no Moinhos de Vento. (adaptado de Mazo, 2003)
Em 16 de maio de 1898, em Porto Alegre, é instalado o “primeiro serviço de socorro médico de urgência” do Brasil pelo intendente José Montaury de Aguiar Leitão.
Em 1898, em Porto Alegre, é inaugurado o prédio que se destaca no horizonte da cidade, o Asilo da Mendicidade no Caminho de Belas junto à orla do Guaíba.
Em 1898, em Porto Alegre, na zona sul, na Vila Nova d’Itália já estavam instaladas as famílias de origem italiana:
- Vicente Monteggia, Antônio Dani, Tomazo Fragazza, José Dartezzini, Pietro e Tomaso Moranda, Luis Roman, Luis Bertoni, Domenico Tomazoni, Valentini Moresso, Giuseppe Della Riva, Giácomo Partro.
- Nesta época foi construído o Moinho de farinha de milho ao lado da Ponte de Pedra junto ao Arroio Cavalhada por Vicente Montéggia.
Em 1899, em Porto Alegre, cria-se a União Velocipédica que, neste mesmo ano, inaugura seu velódromo no terreno cedido pelo município, na Cidade Baixa, onde atualmente localiza-se o Instituto Parobé, junto ao Complexo da UFRGS.
Foi a “primeira pista do Brasil construída em concreto” com 333 metros de extensão.
Em 1899, em Porto Alegre, o jornal “A Gazetinha” informou sobre uma “malta enorme de meninos rudes e turbulentos” que invadiam as ruas da capital porque suas mães estavam trabalhando nas novas fábricas da cidade.
- A entrada de mulheres nas firmas industriais gaúcha aconteceu a partir da República (1889), na mesma intensidade e no mesmo instante em que o boom fabril se espalhou. Futuramente empresas como Mephis e Olina priorizarão a contratação de operárias.
- Neste fim de século, Porto Alegre não pode continuar como uma “cidade-aldeia”, como dissera o líder republicano Borges de Medeiros.
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