- Com esta série não é pretendido fazer história, mas sim é visado, ao lado das imagens, que poderão ser úteis aos leitores, a sintetizar em seus acontecimentos principais a vida da antiga Vila dos Pescadores e da Cidade de Porto Alegre inserida na História.

Não se despreza documentos oficiais ou fontes fidedignas para garantir a credibilidade; o que hoje é uma verdade amanhã pode ser contestado.

A busca por fatos, dados, informações, a pesquisa, reconhecer a qualidade no esforço e trabalho de terceiros, transformam o resultado em um caminho instigante e incansável na busca pela História.

Dividir estas informações e aceitar as críticas é uma dádiva para o pesquisador.Este blog esta sempre em crescimento entre o Jornalismo, Causos e a História.Haverá provavelmente falhas e omissões, naturais num trabalho tão restrito.

Qualquer texto, informação, imagem colocada indevidamente, dúvida ou inconsistência na informação, por favor, comunique, e, aproveito para pedir desculpas pela omissão ou inconvenientes.

(Consulte a relação bibliográfica e iconográfica)

Poderá demorar um pouquinho para baixar, mas vale à pena.

vilaguaiba@gmail.com

quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Século XX - 1930 à 1959

Villa Guayba Inserida na História
Neste período, nascerá a Vila dos Pescadores


1930
Segunda República (1930-1945)
A Revolução

- Os gaúchos eram os menos dependentes do sistema econômico internacional, portanto, os menos arruinados com a “crack” (quebra) da Bolsa de Valores de Nova York (EUA), em 1929.
Dos seis estados economicamente mais desenvolvidos no Brasil, o Rio Grande do Sul era o único que não dependia fundamentalmente dos mercados internacionais (uma vez que vendia charque e arroz para o mercado brasileiro) e as indústrias instaladas, principalmente em Porto Alegre, abasteciam seu próprio mercado.
Mesmo tardando alguns meses a crise chegou ao Sul, os bancos gaúchos, como no Brasil, começaram a fechar. Em breve as atividades agrícolas e pastoris sentiram o arrocho da liquidação das hipotecas.
As eleições presidenciais estavam marcadas para março de 1930, concorriam o paulista Júlio Prestes de Albuquerque, presidente do Estado de São Paulo (candidato do governo federal Washington Luis, que rompeu o acordo com Minas Gerais) e o gaúcho Getúlio Dorneles Vargas, presidente do Estado do Rio Grande do Sul (candidato de oposição, com o apoio de Antônio Carlos Ribeiro de Andrada (descendente do patriarca da independência José Bonifácio), presidente do Estado de Minas Gerais e João Pessoa, presidente do Estado da Paraíba, que foi vice na chapa).
A depressão fortalece os favoráveis a candidatura de Getúlio Vargas, se fracassasse, seria a revolta armada contra o governo.

Nos anos 1930, em Porto Alegre, os músicos vão preferir as boates e cabarés, onde executam jazz, samba e tango.
Aparecem: - Piratini, Horacina Correa, Caco Velho, Paulo Coelho, Marino, Lupiscínio Rodrigues e Alcides Gonçalves.

Nesta década de 1930, em Porto Alegre, a Rua Protásio Alves já tinha alcançado a Rua Carlos Gomes, quando o bairro Petrópolis tomou corpo.

Nas décadas de 1920 e 1930, em Porto Alegre, ali na Rua da Praia (Andradas) dezenas de café, bares, cabarés, várias opções para se atravessar a madrugada, foi o período de apogeu do Centro da cidade.

- Durante a década de 1930 a maior parte dos arquitetos ativos em Porto Alegre, foram rebaixados à condição de “construtor licenciado”, desprestigiados ou perseguidos. Este estado de coisa levou a que projetos mais importantes passagem a ser desenvolvidos em empresas de engenharia locais por desenhistas de superficial formação técnica e a arquitetura teve tão violento retrocesso.

Em 1930, em Porto Alegre, são fundadas as primeiras Escolas de Dança com Lia Bastian Meyer e Tony Seitz Petzhold, paradigmas das demais.

Em 1º de março de 1930, no Brasil, a eleição a presidência da República se deu entre a candidatura de Getúlio Vargas (Presidente do Estado do Rio Grande do Sul), João Pessoa (Presidente do Estado da Paraíba) para vice e sua “reformas de base” e o legalista Júlio Prestes (Presidente do Estado de São Paulo) apoiado por Washington Luis, atual presidente da República.
O resultado era tão evidente e manipulado, que o povo nem aguardou os números oficiais (1 milhão para Julio Prestes e 700 mil para Getúlio Vargas),  Getúlio Vargas só venceu nos estados que o apoiavam.
Vargas estava disposto a aceitar a situação, mas o assassinato do vice João Pessoa em Recife (PE) o faria mudar de idéia e conspirar em Porto Alegre a “Revolução”.

- O não reconhecimento da derrota nas urnas levaria os parlamentares gaúchos a se solidarizarem com o movimento revolucionário. Na Assembléia, os deputados João Carlos Machado e Minuano de Moura lideraram uma moção de apóio a Getulio Vargas.

Em 19 de abril de 1930, em Porto Alegre, com seu piso de placas de vidro no térreo e um grande vitraux no centro do teto, a Galeria Pedro Chaves Barcelos foi à primeira inaugurada na cidade.
Tornou-se ponto de encontro de figuras históricas, como o ex-presidente João Goulart, o ex-prefeito Loureiro da Silva e o escritor Érico Veríssimo, que lá freqüentavam a Confeitaria Carola e o Salão Londres.
Mandada construir pela Família Chaves Barcelos, a galeria de oito pisos tinha apartamentos residenciais nos andares superiores.

Em 26 de julho de 1930, no Brasil, em Recife (PE), o presidente do Estado da Paraíba, João Pessoa (que foi candidato a vice com Getúlio Vargas na chapa derrotada para Presidência da República) é morto por um membro da Família Dantas, rival político, foi uma comoção nacional, dizia-se:
“O Cadáver da Nação”

- Este foi o estopim para a Revolução de 1930.
De Porto Alegre o Rio Grande do Sul estava maduro para exportar para o resto do país seu modelo político baseado no “caudilhismo” de influência “artiguista e positivista”, a fórmula duraria por 25 anos.
Os gaúchos eram os menos dependentes do sistema econômico internacional, portanto, os menos arruinados com a “crack” (quebra) da Bolsa de Nova York (EUA), em 1929.
Dos seis estados economicamente mais desenvolvidos no Brasil, o Rio Grande do Sul era o único que não dependia fundamentalmente dos mercados internacionais (uma vez que vendia charque e arroz para o mercado brasileiro) e as indústrias instaladas, principalmente em Porto Alegre, abasteciam seu próprio mercado.
Mesmo tardando alguns meses a crise chegou ao Sul, os bancos gaúchos, como no Brasil, começaram a fechar. Em breve as atividades agrícolas e pastoris sentiram o arrocho da liquidação das hipotecas.
A depressão fortalece os favoráveis a candidatura de Getúlio Vargas, se fracassasse, seria a revolta armada contra o governo.

A Revolução de 30 começou em Porto Alegre.
Como retaguarda da República “de pé, pelo Brasil”, não podia falhar seu “destino heróico”.

Em 03 de outubro de 1930, na manhã, em Porto Alegre, uma frase cifrada era ouvida nos telefones, proferida por voz feminina para não atrair desconfiança:
“O doente piorou e vai ser operado hoje”.

Os colégios mandaram as crianças mais cedo para casa.

Estoura às 17h30min, o esperado movimento revolucionário, com a tomada do QG do Exército, na Rua da Praia.
Tem início a Revolução de 30.
Os tiroteios puseram as ruas de Porto Alegre, principalmente do Centro em pânico.
O movimento era esperado, e seu estouro surpreendeu apenas os quartéis, desprovidos de serviços de inteligência dignos do nome.
Era necessário fazer a revolução antes da posse do presidente eleito Julio Prestes em 15 de novembro, apoiado pelo presidente da República Washington Luis.

Era o plano de Osvaldo Aranha e Flores da Cunha sendo posto em execução:
- A Guarda Civil, fingindo uma manobra pelas ruas, atacou o QG e, depois, o Arsenal de Guerra, logo adiante.

Segundo a Revista do Globo, os próprios Osvaldo Aranha e Flores da Cunha comandaram o ataque, e pessoas do povo, ensandecidas, com seus revolveres em punho, engrossavam o pelotão de guardas civis.

A luta se estendeu a vários pontos de Porto Alegre:
- Ao quartel do 7º BC – Batalhão de Caçadores, que ficava na atual João Pessoa com Rua Annes Dias,
- Ao quartel do Morro Santa Tereza,
- Ao quartel da Rua Vieira da Castro (atual 1ª Cia. de Guarda) e outro Quartel na João Pessoa.

No QG, na Rua da Praia, o comandante da Região Sul, general Gil de Almeida, só se rendeu depois que trouxeram uma carta assinada por Getúlio Vargas, dando-lhe garantias.

Mas nos outros quartéis a luta se prolongou.
A mais acirrada foi a do quartel do Exército da Rua Vieira de Castro.
À noitinha, quando a chuva começava a cair, e no momento em que as balas voavam para todos os lados, um bonde lotado passou pela esquina da Rua Venâncio Aires, obrigando os passageiros a se atirarem no assoalho.
Ali, a rendição só aconteceu às 10h da noite.
O 7º BC foi o último a entregar as armas, na madrugada de 04 de outubro de 1930.
Dizem que do ataque ao quartel na Praça do Portão, sobraram uns tirinhos para a estátua do Conde de Porto Alegre, que fica em frente ao prédio.

“O povo em massa foi às ruas comemorar a Vitória dos revoltosos gaúchos e de
Getúlio Vargas”.

- A cidade conta os mortos (foram 19) e feridos (entre 90 e 100).

Em 11 de outubro de 1930, em Porto Alegre, Getúlio Vargas embarca na Estação Ferroviária Central de Porto Alegre em trem expresso da VFRGS, sob festa da população com destino ao Estado do Paraná a fim de assumir o comando das forças revolucionárias em marcha para a capital da República no Rio de Janeiro.

Em 24 de outubro de 1930, no Brasil, os revolucionários do Sul e do Norte ocuparam vários Estados, quando os revoltosos do Sul se preparavam para invadir São Paulo, a fim de alcançar o Rio de Janeiro, um grupo de militares, para evitar maiores conflitos, resolveu depor o presidente da República Washington Luis (três semanas antes do término de seu mandato), o presidente não queria renunciar, preferia a morte, mas o arcebispo do Rio de Janeiro Dom Leme, o convence.
A idéia dos revoltosos era não deixar Júlio Prestes, candidato vitorioso nas eleições, assumir a presidência.

- Foi tudo muito rápido. - Vinte dias depois do início da Revolução, os Gaúchos festejam a vitória da Aliança Liberal, no Rio de Janeiro, Capital Federal.

Em 30 de outubro de 1930, no Brasil, Rio de Janeiro, chega à capital federal Getúlio Vargas em sua entrada triunfal, vestia uniforme militar, lenço vermelho no pescoço e um chapéu de gaúcho de aba larga, não escondia a tradição como fazia questão de honrar.

Em 31 de outubro de 1930, Brasil, Rio de Janeiro, a população saiu às ruas da cidade para saudar o vencedor Getúlio Dorneles Vargas, os gaúchos eram vistos com desconfiança.
Mesmo vindo de trem desde Porto Alegre, Getúlio Vargas entra na cidade do Rio de Janeiro a cavalo, sendo recebido pela população.
Muitos dos aliados milicianos chamados “corpos provisórios” seguiram do Sul a cavalo num percurso de mais de 1.500 quilômetros e também entraram no Rio de Janeiro, cavalgaram pelas ruas da capital federal com um misto de desprezo e admiração pelo esplendor urbano.

- Os cavaleiros vitoriosos ao atingirem o Centro do Rio de Janeiro, amarraram suas montarias, ao pé do obelisco da Avenida Rio Branco (dito e feito).
“Deixando claro que uma nova visão de mundo estava chegando ao poder.”

- Para inúmeros moradores da capital nacional, era uma “vergonhosa profanação” de um símbolo da cidade.

Em 03 de novembro de 1930, no Rio de Janeiro, é nomeado como “Chefe do Governo Provisório” o comandante vitorioso Getúlio Dorneles Vargas, (03.11.1930-15.07.1934), décimo quarto presidente da República, Gaúcho, Aliança Liberal – AL, sem Vice.
Em seu primeiro governo, foram enfrentadas sérias dificuldades econômicas, a crise de desemprego, a crise do café. Foram feitas reforma no ensino, imposta novas leis de trabalho, como:
Regulamentação do horário de trabalho dos trabalhadores,
Instituição de férias anuais,
Assistência médica e hospitalar,
Criação de novo Institutos de Aposentadoria e de auxilio financeiro para a casa própria.

“Os Gaúchos, depois de se dividirem na Guerra dos Farrapos -1835, de se degolarem na Revolução Federalista de 1893 e de se digladiarem na Revolução de 1923, finalmente se uniram e avançaram sobre o resto do país em 1930.”

- Sendo um dos estados participantes da Revolução de 1930, o Rio Grande do Sul isolou-se do resto do país, fato que perturbou o funcionamento das indústrias, ficando algumas ameaçadas de paralisação de suas atividades. Os meios de transporte foram requisitados para as operações militares, ficando interrompida a entrada de matéria-prima para a indústria gaúcha, bem como a remessa da produção local para os mercados do centro do país.
A situação de emergência implicou um entendimento e ação conjunta entre o poder público e os empresários. Foi formado, sob a liderança do major Alberto Bins, intendente de Porto Alegre e empresário, um Comitê Industrial para proteger o trabalho e organizar e defender os interesses dos empresários.
Ao término da Revolução, este Comitê Industrial em Porto Alegre foi levado adiante por A. J. Renner que concretizou a fundação do Centro da Indústria Fabril do Rio Grande do Sul.

Em 07 de novembro de 1930, em Porto Alegre, em reunião realizada nos escritórios da Livraria e Editora Globo, na Rua dos Andradas, 1416, Centro, quatro dias após a posse de Getúlio Vargas no “governo provisório” no Rio de Janeiro, deu origem ao Centro da Indústria Fabril do Rio Grande do Sul o CINFA, origem da FIERGS e CIERGS.
Vinte e seis empresários de vários ramos da indústria fabril da capital e do interior atenderam ao chamado do major Alberto Bins e de A. J. Renner.
Estavam presentes na reunião histórica:
A.J. Renner & Cia.
Fábrica Berta,
Wallig & Cia.
Oscar Compani & Cia.
Kessler Vasconcellos & Cia.
Ernesto Neugebauer & Cia.
Nedel, Jung, Hermann & Cia.
Frederico Casper & Cia.
Sociedade da Banha Sul Rio-Grandense & Cia.
Walter Gerdau,
Fábrica Rio Guayba,
Bopp, Sassen e Ritter & Cia.
Kluwe, Müller & Cia.
Oscar Teichmann & Cia.
Sociedade Indústria e Comércio Ltda,
Otto Brutschcke,
Cia. Fiação e Tecidos Porto Alegrenses,
Hugo Gerdau,
Cia. Geral de Indústrias,
Barcelos, Bertaso & Cia.
F. C. Kessler & Cia.
J. R. Fonseca & Cia.
Cia. de Vidros Sul-Brasileira,
Tannhauser & Cia.
Cia. Souza Cruz.

Em 11 de novembro de 1930, no Brasil, Rio de Janeiro, após o término da Revolução de 1930, o Decreto nº 19.398 instituiu o Governo Provisório do Brasil exercido por Getúlio Vargas, foram dissolvidos todos os órgãos legislativos ao nível “federal, estadual, municipal, do Distrito Federal e do Território do Acre”.
O líder do movimento nacional que pusera fim a República Velha, no governo provisório foram imediatamente dissolvidos, o Senado, a Câmara Federal e as Câmaras Estaduais.
Os presidentes dos Estados foram substituídos na sua maioria por homens de confiança de Vargas, os chamados Interventores.

Em 17 de novembro de 1930, em Porto Alegre, em reunião almoço no Clube do Comércio A. J. Renner foi eleito primeiro presidente do Centro da Indústria Fabril do Rio Grande do Sul - CINFA, o major Alberto Bins foi eleito “presidente honorário”, em reconhecimento aos esforços pioneiros.
A primeira sede da CIERGS foi instalada em dois conjuntos alugados na Rua Dr. Flores.
No final do ano já eram 63 indústrias associadas, que empregavam 10 mil operários.

Em 26 de novembro de 1930, no Brasil, Rio de Janeiro, capital federal, menos de um mês após a posse de Getulio Vargas, conforme formulado por Lindolfo Collor em campanha anterior era criado o Ministério do Trabalho (o maior legado de ambos).
 A nova pasta foi entregue a Lindolfo Collor, deputado e “tenente civil”, que formou a Comissão Collor, com intelectuais, políticos e advogados, alguns advindo das lutas sindicais, e da qual faziam parte A.J. Renner e Jorge Street.
Ao assinar o decreto de criação do ministério. Consta que Getúlio Vargas teria dito:
- “Está ai, vocês queriam. Está criado o Ministério do Trabalho. Deus queira que esse alemãozinho não nos vá incomodar muito.”
O “alemãozinho” era Lindolfo Collor (1890-1942), filho de imigrantes, nascido em São Leopoldo e de ética ferrenhamente Protestante, era também jornalista e dirigiu o jornal do Partido - PRR “A Federação”.
Em março de 1931, assinado o Decreto nº 19.770, que segundo Lindolfo Collor, incorporou o sindicalismo “ao Estado e as leis”.
Em março de 1931, surgiria a Carteira Profissional, visando garantir os direitos dos trabalhadores, mas que era também um instrumento de controle.
Em 1932, Lindolfo Collor em apóio a Revolução a “guerra paulista” contra Vargas, se demitiria do cargo e junto com outros aliados partiria para o exílio. Mas ai já estava em pé à estrutura corporativa que ainda hoje delimita o sindicalismo brasileiro.
O Ministério do Trabalho criou um sistema de controle:
- Inspetorias Regionais em todos os estados,
Em 1932 surgiria o Conselho Nacional do Trabalho.
Era nítida a influência da “Carta del Lavoro”, promulgada pela Itália fascista de Benito Mussolini em 1927 e que A.J. Renner tanto apreciava.

Em 17 de dezembro de 1930, no Brasil, Rio de Janeiro, capital federal, no governo de Getúlio Vargas foram criados pelo Ministério do Trabalho as Caixas de Aposentadoria e Pensões, depois os Institutos (os IAP’s).

Em janeiro de 1931, em Porto Alegre, teve início o serviço de trens de passageiros feito com carros de aço, com partidas simultâneas de Porto Alegre e Santa Maria, diariamente, às 21h00min — o terceiro no Brasil e o primeiro na nossa bitola métrica da Viação Férrea do Rio Grande do Sul – VFRGS.

- As locomotivas empregadas para puxar o Farroupilha como foi chamado o “trem noturno” que ligava Porto Alegre a Santa Maria. Foram as recém-adquiridas Garratt n° 901 a 910, fabricadas pela Henschel sob licença da Beyer-Garratt, de rodagem 4-6-2+2-6-4.

Nota:
- As Garratt foram empregadas não só na VFRGS, mas em várias partes do Brasil, devido à grande aderência que possuíam, sem com isso forçar as linhas com excesso de peso localizado (peso por eixo).

Em 18 de abril de 1931, em Porto Alegre, é inaugurado o grande Cine-Teatro Imperial, na Rua da Praia, em frente à Praça Senador Florêncio (Alfândega).

Em 1932, em Porto Alegre, desembarcam no Cais Central junto ao Guaíba, uma série de artistas populares, como:
- Conjunto “Os Ases do Samba”, formado por Noel Rosa, Francisco Alves, Mário Reis, Pery Cunha e Nono, arrasou no Cine-Teatro Imperial, isto depois de fazer uma apresentação exclusiva para os sócios do Clube Jocotó no Theatro São Pedro.

Clube Jocotó
- Com sede na Tristeza, zona sul de Porto Alegre, era um clube muito considerado. Nos carnavais, o Trenzinho Riacho/Tristeza que contornava a enseada da Praia de Belas até a Pedra Redonda e voltava madrugada afora, carregando de ruidosos pierrôs e colombinas.

- Nesta época, pessoas de berço só brincavam o carnaval em clubes. As sociedades tinham deixado o carnaval de rua para o povo, que, aliás, não se fazia de rogado. Quando o “Deus Momo” desembarcava no cais do porto, a folia se espalhava pela cidade da Rua João Alfredo à Avenida Eduardo (Franklin Roosevelt), passando pela Avenida Bom Fim (Osvaldo Aranha) e Benjamim Constant, que tinham carnaval próprio.

- Nos outros 11 meses do ano a diversão da cidade era a chamada “sétima arte” o Cinema.

Em 1932, em Porto Alegre, é criada por A. J. Renner as Lojas Renner para comercializar produtos de sua fabricação.

Em 1932, em Porto Alegre, a maior festa que a Cidade Baixa já viu foi quando Osuanlele Okizi Erupê, nome na sua língua original, “Príncipe de Ajudá” ou José Joaquim Custódio de Almeida completou cem anos de idade.
Nesse dia muita gente "de bem" foi abraçá-lo em sua casa, e ele, dando demonstração de sua vitalidade exuberante, montou a cavalo sem receber qualquer ajuda. Aliás, isto ele fez até poucos dias antes de sua morte.

Em 1932, em Porto Alegre, a obra do Viaduto da Borges de Medeiros (atual Otávio Rocha) junto a Rua Duque de Caxias sobre a Avenida Borges de Medeiros está concluída, uma obra de formidável impacto no perfil urbano.

Em 1932, em Porto Alegre, a Varig - Viação Aérea Riograndense, se transfere para o Aeródromo São João, campo de pouso da Brigada Militar, agora chamado de Aeroporto de Porto Alegre, nos Campos da Várzea, no bairro São João, onde foi montado os hangares e a Estação de Passageiros.

Em 05 de maio de 1932, no Brasil, Rio de Janeiro (DF), o presidente da República Getúlio Vargas, determinou que o segundo domingo do mês de maio fosse à data oficial da comemoração do Dia das Mães, já comemorado em Porto Alegre desde 1918.

- Quinze anos depois a Igreja Católica incluiu a data no seu calendário oficial.

Em 1933, em Porto Alegre, é concluída obra da ala norte do Hotel Magestic, as cúpulas em mirantes circulares são inauguradas, projeto do arquiteto alemão radicado em Porto Alegre Theo Wiederspahn (1878-1952), com entrada pela Travessa Araújo, 187, são 150 quartos amplos, neste hotel se hospedará os presidentes Getúlio Vargas, João Goulart, e muitas outras autoridades e personalidades da época.

Em 06 de agosto de 1933, domingo, em Porto Alegre, mais de 30 mil pessoas se reuniram na Praça Senador Florêncio (Alfândega) para assistir o ato inaugural da estátua eqüestre do General Osório, Manoel Luis Osório o Marquês de Erval (27.05.1808 -04.10.1879), Patrono da Arma de Cavalaria do Exército Brasileiro, a praça era tudo da mais alta categoria urbanística e social.
Estavam presentes a cerimônia o Interventor Federal o general José Antonio Flores da Cunha, o Intendente Municipal major Alberto Bins, e a comissão promotora e realizadora do monumento presidida pelo general Cypriano da Costa Ferreira e outros...
A estátua com 8 metros de altura, obra do escultor paulista Hildegardo Leão Veloso, duas grandes frases estão gravadas no granito, colocada uma em cada face lateral:

“Soldados! - É fácil a missão de comandar homens livres, basta mostrar-lhes o caminho do dever.”

“A data mais feliz da minha vida seria aquela em que me dessem a notícia de que os povos civilizados festejavam a sua confraternização, queimando seus arsenais”.
Manoel Luis Osório, herói de Tuiutí na Guerra do Paraguai, foi senador vitalício do Império a partir de 1877 e em 1878 foi designado Ministro da Guerra onde a morte o surpreenderia em outubro de 1879.

Em 1934, em Porto Alegre, o interventor federal general honorário José Antônio Flores da Cunha (28.11.1930-15.04.1935) assinou no Palácio Piratini o ato de criação da Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS, unindo todas as faculdades formando o campus junto ao Parque Paulo Gama na Cidade Baixa em uma só entidade.

Em abril de 1934, e em junho, em Porto Alegre, o intendente Alberto Bins assumiu o comissariado para a realização da mostra com inauguração prevista para 20 de setembro de 1935 da Exposição Comemorativa do Centenário Farroupilha (1835-1935).
Ao CINFA e a Federação das Associações Rurais, coordenadas por A.J. Renner, Leôncio Lobato, Ernesto Koelbe e Antônio Dias da Costa, coube organizarem um evento que exibisse “uma mostra da capacidade realizadora dos gaúchos” na indústria, na pecuária e na agricultura. Foram mais de 3 mil expositores inscritos e 20 pavilhões construídos.

Entre 29 e 30 de junho de 1934, em Porto Alegre, sobrevoa o dirigível Graf Zeppelin “o orgulho alemão”, inflado com gás hidrogênio, em viagem na sua linha Berlim (Alemanha) /Rio/Buenos Aires (Argentina), causou furor ao circular pelo Centro da capital e muitas fotografias foram tiradas.
As pessoas sobem em prédios, correm pelas ruas para a melhor visão do objeto voador.

Desde 1935, em Porto Alegre, a Intendência Municipal (Prefeitura), organizava grupos de estudo para formular diretrizes, e disciplinar o crescimento, inclusive trazendo arquitetos de fora do Estado.
.
Em 1935, em Porto Alegre, 10% da população cabiam nos cinemas – 26.218 lugares – distribuídos por 22 Salas de Cinema.

- Cada bairro tinha sua sala de cinema, imensa, mas os mais apreciados se concentram na Rua da Praia, iluminada e colorida, “Pequena Broadway”, como era chamada, enchia-se de carros.

Em 1935, em Porto Alegre, houve a mudança de mão de circulação para os Bondes, pois trafegavam na mão esquerda, por conta da influência dos ingleses, que implantaram o serviço de bondes elétricos.

Em 1935, em Porto Alegre, a nova Avenida Borges de Medeiros chega até a Praça Montevidéu no Paço Municipal (anterior Paço dos Açorianos).

Em 12 de abril de 1935, em Porto Alegre, no prédio da Assembléia dos Representantes se instalou a Assembléia Constituinte estadual, influenciada pelas tendências da época, elegeu indiretamente para governador o então interventor Flores da Cunha.

Em julho de 1935, em Porto Alegre, encerrada a tarefa é promulgada a Constituição Estadual a segunda do Estado. A Assembléia dos Representantes transformou-se em Assembléia Legislativa, período de estabilidade até o golpe de 1937.

- O clima geral quanto às perspectivas econômicas do Estado era de euforia, Porto Alegre se via como participante de uma marcha rumo ao progresso econômico, de uma arrancada para o desenvolvimento, - e era verdade!

Em 24 de julho de 1935, em Porto Alegre, Arnaldo Ballvé teve papel importante na fundação da Rádio Sociedade Farroupilha e a dirigiu até abril de 1943, quando a mesma passou a pertencer aos Diários Associados de Assis Chateaubriand.

Em setembro de 1935, em Porto Alegre, no ano do “Centenário Farroupilha”, inicia a construção da nova Ponte da Azenha sobre o Riacho (arroio Dilúvio, antigo rio Jacareí), com 4 pistas (duas para cada mão), com decoração em florões em suas extremidades, iluminação especial e placa comemorativa, inaugurada em 1936 pelo intendente (prefeito) major Alberto Bins, o marco Farroupilha ganha uma obra de arte com a grandeza do local.

Em 19 de setembro de 1935, em Porto Alegre, pelo Decreto nº 307 assinado pelo intendente Alberto Bins, a antiga Várzea (Campos da Várzea do Portão), Campos do Bomfim, Campos da Redempção, Parque da Redenção ganhou o nome de Parque Farroupilha em homenagem ao evento, a grande “Exposição do Centenário da Revolução Farroupilha 1835-1935”, que deixaria o parque drenado e urbanizado inspirado no projeto de urbanista francês Alfredo Agache, gerando grande legado.

- Em 1807, a área era chamada de Várzea do Portão, planície alagadiça que servia de estacionamento e acampamento de carreteiros, próxima ao antigo portão de entrada da Villa de Porto Alegre, a área do atual do parque acabou ficando do lado de fora da fortificação durante a Revolução Farroupilha.

- Após o Conflito Farroupilha, a inspeção da Câmara verificou irregularidades como cercas avançando em seu território e chácaras construídas bem em seu centro, nos Campos da Várzea, que foram demolidas.

- Nos anos seguintes, o governo e particulares tentaram fracionar a área, sempre encontrando oposição da vereança.

- A área também foi chamada de Várzea da Redenção por ser o lugar de fuga dos primeiros escravos, fugidos ou forros e até depois da abolição, nome que permaneceu na memória do porto-alegrense.

- Em 1883, pela construção da Capela do Senhor Jesus do Bom Fim a área era chamada de Campos do Bom Fim.

- Os Campos da Redenção teve sua utilização como área de lazer e passeio desde o final do século XIX, com a construção de vários locais; clubes esportivos e lazer e o Parque Paulo Gama.

- Em 2010, o Parque Farroupilha possui vários monumentos e recantos, é utilizado para descanso, praticar esportes, ou tomar um bom chimarrão com a Família, o local é freqüentado por toda a população da cidade.
No local há Lago, Pedalinhos, Área Comercial, Parque de Diversões, Mini-Zôo, Auditório e Complexo Desportivo e diversas promoções durante todo o ano.
Com 370 mil m2 de área e 45 monumentos.

Em 20 de setembro de 1935, domingo, em Porto Alegre, 99 anos após Bento Gonçalves não ter chegado a cavalo no Rio de Janeiro (1836), chegou amarrado e conduzido ao calabouço do Forte da Lage, no meio da Baia da Guanabara, mas sua imagem e seus ideais estavam de tal forma viva, como metáfora, com os gaúchos instalados no poder, com Vargas no Palácio do Catete (RJ), decidiram fazer uma ruidosa celebração da eclosão da Revolução Farroupilha e da pujança e garra do povo e da economia Gaúcha.

- Foi inaugurado o espetacular e mais esperado evento, já realizado na cidade, a Exposição do Centenário da Revolução Farroupilha (1835/1935), com a presença do presidente da República Getúlio Vargas e demais autoridades.
A exposição não apenas mostrou ao Brasil a pujança da economia gaúcha como transformou o Parque da Redenção numa espécie de ilha da fantasia, capaz de proporcionar aos porto-alegrenses a ilusão que embarcavam numa maravilhosa era de modernidade, a exposição durou um ano.
Com cerca de 20 pavilhões que foram erguidos em estilo modernista de acordo com o modelo da época “art deco”; mais de três mil expositores participaram do certame.

- O parque foi totalmente remodelado e ajardinado para abrigar uma exposição nacional, com expositores do exterior, onde o Rio Grande do Sul e a sua capital, Porto Alegre aparecem em lugar de destaque.
Eram 22 hectares estruturados com jardins, fonte luminosa, chafarizes, recantos e um grande lago especialmente construído para o evento.
O Pórtico de Entrada tinha 84 metros de largura e 22 metros de altura.
O Pavilhão da Indústria Gaúcha, de 230 metros 60 de largura e 19 de altura, mais de 900 indústrias possuíam estantes.
O Pavilhão da Indústria Estrangeira,
Os Pavilhões dos Estados participantes.
O Instituto de Educação (construído especialmente para a exposição), onde se exibia a Exposição Cultural um dos pontos altos da mostra, organizada por Walter Spalding, em 68 salas, onde se exibia impactante panorama da arte gaúcha:
- Uma quase completa exposição de jornais de 1829 a 1935,
- Boa parte da produção editorial de 1827 a 1935,
- Coleções científicas,
- Exposição de quadros de Pedro Waingartner,
O famoso Cassino, com sua estrutura “art deco”, em formato de um grande Iate (Pakete).
No primeiro dia 104 mil pessoas visitaram a Exposição.

Foram doados a cidade de Porto Alegre cinco monumentos pelas colônias estrangeiras em ensejo do Centenário Farroupilha:
- Coluna Jônica, instalada no Parque Farroupilha, em granito, doada pela Colônia Sírio-Libanesa, na placa lê-se:
“A Colônia Syrio-Libaneza Estado do Rio Grande do Sul no 1º Centenário Farroupilha.”
- Obelisco ao Fundador de Porto Alegre, Manoel Jorge Gomes de Sepúlveda (José Marcelino de Figueiredo), em granito, instalado junto a Avenida Sepúlveda, em granito, doado pela Colônia Portuguesa.
- Obelisco ao Centenário da Grande Epopéia, instalado no Parque Farroupilha, em granito, doada pela Colônia Israelita.
- Fonte Talavera de La Reina instalada em frente à Prefeitura Municipal na Praça Montevidéu, em cerâmica com azulejos mouriscos procedente da própria Espanha, doada pela Colônia Espanhola.  
- O Gaúcho, monumento em bronze, do escultor uruguaio Federico Escalada, instalado no Parque Farroupilha, doada pela Colônia Uruguaia.

- Antes de voltar ao Rio de janeiro o presidente da República Getúlio Vargas disse ao intendente de Porto Alegre major Alberto Bins:
“Felicito-vos pelo brilho do certame Farroupilha e volto encantadíssimo com tudo o que me foi dado observar.”

Em 22 de setembro de 1935, em Porto Alegre, foi realizado no “fortim” da Baixada, no Moinhos de Vento, o grande “match” que decidia o título do Centenário Farroupilha entre Sport Club Internacional X Grêmio FBPA, o rubro estava em vantagem na tabela invicto ante todos os adversários.
Neste dia a baixada estava tomada pelo público entusiasta. A duas equipes entraram em campo, como segue:
Grêmio: Lara, Dario e Luiz Luz, Jorge, Mascarenhas e Sardinha II, Russinho, Artigas, Fouguinho e Divino.
Internacional: Penha, Natal e Risada, Garnizé, Andrade e Levi, Tijolada, Tupã, Mancuso, Darci Encarnação e Honório.
Juiz: Francisco Azevedo, o popular Chico, extrema esquerda do Pelotas F. C.

- Quase nada se viu de técnica apurada, mas muito sangue e vontade de vencer. Durante 77 minutos (as partidas eram de 80 minutos).
Faltava somente 3 minutos e o Internacional permanecia no ataque, perto da conquista do cobiçado laurel.
Os tricolores se atiraram à luta como leões, rumo à vitória. Num relance que mal fez o público se refazer da surpresa, a meta escarlate era vasada duas vezes ante a mais justa explosão de entusiasmada torcida gremista. Os heróis foram carregados nos ombros, sobre uma saraivada de aplausos e gritos e ovação prolongadas.

- Nesta noite os gremistas jantaram juntos e então Eurides Guasque Mesquita (Sardinha I), que era treinador da equipe, que a histórica conquista fosse comemorada anualmente com um jantar. Deveria se organizar um livro que coletasse as assinaturas de todos que comparecessem no “Jantar Farroupilha”, durante 100 anos, até o segundo Centenário Farroupilha no ano de 2035, quando então uma nova partida ocorreria e se o Grêmio fosse o vencedor, os jantares continuariam, caso contrário, seriam encerrados. Assim nasceu a tradição gremista.

Em 15 de novembro de 1935, em Porto Alegre, houve o grande evento de comemoração do Centenário Farroupilha, o “Circuito Farroupilha”, uma corrida de baratinhas disputadas na Pedra Redonda, balneário da zona sul:

Participaram:
10 Gaúchos,
1 Carioca,
1 Uruguaio, Ramon Sierra, disputaram a prova.
Numa das curvas o carro de Sierra capotou espetacularmente, o piloto saiu vivo, mas gravemente ferido.
O gaúcho Roberto Jung, com um Ford V-8, foi o vencedor.

Em 20 de dezembro de 1935, em Porto Alegre, se encerrava a maior exposição já realizada em solo gaúcho a Exposição do Centenário Farroupilha, no novo Parque Farroupilha com a visita de 800.769 pessoas.
O custo chegou a 10.324.416 mil réis aos cofres públicos.

Em 1936, Porto Alegre, avança a Zona Leste, a Avenida Protásio Alves ganhou linha de bonde até a Rua Carazinho.

Em 1936, em Porto Alegre, no Cine Imperial, em uma noite que poderia se considerar emblemática, uma obra prima de Charles Chaplin foi lançada em grande estilo.
Iluminado por holofotes, o artista Procopinho (irmão do famoso ator Procópio Ferreira) dançou sobre a marquise imitando Carlitos, o filme era “Tempos Modernos”.

Em janeiro de 1936, em Porto Alegre, na Assembléia Legislativa, nas tentativas de “pacificação do Rio Grande” foram completadas pela assinatura de um acordo que constituiu o chamado “modus vivendi”, através do qual se estabeleceu no Estado uma espécie de parlamentarismo. A Assembléia Legislativa poderia convocar os secretários de estado para prestar declarações e esclarecimentos, assim como os secretários deveriam ter seus programas de governo aprovados pelos respectivos partidos.
Era ainda criado o cargo de presidente do secretariado para coordenar as atividades.
A pacificação do Rio Grande implicou na reconciliação dos políticos gaúchos.
A iniciativa de Flores da Cunha ameaçava reconstituir no Rio Grande um bloco regional de poder que se atravessava diante dos planos da ala getulista que visava o fechamento político do país.
Getulio Vargas interviu pessoalmente, desestruturando a política regional, gerando cisões, e até o quase “impeachment” de Flores da Cunha por um voto.

- O governo estadual pressentiu o golpe federal, passou a preparar-se materialmente, com o aparelhamento da Brigada Militar e do IIIº Exército. Porém, o governo central nomeou para os principais postos militares apoiadores do golpe de Getúlio Vargas.
O Governo Federal decretou ainda a federalização da Brigada Militar gaúcha e exigiu que o governador Flores da Cunha devolvesse os armamentos cedidos na ocasião da Revolução de 1932.

Em 15 de janeiro de 1936, em Porto Alegre, é inaugurada a estátua eqüestre do general Bento Gonçalves da Silva no dia do encerramento da Exposição Farroupilha, no Parque Farroupilha em frente ao Pórtico Monumental da Redenção.
O evento alcançou uma repercussão extraordinária, que fez encher o peito do general Flores da Cunha, Interventor Federal do Estado do Rio Grande do Sul, e do Intendente de Porto Alegre major Alberto Bins.
A cerimônia estava prevista para as 17 horas, o ato solene sofreu algum atraso por motivo da torrencial chuva o que impediu a esperada imponência da cerimônia.
Coube ao deputado Dario Crespo a honra de orador oficial da cerimônia, vindo do Rio de Janeiro especialmente.
Caringi trouxe da Alemanha 250 medalhas com efígie de Bento Gonçalves para distribuição a autoridades e convidados na solenidade inaugural.
Para a confecção da escultura Antonio Caringi levou para a Alemanha espada, botas, arreios e esporas, condecorações e um retrato a óleo de Bento Gonçalves, até o cavalo é um trabalho estilizado do artista do nosso cavalo crioulo, forte, sadio e redondo.
A estátua foi fundida na Fundição Noack de Berlim, em bronze castanho reluzente.

- Nada menos que 26 jornais europeus ocuparam-se, em elogios unânimes, do trabalho de Antonio Caringi.

Em 26 de maio de 1936, em Porto Alegre, morre na Cidade Baixa, o Príncipe Custódio aos 104 anos de existência.
Atendendo ao pedido expresso do morto, o velório e o enterro, foi feito dentro das tradições africanas com muito batuque e muitos "trabalhos", em intenção do morto.

- Com ele desapareceu uma das figuras mais impressionantes e diversas da nossa cidade, e muita gente ficou desamparada, pois a subvenção paga mensalmente em libras pelo governo inglês extinguiu-se com a morte do Príncipe de Ajudá, José Joaquim Custódio de Almeida.

Em 1937, em Porto Alegre, junto com a solução de energia da Usina Termelétrica do Gasômetro, veio o problema, o povo reclamava da sujeira, porque ao operar com duas pequenas chaminés (com carvão gaúcho de baixa qualidade) a usina espalhava fuligem por todos os lados, então foi construída a Chaminé de 117m para amenizar os problemas causados pela fuligem no Centro da cidade.

Nas terras da Vila dos Pescadores
Em 1937, em Porto Alegre, a viúva de José Joaquim Assunção, dona Felisbina Assunção, fez um acordo com a loteadora Di Primo Beck que urbanizaria a região da Chácara da Assunção, calçando, canalizando a água e colocando luz elétrica.

Projeto - Planta Vila Assunção - 1937

Em 14 de agosto de 1937, em Porto Alegre, nasce a Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul, a futura FIERGS, a terceira do Brasil, sei primeiro presidente foi Carlos Tannhauser.
Em 1933, a FIRJ – Federação das Indústrias do Rio de Janeiro e a seguir a CIB – Centro Industrial do Brasil
Em março de 1937, Roberto Simonsen criava a FIP – Federação das Indústrias Paulistas.
Em 12 de agosto de 1938, é criada a CNI – Confederação Nacional da Indústria, onde a Fiergs é uma das primeiras a se associar.
Presidentes de1937 a 1954:
Carlos Tannhauser (1937-1938)
Caleb Leal Marques (1938-1941)
A.J. Renner (1941-1942)
Caleb Leal Marques (1942-1943)
Herbert Bier (1943-1945)
Herbert Müller (1946-1948)
Ciro Selbach (1948-1950)
Herbert Bier (1950-1954)

- A. J. Renner, foi o “primeiro presidente do CINFA” e o major Alberto Bins presidente honorário do CINFA.

Em 19 de outubro de 1937, em Porto Alegre, no Palácio Piratini, o governador Flores da Cunha, impossibilitado de reagir face à decretação do estado de guerra contra o Estado pelo governo central de Getúlio Vargas, renunciou e fugiu para o Uruguai.

Em 22 de outubro de 1937, em Porto Alegre, é nomeado pelo Interventor Federal (governador) Daltro Filho, o intendente (prefeito) de Porto Alegre Loureiro da Silva (mandato: 22.10.1937-15.09.1943), descendente do primeiro sesmeiro, do antigo Porto de Viamão, Jerônimo de Ornelas, seu sétimo avô.

Estado Novo (1937-1945)

Em 1938, em Porto Alegre, é fundada o Liceu Musical Palestrina por Ângelo Crivellaro.
Em 1968, se tornou a Faculdade Palestrina.

Em 1938, em Porto Alegre, foi inaugurada a Companhia Siderúgica Riograndense, pelos pioneiríssimos empresários e pecuarista Victor Issler, Gabriel Moacyr e João Lahorque, uma mini usina siderúrgica à base de sucata ferrosa e forno elétrico a arco.
Feita para fabricar aço e laminados longos (em especial arame), a usina só entrou em funcionamento em 1946, enfrentando grandes dificuldades técnicas e financeiras.

Em 1938, em Porto Alegre, é realizado o primeiro Campeonato Brasileiro de Ciclismo.

Em 1938, em Porto Alegre, outro clube alemão o Club Walhalla mudou-se para a Rua Nova Iorque em Porto Alegre.

Em 19 de janeiro de 1938, em Porto Alegre, Palácio Piratini, morre no cargo o interventor federal (governador) do Rio Grande do Sul Daltro Filho, criando um problema de sucessão.

- É indicado pelo governo central como interventor federal interino o Dr. Joaquim Maurício Cardoso (19.01.1938-04.03.1938), Secretário de Estado dos Negócios do Interior.

Em 27 de fevereiro de 1938, em Porto Alegre, é inaugurado na Praça Otávio Rocha, no Centro, herma em homenagem ao intendente (prefeito) Otávio Rocha, no décimo aniversário de sua morte.

Em 19 de novembro de 1938, em Porto Alegre, a Gesellschaft Leopoldina (Sociedade Leopoldina), fundada em 24 de junho de 1863, inaugurou um Departamento de Tênnis.

- Foi realizado um torneio de Tênnis prestigiado pelo bisneto da Imperatriz Leopoldina, Príncipe Dom Pedro de Órleans, no qual se sagraram campeões os tenistas Ary Juchem e Carmem Paz.

Em 1939, em Porto Alegre, para acabar com as cheias perante as chuvas, o intendente de Porto Alegre Loureiro da Silva, inicia as obras de Retificação do Arroio Dilúvio (Rio Jacareí ou Riacho), entre as Avenidas João Pessoa e Praia de Belas. No início do século o intendente José Montaury já havia feito algumas altereções neste sentido.

No primeiro semestre de 1939, em Porto Alegre, é publicado o primeiro número do Boletim Municipal, da Intendência de Porto Alegre.
No fecho da apresentação, escreveu o bibliotecário Walter Spalding, fiel escudeiro do Dr. José Loureiro da Silva:
“Dentro, pois, deste programa, o Boletim Municipal tem por finalidade coordenar o passado e o presente da comuna para um fim de utilidade comum que é, ilustrando nossos munícipes, fazer propagar a grandeza do município dentro do Estado, e do Estado dentro da Pátria, grande, una, indissolúvel.”
Como fonte primordial e fidedigna, de notório interesse, o Boletim nos coloca a par dos atos oficiais desde 1939, graças ao empenho do redator e diretor Walter Spalding.

1940
Novos Caminhos se Abrem

No final de década de 1930, em Porto Alegre, os novos prédios no Centro tinham no mínimo 5 andares.
Há pressa das autoridades para que se edifiquem nas avenidas.
Quem construísse na nova Avenida Borges de Medeiros, sob a gestão do intendente major Alberto Bins, ficava isento de impostos municipais por cinco anos.

- A norma passou a ser a destruição da arquitetura existente para dar lugar a “tal modernidade”, com a construção de edifícios altos, o que a tecnologia do “elevador” já permitia.

- A Avenida Borges de Medeiros concentra os grandes edifícios da década de 1940, como o Sulacap, o Sul América e o União que com seus 20 andares era considerado o maior do Estado em altura.

- O Edifício Vera Cruz na Esquina da Avenida Borges de Medeiros com Rua Andrade Neves é um marco da arquitetura modernista, e o Edifício Frederico Mentz, na Rua Otávio Rocha.

Nas terras da Vila dos Pescadores
Em 1940, em Porto Alegre, a loteadora Di Primo Beck iniciou o loteamento da Vila Assunção (em homenagem ao ex-proprietário das terras José Joaquim Assunção), com a urbanização principalmente nas partes altas e mais centrais da chácara.
A orla permaneceu desabitada para a exploração como balneário em veraneio.

- As terras da orla da Vila Assunção já eram freqüentadas por alguns moradores que residiam principalmente na Ilha da Pintada, Itapuã (Viamão) e da cidade de Guaíba, utilizavam o espaço como acampamento e ponto de parada, enquanto faziam a colocação de redes de pesca nas águas.

- Conforme relato de dona Mara Rosa (2009), moradora da Vila dos Pescadores:
“O pai dele (Sr. João Corrêa, pai do seu falecido marido Sr. Cairo Corrêa) já pescava aqui. Ele vinha pesca bagre aqui. Botava a rede e pegava tudo. Aqui dava bagre. Dava muito bagre. Aqui em cima (parte alta da Vila Assunção) era tudo mato. Não tinha casa, não tinha nada.”

Em 1940, no Brasil, Rio de Janeiro, capital federal, é instituído pelo Estado Novo do presidente Getúlio Vargas, o Salário Mínimo, menor remuneração que poderia ser pago aos empregados e operários no país (público ou privado).

Em 1940, em Porto Alegre, a população é de 275 mil habitantes.

Nos anos 1940, em Porto Alegre, o arquiteto da Intendência Municipal (Prefeitura) Edvaldo Pereira Paiva deu outra dimensão ao planejamento da cidade, pois foi o primeiro a estudar a realidade sócio-econômica e o uso correto do solo.

Até 1940, em Porto Alegre, os porto-alegrenses não reclamavam da falta de transporte por via seca, pois as estradas não eram boas e confiáveis. O deslocamento de pessoal e cargas (incluindo animais vivos) para vários municípios banhados pelo Guaíba, Lagoa dos Patos e Delta do Jacuí era por Serviços de Barcas das companhias de navegação.

- Desde a década de 1830 já havia transporte regular de pessoas, produtos agrícolas e artesanais em lanchões fabricados por imigrantes.
Na década de 1840 iniciou a navegação a vapor.
A Arnt e Becker ligava o interior à capital através da rede de rios e arroios navegáveis.
As companhias navegadoras atendiam regularmente passageiros, cargas e mistos, entre Porto Alegre, Pedras Brancas (município de Guaíba a partir de 1926) e Barra do Ribeiro, entre elas:
Companhia de Navegação Becker Ltda, fundada e 1882, possuía 27 navios, seus vapores Santa Cruz e Budi, outras embarcações de carga, lanchas-motores Espada e Itapuã, o iate Mariazinha, e mais cinco barcos auxiliares, fazia a linha Porto Alegre/Barra do Ribeiro, realizava transporte de passageiros e cargas entre Porto Alegre e as praias da Alegria, Vila Elsa, Florida, Belém Novo, Lami, Itapuã e Barra do Ribeiro
Companhia de Navegação Pedras Brancas Ltda, possuía 17 navios, fundada em 1907, em 1940 possuía os vapores Guaporé e Pedras Brancas, eventualmente atendia os portos de Petim e Cristal (este somente para a carga de gado em pé), também os lanchas-motores para cargas, Boa Vista e Guaíba e mais três embarcações auxiliares, além de barcos com adaptações especiais para o transporte de carne verde e gado em pé.

Em 1940, em Porto Alegre, o DAER – Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem do RS assumiu o compromisso de construir uma travessia a seco – túnel ou ponte e iniciou-se o serviço de barcas para a travessia do Guaíba (Porto Alegre a cidade de Guaíba), criado pelo prefeito Loureiro da Silva:
Embarcadouro da Vila Assunção
- “Como contribuição para execução do programa do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem - DAER de ligar Porto Alegre com o sul do Estado por boas estradas, a Prefeitura tomou para si o encargo de construir o embarcadouro da Vila Assunção, no final da Avenida Pereira Passos, para atracação da barca que faria a travessia do Guaíba até Pedras Brancas (cidade de Guaíba).
Em 1940, a despesa efetuada com esse serviço foi de Cr$ 39.638,07.
Em 1941, a despesa efetuada foi de Cr$ 118.506,38.
A obra foi terminada executada por esta administração.”

- As novas barcas foram compradas de forma emergencial durante e logo após a Segunda Guerra Mundial. Cada balsa podia transportar 22 automóveis ou nove ônibus, numa média de 15 veículos por viagem.
Por serem adaptadas, com um único acesso, necessitavam fazer manobras complicadas para atracar. O tempo médio de travessia era de uma hora e trinca minutos para pouco mais de 5 quilômetros de percurso.

- Conta o DAER com as seguintes unidades:
Barcas de convés alto – DAER 1, DAER 2,
Barcaça tipo invasão – DAER 3, DAER 4, DAER 5 e DAER.

- Diariamente, cerca de 600 veículos e 1.000 passageiros, além de grandes rebanhos de ovinos e bovinos, materiais de construção, maquinário pesado, eram transportados (Carvalho, 2007).

Em 04 de janeiro de 1940, em Porto Alegre, o Decreto nº 4, o intendente Loureiro da Silva nomeou o bibliotecário Walter Spalding ou W. SP. (como era sua rubrica) como diretor da Diretoria de Arquivo da Prefeitura Municipal.

O Primeiro Bi-Centenário de Porto Alegre 1740-1940, comemorado, mas não valeu.

Em 05 de novembro de 1940, em Porto Alegre, em comemoração ao bi-centenário da cidade, após grande pesquisa pedida pelo o intendente José Loureiro da Silva que era descendente de Jerônimo de Ornelas o primeiro sesmeiro da região que aqui chegou em 1740, e que em suas terras iniciou o povoado do Porto dos Casais (Porto Alegre).
Grande festividade é realizada, com desfile cívico na Avenida Borges de Medeiros e muitas inaugurações.

- São inaugurados no período de 6 anos do governo do intendente (prefeito) Loureiro da Silva (22.10.1937 – 15.09.1943) a Avenida Farrapos, Avenida Salgado Filho, Praça Piratini (já com o monumento de Bento Gonçalves transferido do Parque Farroupilha para a nova Praça), e o prolongamento da Avenida João Pessoa entre outras.

Avenida Farrapos
Com 5 quilômetros de extensão, foi a primeira grande radial (ligação do centro a periferia) de Porto Alegre. Suas dimensões, jamais vistas na capital, inauguraram o tempo dos corredores, radiais e perimetrais, que hoje constituem a malha viária da cidade.
Prevista no Plano Maciel (1914), como modo de descongestionar a Rua Voluntários da Pátria, ao ser executada adquiriu outro caráter:
- O de conexão com os municípios do norte da cidade.
Ao abrir caminho para as zonas industriais, a Farrapos saneou bairros através da canalização das águas pluviais e do aterro de terrenos alagadiços.
Foi tão significativo que ao ser inaugurado em novembro de 1940, o prefeito Loureiro da Silva tinha ao lado o presidente Getúlio Vargas. Vivia-se o Estado Novo, e, era mais fácil executar desapropriações, devido ao período discricionário e ao aval federal para a obtenção de empréstimos.

- A Avenida Farrapos tinha uma larga pista central de duas mãos e pistas laterais para acesso as transversais.
Partiu da Rua da Conceição, derrubando casarões antigos, Avançou até a Rua Ramiro Barcelos, e mais adiante entre a Rua Gaspar Martins e a Rua Câncio Gomes, roubou um trecho de 550 metros da Rua Santos Dumont – que, por isso, inicia sua numeração inicia no número 500.
Na altura da Rua Félix da Cunha, a Farrapos incorporou a Rua Minas Gerais até a Rua Arabutã, num trecho 1.100 metros. Ultrapassou a Rua Sertório, dobrou à direita e seguiu até e Rua Dona Theodora.

Em 1941, em Porto Alegre, o intendente José Loureiro da Silva, dizia:
“A nossa cidade herdou do passado um caráter nitidamente radial. Já que possuímos, devemos melhorá-lo e completá-lo”.

O comentário sobre a forma de leque das principais ruas convergindo para o Centro é do prefeito Loureiro da Silva, em 1941. O trânsito era complicado e o motorista “precisa percorrer um verdadeiro labirinto de ruas estreitas e atravancadas”.

Radiais
Em Porto Alegre justifica-se que de 1937 a 1957 os intendentes e prefeitos tenham se dedicado a abrir ou alargar corredores como ruas novas: - Farrapos, Ipiranga, Protásio Alves, Sertório e Assis Brasil.
Já nasceram largas: - 10 de Novembro (Salgado Filho) e Vasco da Gama.
Outras ruas como: - Getúlio Vargas, Cristovão Colombo e João Pessoa são duplicadas ou prolongadas: - como a Rua Benjamin Constant.

Em 10 de abril de 1941, em Porto Alegre, começou a chover sobre a cidade durante 22 dias, causando a maior Enchente da cidade. Os índices pluviométricos atingiram altíssimos 619,4 milímetros. O Guaíba chegou a subir mais de quatro metros acima de seu nível normal. Nunca houve, nem antes (conhecida) nem depois, uma enchente como esta na cidade.

Na tarde de 22 de abril de 1941, 12º dia da enchente, em Porto Alegre, ocorreu uma chuva torrencial sobre a cidade, foi o maior nível pluviométrico já registrado em Porto Alegre desde que o Instituto de Meteorologia iniciou as medições em 1910, choveu 115,2 milímetros.

- Desde o início das chuvas, ao mesmo tempo em que senhoras pediam na Catedral a volta do Sol, na praça em frente um raio atingiu o alto do monumento de Júlio de Castilhos.

- As águas do Lago Guaíba se voltaram contra a cidade pelo fato de Porto Alegre estar apenas a 3 (três) metros acima do nível do mar, com vários bairros situados em várzeas (regiões alagadiças) que receberam a enxurrada das águas vindas dos rios alimentadores do Guaíba (Jacuí, Caí, Sinos, Taquari, Gravataí, Riacho (arroio Dilúvio) e diversos outros arroios).

Até 08 de maio de 1941, em Porto Alegre, a situação, que já era ruim, pioraria, quando o Guaíba bateu seu recorde – 4,73m acima do seu nível.

- No total, 40 mil desabrigados tiveram de ser atendidos pelas autoridades.
Essa “paisagem veneziana, que seria pitoresca se não fosse dolorosa”, como definiu o Correio do Povo.

O panorama das ruas naqueles dias; havia uma explicação simples:
- Não chovia só em Porto Alegre, mas também sobre as bacias de todos os rios do estado que deságua no Guaíba.

- No cais do porto, a água estava 1,73m acima da calçada, e cobria a Rua da Praia desde seu início até a Rua Uruguai, o trânsito era feito por barcos a remos ou carroças, puxadas por cavalos nas partes mais rasas.

- Os cinemas localizados na Praça da Alfândega fecharam. Todos os bairros da orla do Guaíba e das margens do Riacho (arroio Dilúvio) foram afetados: - os bairros Menino Deus, Azenha, Santana, Cidade Baixa, Praia de Belas, Floresta – onde a água alcançou a Benjamin Constant – e Navegantes foram os bairros mais atingidos.

Na orla todos foram afetados, desde casebres, mansões, fábricas e prédios públicos, como Correios e Telégrafos, Mercado Público, Prefeitura Municipal, Estação Ferroviária, Aeroporto de Porto Alegre (São João) e a Usina do Gasômetro, deixando a cidade sem energia, luz, bondes, comunicação postal e telegráfica.

- Nas ilhas do Guaíba, a catástrofe superou a tudo que já havia acontecido, na Ilha da Pintada era só desolação.

- Os colégios deram férias, mas os estudantes foram engrossar os batalhões de ajuda.
As salas de aulas junto aos vagões dos trens da VFRGS serviam de abrigo aos flagelados (as linhas para o interior estavam paralisadas), mas isso só até serem tomadas pelas águas.

- Foram atingidas 15 mil casas, 200 fábricas (entre elas Renner e Gerdau) e 600 estabelecimentos comerciais, principalmente as localizadas as margens do Guaíba no Caminho Novo (Voluntários da Pátria).

- O presidente da República Getúlio Vargas determinou auxílio integral à Porto Alegre. No Rio de Janeiro e São Paulo, formaram-se seleções de futebol, que fizeram dois jogos beneficentes.

- A preocupação maior era com as epidemias. A cidade montou 80 postos de socorro, nos quais foram aplicadas 50 mil vacinas contra o tifo, 14 mil contra varíola e 600 contra difteria. Quando faltava energia, a vacinação continuava à luz de velas.

- Morreram na tragédia 20 pessoas, e milhares de famílias tiveram que recomeçar do zero.

- O prejuízo econômico seria calculado pela Comissão de Restauração Econômica formada pelo Governo do Estado em 30 milhões de dólares. (Guimarães, 2009)

Os números da enchente:
- O primeiro registro de enchentes em Porto Alegre é de 1833, outras aconteceram em 1841, 1847 e 1850, mas nenhuma foi como a de 1873, que desabrigou famílias na margem do Guaíba e do Riacho (arroio Dilúvio).
Mais sete em 1897, 1898, 1905 e três em 1912 e se chega à maior até então a de 1914, uma catástrofe como definiu o jornal Correio do Povo.
Na enchente de 1926 começaram as medições, naquele ano as precipitações foram de 313,7mm,
Em 1928 de 225,5mm,
Em 1936 de 316,0mm,
Em 1941 a maior de todas 619,4mm.

- Até 1941 em um período de 15 anos ocorreu 4 (quatro) grandes enchentes devastadoras em Porto Alegre.

No dia 15 de maio de 1941, em Porto Alegre, finalmente, o Sol apareceu.
Mas o mesmo vento “Minuano” que limpou o tempo represou as águas do Guaíba, permanecendo a enchente.
Só no fim do mês, o primeiro trem conseguiu sair da Estação Central.

Minuano
- É o nome dado à corrente de ar que tipicamente acomete os estados do Rio Grande do Sul e Santa Catarina. É um vento frio de origem polar (massa de ar polar atlântica), de orientação sudoeste, também classificado de “cortante” de grande pressão. Ocorre após a passagem das frentes frias de outono e inverno.

- Com a enchente diversas famílias que residiam nas regiões da Ilha da Pintada, viram-se desabrigadas, as soluções que se apresentavam eram reconstruir ali mesmo ou buscar novas localizações para se estabelecer.

- Algumas Famílias foram transferidas para a Ponta da Cadeia, ao lado do Presídio Central e outras, para a Ponta do Dionísio na zona sul da cidade, este pedaço de terra era semelhante ao que se encontrava na região das ilhas, mas sobre as pedras era mais seco.

Durante a grande enchente em Porto Alegre, as famílias originárias da Ilha da Pintada, “- assim como os açorianos que tiveram que fugir da fome e das dificuldades onde residiam e para cá vieram com seus sonhos a convite do Rei de Portugal, - nossas famílias para fugir das dificuldades e calamidade da enchente aqui chegaram por convite do grande intendente (prefeito) José Loureiro da Silva e vieram a se instalar neste maciço da Ponta do Dionísio, em barracas doadas pela Defesa Civil e Marinha do Brasil (estas barracas foram suas primeiras residências).”


Vai nascer a Vila dos Pescadores,
Terra da diversidade
Vila dos Pescadores

Durante a grande enchente, a primeira Família a se instalar nas terras espremidas entre a pedreira da Ponta do Dionísio no Morro do Cristal e a orla do Guaíba, foi da “Família Rosa”, do patriarca Sr. Cairo Corrêa Rosa, família oriunda da Ilha da Pintada.
Conforme a esposa do Sr. Cairo a Sra. Maria Rosa:
- “... não tinha casa, morava em barraca. Depois é que construímos a casa. Chovia, chovia dentro... – Aqui não tinha ninguém.”
No local que escolheram para construir a casa, conforme a Sra. Maria Rosa:
- “... tinha pedra, tinha mato. Era bom pra pescar.”


- Os fundadores se instalaram a margem do Lago Guaíba, espremidos nesta pequena área, entre o antigo aterro sanitário (asseio público) da cidade e da pedreira de onde saíram às pedras para a construção do Caís do Porto de Porto Alegre (uma das maiores obras estruturantes da cidade), ali iniciaram, aos poucos, uma comunidade, que os freqüentadores passaram a chamar de Vila dos Pescadores, com instalações precárias, mas relacionados à atividade pesqueira da maioria das Famílias aqui alojadas.

Depois da barraca a primeira casa da Família Rosa

- A disposição das novas moradias dos fundadores parece não seguir uma padronização prévia, observa-se que cada novo morador encontrava grandes espaços livres para construir seu núcleo. A apropriação dos espaços mais baixos e próximos a beira do Lago Guaíba era para facilitar e otimizar a atividade pesqueira artesanal.

- Neste maciço permaneceram, praticando a mesma atividade da Ilha da Pintada (comunidade situada na ilha do arquipélago do Delta do Jacuí) a pesca artesanal, o conserto de embarcações, o artesanato e preservando suas tradições açorianas e lusitanas.
Seguiram-se mais duas famílias também provenientes da Ilha da Pintada. Mesmo no início da comunidade, já era possível identificar moradores que não estavam ligados diretamente a atividade pesqueira.
Conforme o filho do Sr. Cairo, o Sr. João Rosa, moradores da Vila dos Pescadores:
- “O pai do Gordo pescava e o vô dele já vivia da pesca.
Da Pintada veio Seu Rafa, a Odete e o vô do Gordo.
Seu Hugo veio de São Borja.
Seu Donato e Seu Hugo, estes aí, não pescavam. Seu Donato veio da Otto (Rua Otto Niemeyer), Cavalhada, por ali.
Mas os outros, eram tudo “Pintadeiro” este pessoal aí, não tinha ninguém aqui. Vieram tudo da Pintada.”

Joel Cosme da Rosa no remo

- Pescador, 66 anos, filho de Cairo Corrêa Rosa, morador da Vila dos Pescadores, responsável pela manutenção de barcos no Clube Veleiros do Sul (2009).

João Rosa

- Na época, a Ponta do Dionísio era área remota, longe do centro urbano com suas chácaras e pequenas propriedades, iniciando o loteamento nas terras de José Joaquim de Assunção pela loteadora Di Primo Beck, com o nome de Vila Assunção.

- Esta área no Morro do Cristal, entre a Ponta do Mello e a Ponta do Dionísio, sempre foi considerada como uma área degradada, no século XIX e início do XX (ainda sem o aterro sanitário do Cristal), com o descarte de lixo e esgoto da cidade, o conhecido “Asseio Público” a região foi fornecedora de material (pedras) para obras na cidade, além de questões de litígio entre o Governo do Estado e o proprietário José Joaquim de Assunção.

- Nos anos seguintes, nova leva de pescadores e suas Famílias desembarcaram nestas margens da Vila dos Pescadores (atual Villa Guayba), pela situação geográfica privilegiada, iniciou-se a fase de ocupação da área, onde edificaram suas moradias e formaram a comunidade, criando este bucólico vilarejo.
Conforme o Sr. João Rosa:
- “O Argeu, o Ivo e o João viviam naquela barraquinha lá adiante, na curva, na frente do Mil e Uma Noites, onde tem aquelas casas passando o (Clube) SAVA.
O Ivo é filho, e o Argeu e o João são irmãos. Estes vieram de Itapuã (Viamão), mas vieram depois.

- “Tinha o Seu Marcinho, que era o pai da Graça. Esses viviam de pesca também, mas não vieram da Pintada, vieram de Belém Novo. O pai dele já pescava. Naquela época não tinha muita coisa, ou era olaria ou era pescador.”

- A comercialização do pescado na Vila dos Pescadores, era no Mercado Público do Centro de Porto Alegre; continuou a exemplo do que ocorria na Ilha da Pintada.
Conforme o Sr. João Rosa:
- “Não, no começo não, aqui era precário. Pescava aqui sim, mas vendia no Mercado. Já vendia peixe. Vendia para o Mercado. Ia de caíque até lá, levava de carrinho. Dava pra viver.”

No final da década de 1940, em paralelo à ocupação da região por pescadores, a Vila Assunção tornava-se cada vez mais um pólo comercial promissor, em função do grande fluxo de pessoas gerado pela travessia de balsa, entre Porto Alegre e a cidade de Guaíba.

- O grande fluxo de pessoas, carros, maquinários, animais, gerado pelo transporte hidroviário por balsa no Embarcadouro da Vila Assunção, tornou-se logo um propulsor para as atividades dos pescadores. Vindos inicialmente com o intuito de sobreviver dignamente no novo local da atividade pesqueira, após alguns anos, era impossível negar o movimento do embarcadouro que favorecia o comércio no local.

- Era o início de uma comunidade de pescadores. 

- Após a “Grande Enchente” o intendente Loureiro da Silva inicia as obras de retificação do Arroio Dilúvio (antigo Riacho), projetadas em 1939, entre as avenidas João Pessoa e Praia de Belas, antes de receber recursos federais no final de 1941.
Ainda canalizou o Arroio Cascata.
Em quatro anos até 1942, foram feitas 204 desapropriações, e eliminou-se a Rua 28 de Setembro.
Duas dragas foram abrindo o desvio de retificação do arroio de 1.300 metros do novo percurso.

Em 1941, em Porto Alegre, após a grande enchente a indústria gaúcha precisava de ajuda, A. J. Renner, terceiro presidente da futura FIERGS, apelou aos governos federal, estadual e municipal e a CNI, e foi atendido.
As indústrias paulistas tinham maiores vantagens que a gaúcha afetada pelo racionamento e o esforço de guerra.

Em 22 de novembro de 1941, no Brasil, Rio de Janeiro, é criado oficialmente através do decreto-lei nº 4.048 o SENAI – Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial, onde A. J. Renner como presidente da CINFA – Centro da Indústria Fabril acompanhou todas as etapas da implantação das escolas para criar mão-de-obra industrial especializada.
As primeiras escolas do Rio Grande do Sul foram instaladas em Porto Alegre, Caxias do Sul, Novo Hamburgo e Rio Grande.

Em 22 de agosto de 1942, no Brasil, após o afundamento do navio brasileiro “Cabedelo” torpedeado por submarino alemão (19 navios mercantes foram afundados). O Brasil rompe relações diplomáticas com a Alemanha.

Em 13 de março de 1942, em Porto Alegre, os moradores do “4º Distrito”, retiram as placas de ruas com nomes de países do Eixo (Alemanha, Itália, Japão) na 2ª Guerra Mundial, substituindo-as por placas com os nomes dos navios brasileiros afundados pelos submarinos alemães: Taubaté, Olinda, Arabutã, Cairú, etc...

Em 26 de julho de 1942, em Porto Alegre é fundado a Sociedade Amigos da Vila Assunção – SAVA, na margem do Guaíba, na Vila Assunção, zona sul da cidade, limite sul da Vila dos Pescadores (atual Villa Guayba), junto a Avenida Guaíba.

Em 15 de agosto de 1942, em Porto Alegre, surgiu a notícia de que um submarino alemão U-507 havia torpedeado e afundado o navio mercante de bandeira brasileira Baapendi, matando 270 tripulantes, no litoral do Nordeste brasileiro, foi a gota d’água, o povo sai as ruas e exige do governo uma reação.

Em 18 e 19 de agosto de 1942, em Porto Alegre, pela notícia do afundamento do mercante brasileiro durante a IIª Guerra Mundial, a “revolta revelou-se contra os alemães, italianos e seus descendentes” (como já acontecido em abril de 1917 durante a Iª Guerra Mundial), justamente os responsáveis pelos setores mais dinâmicos da indústria da cidade foram perseguidos e acusados de apoiar o inimigo (Reich Alemão), a massa popular quebrou várias lojas do Centro, baseada apenas no sobrenome; Renner, Krahe, Lyra, Guaspari, Stoduto.
Por ser repleta de alemães, Porto Alegre foi um dos “epicentros da fúria popular”.
O quebra-quebra se iniciou na Rua da Praia, na Confeitaria Woltmann e nas Casas Lyra, mas logo chegou às fábricas, seguindo pela Rua Voluntários da Pátria, como Neugebauer e Renner (que no ano anterior haviam sido atingidos pela enchente).
A Fundição Berta, do major Alberto Bins, que escapara em 1918, desta vez não foi poupada: - um dos invasores entrou no seu escritório e quebrou-lhe a escrivaninha.
“Pelo menos pediu licença”, recordaria o major.
Vários estabelecimentos ficaram destruídos ou avariados, e alguns nunca mais se recuperaram.

- Nas escolas as crianças também sofriam. São dessa época rimas agressivas como:
“Alemão Batata, como queijo com barata.”

- Há casos de meninos que pediram para pintar os cabelos loiros de negro e óculos escuros para esconder os olhos azuis.

- O Brasil é pressionado a sair da neutralidade (pois não tinha certeza de quem apoiar mesmo pendendo ao lado nazi-facista), isto marca a passagem da influência inglesa para a norte-americana.

- A indústria de Porto Alegre sofreu dois ataques entre maio de 1941 e agosto de 1942, primeiro a grande enchente, depois o ataque do povo, ou parcelas dele, tendo como alvos industriais e estabelecimentos comerciais de alemães e descendentes.

Em 22 de agosto de 1942, no Brasil, os presidentes Getúlio Vargas do Brasil e Franklin Roosevelt (EUA), após negociações, onde em troca da instalação da base militar em Natal (RN) os EUA emprestaram U$ 20 milhões, para construção da Usina Siderúrgica de Volta Redonda, que o Brasil já estava em tratativas anteriores para a instalação com a Alemanha.

Nota:
- Em 1938, dentro do Plano Siderúrgico Nacional, o chefe da Comissão Executiva, coronel Macedo Soares, foi para a Alemanha, negociar com a empresa Krupp (líder no setor siderúrgico) a construção de uma usina siderúrgica no Brasil.
Os assessores do presidente Roosevelt (Estados Unidos), consideravam o acordo desastroso, pois asseguraria a predominância da Alemanha e Adolph Hitler na vida econômica e militar do Brasil.
A base militar norte-americana em Natal (RN) eram os preparativos para a invasão do Norte da África.

- O Brasil Declara Guerra contra o IIIº Reich Alemão e a Itália.
Já haviam sido afundados 36 navios brasileiros pela marinha e aeronáutica da Alemanha.
Com a declaração de guerra, o governo do Presidente Getúlio Vargas proibiu que se falasse em italiano, alemão e japonês, muitas pessoas não saiam de suas propriedades, pois mal falavam o português, e tinham medo de serem detidas ou agredidas.

- A imprensa nacional ficou mais ágil e também mais americana, pela influência da base instalada em Natal (RN), surgiu o “Repórter Esso”, noticiário radiofônico em nível nacional, a Revista “O Cruzeiro” que fez uma cobertura dinâmica da luta na Europa e a participação do Brasil.

Em 18 de setembro de 1942, em Porto Alegre, é realizado o primeiro Ensaio Geral de Blecaute, como prevenção contra ataques aéreos.
As galerias abaixo no viaduto Otavio Rocha, junto a Avenida Borges de Medeiros, foram reservadas como bunker de proteção contra possíveis bombardeios.

- Foram capturados espiões alemães, racionamento de produtos, principalmente importados da Europa e Ásia, mas o maior racionamento seria de gasolina, por esse motivo os carros circulavam utilizando “gasogênio” (aparelho que queima carvão como combustível).

Em 1943, em Porto Alegre, a nova Avenida Borges de Medeiros é concluída a segunda parte do arruamento, trecho sul entre a Rua Coronel Genuíno a Rua Praia de Belas.

Em 1943, em Porto Alegre, é fundada por Paulo Pernau Fassel, as Tintas Corfix, empresa que nasceu do improviso, durante a IIª Guerra pela falta de material para suas pinturas artísticas, de forma caseira foi inventando suas colorações, que começou a fornecer a amigos e por diante.

Em 1º de fevereiro de 1943, em Porto Alegre, é criada a Comissão Estadual de Energia Elétrica (CEEE), para corrigir as falhas do atendimento prestado pelas companhias estrangeiras que operavam na capital e no estado. A criação da CEEE elevou a capacidade geradora do estado.

Em 12 de abril de 1943, em Porto Alegre, um grupo de arrojadas mulheres, a maioria poetisas, fundaram a Academia Literária Feminina do RS, entre elas: - Lydia Moschetti, (mulher de impar realizações), Aura Pereira Nunes, Aurora Nunes Wagner, Aracy Froes, Alzira Freitas Tacques e Stella Brum (a mais jovem e a última a falecer em 1986).
A considerada “Rainha do Lar” restrita ao frágil espaço feminino das “prendas domésticas”, venceu barreiras e tabus iniciais, em suas realizações culturais a edição da Revista “Atenéia” (1949-72), da antologia “Vozes Femininas” de 1983.
Em 1952, a primeira sede em um apartamento na Rua Jerônimo Coelho, permutado por outro maior à Av. Júlio de Castilhos. Em 1973 a Dra. Noemy Valle Rocha, doou o atual prédio à Rua Sarmento Leite, 933.
Por serviços prestados, a Academia Literária Feminina é considerada de utilidade pública, por Lei Municipal 4.040/53.

Em 11 de setembro de 1943, em Porto Alegre, no Palácio Piratini assume como interventor federal o coronel Ernesto Dorneles (11.09.1943-01.11.1945), uma vez que o então interventor federal Cordeiro de Farias seguiu com a Força Expedicionária Brasileira – FEB para Itália, durante a Segunda Guerra Mundial.

Em 15 de setembro de 1943, em Porto Alegre, José Loureiro da Silva, o último Intendente Municipal, passa o cargo de Prefeito para seu substituto (também nomeado) Antônio Brochado da Rocha.

Em 1944, em Porto Alegre, a Avenida Protásio Alves (atualmente a mais extensa radial com 14 km), iniciou-se o alargamento de 22 para 30 metros.

Em 18 de junho de 1944, em Porto Alegre, aconteceu a fusão das duas academias literárias, com o nome de Academia Rio Grandense de Letras.

Em 30 de junho de 1944, na noite, no Brasil, Rio de Janeiro (DF), em uma operação sigilosa, mais de 5 mil soldados embarcaram, no navio americano General Mann, com destino ainda desconhecido, era o primeiro contingente dos 23.334 homens e mulheres que sob o comando do general Mascarenhas de Morais, incorporaram ao 4º Corpo do Exército americano.

Em julho de 1944, no Brasil, após a organização da FEB – Força Expedicionária Brasileira, os soldados brasileiros desembarcaram na Itália (Europa), apoiados por aviadores da FAB – Força Aérea Brasileira, e forças norte-americanas.

República Nova (1945-1964)

Em 1945, em Porto Alegre, o Club Walhalla, em conseqüência da Segunda Guerra Mundial
(1939-1945) e a perseguição aos nomes germânicos, mudou o nome para Tênnis Club Moinhos de Vento.

Em 08 de maio de 1945, na Europa, com a rendição do IIIº Reich Alemão, termina a IIª Guerra Mundial. Os combates continuam no Pacífico Sul, entre o Japão e os Estados Unidos.

- Em Porto Alegre, com a paz os pracinhas da FEB (Força Expedicionária Brasileira), retornam as suas casas, são recebidos apoteoticamente como “heróis”, com grandes desfiles e paradas, para delírio dos porto-alegrenses. A FAB (Força Aérea Brasileira) retornou, depois de ter realizado mais de 400 missões.

- O Brasil alinha-se ao chamado “Mundo Livre”, capitaneado pelos Estados Unidos, agora com grande influência no país, que em visita ao Brasil em Natal no Rio Grande do Norte, convidou Getúlio Dorneles Vargas, através do presidente Franklin Delano Roosevelt para o Brasil fazer parte da fundação da futura Organização das Nações Unidas, que chamou Getúlio Vargas:
“dictador in defense of democracy” (ditador em defesa da democracia).

Em 1946, em Porto Alegre, com o fim da IIª Guerra Mundial termina a repressão contra as pessoas de “origem germânica” que novamente são integrados a sociedade.

- Agora em Porto Alegre a repressão recai apenas sobre as manifestações religiosas dos negros, o “Batuque”.

Em 1946, em Porto Alegre, inicia-se a construção do Cais Navegantes, pelo governo do Presidente da República general Gaspar Dutra e depois Getúlio Vargas, ergueu o Cais Marcílio Dias.
Com oito mil metros de cais, o Porto de Porto Alegre tornou-se o “maior porto fluvial” do Brasil e um doa maiores do mundo.

Em 16 de dezembro de 1946, em Porto Alegre, o prefeito Egídio Costa, baixara Decreto-Lei nº 327 denominando “Largo do Bombeiro” o local onde seria assentado futuramente “O Laçador”.
Até hoje desde que a estátua foi ali colocada prevalece o nome “Largo do Bombeador”, os vocábulos campeiros registram que Bombeador é aquele que espia, vigia e espreita, e o Bombeiro é o soldado do fogo.
Assim “O Laçador” (ex-Boleador) está vigilante, espiando, vigiando, bombeando os horizontes.

Em 1947, em Porto Alegre, se reúne a Assembléia Constituinte gaúcha e promulga a Constituição Estadual, a terceira do Estado, sobre forte influência dos problemas políticos da época.

Em 1947, em Porto Alegre, o Tênnis Club Ipiranga fundiu-se com a Sociedade Ginástica Porto Alegre, conhecida por SOGIPA, fundada em 1867 como Turnerbund.

Em 1947, em Porto Alegre, acontece o sucesso da música “Felicidade” do porto-alegrense Lupiscínio Rodrigues em todo o Brasil.

Em 1948, em Porto AlegreVila Assunção, próxima a Vila dos Pescadores foi inaugurado o “night-club” mais elegante de Porto Alegre. Se manteve por muitos anos até ser desativado e demolido na década de 1990, o “Palácio de Festas Mil e Uma Noites”, nome sob o qual era sempre mencionado, mas que se chamava, na verdade, Clube Mil e Uma Noites.
Era um clube noturno onde se realizaram muitos eventos, shows, bailes de carnaval e festas de réveillon. A história desse clube noturno faz parte da história boêmia e social da Cidade. (Foto do Estúdio Rembrandt)

Clube Mil e Uma Noites

Em 1948, em Porto Alegre, é realizado o I Campeonato Aberto Noturno de Tênis sob a coordenação da Federação Rio-Grandense de Tênis e do Departamento da Associação Leopoldina Juvenil.
Os vencedores do torneio foram Ary Juchem e Carmem Paz.

Em 1948, em Porto Alegre, a Travessia do Guaíba começou a evadir-se das pranchetas para o terreno concreto. Foram realizados estudos pelo DAER visando à construção de um Túnel desde a Ponta da Cadeia, em Porto Alegre à Ilha da Pintada.
Esse túnel teria 1.724 m de extensão, sendo 1.232 m entre portais e duas rampas de acesso de 246 m cada uma e seria formado por 8 elementos tubulares, pré-moldados, levados por flutuação ao local e assentados no terreno previamente preparado; um elemento central especial, da torre de ventilação e 3 elementos moldados in loco.
O trecho pré-moldado tornar-se-ia estanque por um tubo contínuo, soldado, de chapas de ferro de ¼’, o diâmetro externo atingiria 11,0 m e o interno 9,40 m, sendo de 7,30 m a chapa de rodagem.
De 1948 a 1949 os jornais de Porto Alegre publicaram grandes reportagens, fartamente ilustradas da futura construção. Mas a idéia do túnel foi vencida depois de grande e elevada discussões, mesmo já estando praticamente decidido pelo DAER o túnel.
Venceu o projeto de pontes, viadutos e aterros, partindo do alinhamento da Rua Sertório, no bairro dos Navegantes, ultrapassando sucessivamente os vãos entre Porto Alegre e a Ilha do Pavão, desta a Ilha Grande dos Marinheiros e, por último, desta ao município de Guaíba indo atingir, pela BR-2 e o entroncamento da BR-37.

Em setembro de 1948, no Brasil, Rio Grande do Sul, é inaugurada a Hidrelétrica do Passo do Inferno, no Rio Caí, que ira fornecer energia ao estado e controlar o nível das águas que chegam ao Guaíba em Porto Alegre.

Em outubro de 1948, em Porto Alegre, no restaurante das Lojas Renner onde eram realizadas as reuniões da FIERGS por ser A.J. Renner membro ativo da entidade.
O governador do Estado Walter Jobim comparece a entidade para anunciar o Plano de Eletrificação do Estado, uma luta das indústrias do estado.

Em 1949, em Porto Alegre, a Associação Leopoldina Juvenil promoveu em suas quadras o Iº Torneio Aberto Internacional de Tênis.

- O atleta gaúcho Ernesto Petersen conquistou o título maior nacional e representou o Brasil na Copa Davis juntamente com Manoel Fernandes e Álvaro Osório.

- No cenário do “Tênis Feminino” nacional destacaram-se as tenistas gaúchas Ilka Altmayer e Carmen Paz.

Em 1949, em Porto Alegre, a Só & Filhos depois de anos instalada na calha do Guaíba na Rua Voluntários da Pátria, já como fabricante de navios, o Estaleiro Só transferiu-se para a Ponta do Mello, na zona sul junto à orla do Guaíba.
Neste local o Estaleiro Só fabricou mais de 170 embarcações, entre navios de grande porte, ferry-boats, navios-tanques, navios petroquímicos, baleeiras, rebocadores, iates e pesqueiros.

- O Estaleiro Só tem uma ligação forte com a Vila dos Pescadores, devido a atividades correlatas de desmanche de embarcações realizadas no Cais de Areia na comunidade, e ser o ponto de retorno na Procissão Fluvial de Nossa Senhora dos Navegantes iniciada a partir de 1982.

Estaleiro Só

Em 20 de setembro de 1949, em Porto Alegre, foi inaugurado no Centro o Edifício Sulacap o “Edifício Majestoso”, com seus vários blocos unidos a torre de 17 pavimentos na esquina da Avenida Borges de Medeiros e Rua dos Andradas.

- Em breve novos prédios teriam a simpatia da arquitetura, os edifícios União e Mesbla são exemplos da chamada “Escola de Chicago”.

O final da década de 1940, em Porto Alegre, coincide com o início da formação das vilas marginais.
Do interior leva de trabalhadores, expulsos pelo parcelamento da terra e pelo começo da mecanização da lavoura, atraídos pelo fascínio das cidades e principalmente a promessa de empregos. Estas favelas, porém ainda é uma versão civilizada dos núcleos de moradias instaladas na cidade na década de 1970.

- Na Vila dos Pescadores (atual Villa Guayba), as características portuguesas foram adaptadas no estilo das construções majoritariamente feitas em duas águas, primeiramente em madeira (como faziam na Ilha da Pintada), fachada de porta e janela para a calçada (algumas janelas tipo clarabóia), enfileiradas pelas ruas do vilarejo, com a técnica construtiva em estilo eclético do Brasil, em fase de acabamento, com seus becos e vielas típicos.
“Não eram sub-habitações”.

Casa da Família Rosa

- Este estilo construtivo se mantém até os dias atuais na Villa Guayba, seguindo a tendência da década de 1940, estas habitações, é uma versão civilizada dos núcleos de moradias pobres.

- Antes da década de 1950, as tábuas de pinho eram material abundante e econômico para a construção de casas populares, que se multiplicavam aos milhares nos bairros Navegantes, São João, Partenon, Santana, Azenha e Tristeza, construções estreitas e compridas, e mais tarde nas Vilas Ipiranga e Floresta.

1950
Anos Dourados

- Durante os anos 1940/1950, na Noite porto- alegrense, nossa elite exibia seus ganhos se “glamurizando”, marcam o auge dos bailes no Clube do Comércio, das festas de caridade do Leopoldina-Juvenil, no Country, no Jockey Club, nos clubes de vela da Zona Sul. Nesses salões, onde a sociedade apresentava suas debutantes, aconteceram bailes e carnavais inesquecíveis.
O homem da classe média (e alguns milionários menos conservadores) se divertiam nos dancing, boates e cabarés da região do Centro.
Nos anos 1940, havia 24 casas noturnas, todas com música ao vivo, nos anos 1950 já são 29 casas, alguns nomes ficaram na memória:
American Boate,
Castelo Rosado,
Maipú,
Marabá, com seus sambas e boleros, era reduto de resistência aos ritmos do Tio Sam.
Lupicínio Rodrigues freqüentava o Castelinho do Alto da Bronze, espécie de clube de músicos, ou os modestos botequins da Ilhota (na Praça Garibaldi), na Cidade Baixa.
O fim da noite terminava no Treviso, restaurante do Mercado Público que congregava a boemia da cidade.
Os anos 1950 são marcados pela popularização dos nossos compositores regionalistas e da “velha guarda”, voltado para o samba-canção e o choro.
As rádios Itaí, Farroupilha e Gaúcha, através de programas como “Clube do Guri, Grande Rodeio Coringa e Rádio Sequência” vão popularizar nossos cantores e compositores.

- Para os adolescentes, hot-dog com Pepsi ou Coca, já era melhor que feijão com arroz e carne do almoço caseiro.
O rock’in roll começava a chegar através dos filmes de Hollywood.

- No final dos anos 1930 e início dos 1940, os prédios tinham no mínimo cinco andares.
Há pressa para que se edifiquem nas avenidas – “quem construísse na Borges de Medeiros ficava isento de impostos por cinco anos.”

- Em Porto Alegre após a IIª Guerra Mundial, foi necessário começar da estaca zero.
Neste sentido os poucos arquitetos ainda ativos com novas forças formadas em Montevidéu e Rio de Janeiro, formam um curso de arquitetura vinculado ao Instituto de Belas Artes, este se uniu a outro curso de caráter técnico da Escola de Engenharia, formando a Faculdade de Arquitetura, para suprir o mercado de profissionais habilitados.

-A segunda fase do modernismo de pós-guerra, começa pelo bairro Bom Fim, em transversais da Avenida Osvaldo Aranha, surgem prédios de três e quatro andares, sobre terrenos estreitos, conhecidos como “pombais”.

Desde então tem surgido uma série de prédios concebidos dentro de conceitos que tentam aliar qualidades dos materiais modernos com a qualidade plástica, como o novo prédio do Palácio da Justiça, no Centro ao lado do Theatro São Pedro e a construção central da Ceasa, no bairro Anchieta, tida como uma das mais revolucionárias concepções estruturais dos tempos modernos, mas a maioria não deu certo.

Paredões de concreto se erguem subitamente, escondendo o sol e a visão do Guaíba, os prédios possuem 10, 15, 20 andares e alteram a paisagem do Centro.
É a verticalização de Porto Alegre, que começa no final dos anos 1930, intensifica-se nos anos 1940 e explode nos anos 1950.

- Nesta década a cidade cai numa orgia construtiva. É um espigão atrás do outro, uma euforia que comprometeu a qualidade de vida no Centro. O preço da fabricação de uma cidade moderna foi pago pelas gerações seguintes.
Este também é o período de consolidação das grandes empresas construtoras.
Os empreendedores imobiliários impuseram o modernismo, fazendo disparar a altura dos prédios.
A maioria deles projetados pelos desenhistas das empresas de construção, guardavam ainda traços da arquitetura monumental, como o Edifício Jaguaribe do Cine São João de 26 andares, na Avenida Salgado Filho, 135, projeto de Luis Fernando Corona.

- Nova corrente de descendentes chega a Vila dos Pescadores, iniciando assim o núcleo forte de ocupação com a sua consolidação que ajudaram no desenvolvimento do bairro e da região.
Os pescadores se desenvolveram economicamente de maneira rápida e organizada.
Até o final dos anos 1940, início dos 50, segundo relato dos moradores, existiam nove núcleos familiares de pescadores, espelhados ao longo da Ponta do Dionísio.
Conforme o Sr. João Rosa:
- “Era uma época boa pra peixe, a gente tinha muita clientela... Até gente importante comprava aqui. Lupicínio Rodrigues era um que vinha pelo menos uma vez por mês, pegava umas piavas. A gente recolhia a rede bem cedo da manhã, limpava e separava os peixes, vendia fresco. A gente fazia bacalhau também, faz até hoje. A fila ia até a esquina. Sexta-feira Santa era loucura, não parava um minuto. Naquela época dava muito peixe na rede, e peixe maior do que tem hoje.”

Lupicínio Rodrigues

- A comunidade, composta de pequenas empresas familiares possuidoras do conhecimento, das técnicas, dos meios materiais e da tradição açoriana da pesca artesanal.
O famoso produto da Vila dos Pescadores era o “Bacalhau”, salgado e secado a sombra, um produto tradicional da comunidade.

Qualidade do Bacalhau da Vila dos Pescadores
Depois da pesca, as operações complementares como: limpeza, salga e secagem, exigem um cuidado todo especial e a máxima higiene.

Após a lavagem do bacalhau, na sua salga utiliza-se muito o sal português e, quanto à secagem, efetuada ao ar livre, feita também através de secagem artificial quando as condições atmosféricas não permitam a secagem natural.

Salga do peixe

O Bacalhau pode ser encontrado fresco, de meia-cura e completamente seco.
O Bacalhau fresco é conservado refrigerado após sua pesca.
O Bacalhau de meia-cura não é completamente seco, apresentando somente o sal necessário para sua conservação até o local de secagem.
O Bacalhau seco é o mais utilizado na culinária. É seco ao sol ou em estufas, trazendo ainda algum sal.


Em 1950, em Porto Alegre, a população chega a 394 mil habitantes.

Em 1950, em Porto Alegre, a capital é sede oficial de jogos da Copa do Mundo de Futebol de 1950, que se realiza no Brasil, é escolhido o “Estádio dos Eucaliptos” do Sport Club Internacional, no bairro Menino Deus, que tem que ser adaptado, melhorias foram feitas, como construção de arquibancadas para aumentar a capacidade e aprimoramento no sistema de bondes que tinha seu ponto final na Capela do Menino Deus.
México, Iugoslávia e Suíça jogam na cidade, mas a qualidade dos times faz a população perder o interesse sendo que no último jogo teve apenas 4 mil espectadores.

Em 1950, em Porto Alegre, é fundada a Orquestra Sinfônica de Porto Alegre – OSPA, tendo a sua frente maestro Pablo Komlós, regente húngaro que dirigiu a OSPA até 1978, e responsável pela permanência, solidificação e prestígio adquirido pela orquestra gaúcha em todo o País.

Em junho de 1950, em Porto Alegre, em visita de “missão empresarial” da Alemanha a FIERGS, onde anuncia o restabelecimento das relações comerciais entre os dois países (Brasil e Alemanha).

Em 1951, em Porto Alegre, uma pesquisa do antigo Departamento de Casa Popular (atual Demhab), revela que havia na cidade 16.303 pessoas marginalizadas.
Segundo dados da Secretaria Municipal de Planejamento, havia 3.965 barracos em 41 vilas populares.

Em 1951, em Porto Alegre, é criada pelo governo gaúcho o Departamento Estadual de Porto, Rios e Canais – DEPREC, em prédio construído junto ao Cais Mauá ao lado do deque de ferro.
Autarquia que englobou os serviços concedidos entre eles e o Porto de Rio Grande.

Em 1º de janeiro de 1952, em Porto Alegre, assume a Prefeitura Municipal o Eng. Ildo Meneguetti, eleito por voto livre e direto.

Em 1952, em Porto Alegre, o tenista Luis Fernando Koch da Associação Leopoldina Juvenil sagrou-se campeão brasileiro de Tênis Infantil.

Em 20 de fevereiro de 1952, em Porto Alegre, a Comissão Estadual de Energia Elétrica é transformada em autarquia e é criada a Companhia Estadual de Energia ElétricaCEEE.
Em 1963, no governo Leonel Brizola a CEEE será transformada em sociedade de economia mista, com sede em Porto Alegre.

Em março de 1952, em Porto Alegre, o prefeito Loureiro da Silva já considerava o sistema de transporte por meio de barcas da Assunção obsoleto.
“... As comunicações entre a zona norte do Estado e o sul foram em grande parte resolvidas ao tempo em que fui prefeito de Porto Alegre, por meio das barcas. Hoje, o sistema é obsoleto e não atende mais as condições de transporte.” (Correio do Povo 08.03.1952).

Em 1953, em Porto Alegre, chega a Vila dos Pescadores a família do Sr. Ricardo Soares Ferreira.

Ricardo Ferreira
- Pescador, 64 anos (2009), morador da Vila dos Pescadores.

Conforme o Sr. Ricardo Ferreira, falando sobre o Embarcadouro da Vila Assunção:
- “Daí depois passou a ter freguesia aqui, mas não tinha ninguém aqui, né? – Depois que o pessoal da Tristeza, Camaquã, começo a vir comprar.”

- “DAER já tinha, tinha as barcas. Muito engraxei sapato naquela fila para ganhar alguns troquinhos. A vó fazia pastel aqui, pegava a caixa e ia lá fazer um dinheirinho. E era guri, tinha 11, 12 anos. E era a maneira certa, né... hoje os guris tão roubando, né cara... Naquele tempo a gente ia à luta, né?

- A comunidade da Vila dos Pescadores tornou-se referência no comércio do pescado para os bairros da zona sul de Porto Alegre devido à facilidade e a praticidade de acesso, quando comparado ao Mercado Público.
Conforme o Sr. João Rosa:
- “Com a barca dava muito movimento, mas vinha de tudo, né...
Gente da Tristeza, Assunção, Vila Nova. Por que não tinha peixe né. Daí “por isso aqui virou Vila dos Pescadores o pessoal começou a chamar.”

Cairo, João e o neto canarinho

- “Naquela época era só aqui ou no Mercado Público pra encontrar peixe, e no Mercado Público tinha pouca oferta de peixe de rio, lá se encontrava mais peixe de água salgada, então quem preferia piava, jundiá, pintado, sempre comprava aqui.”


Em 1953, em Porto Alegre, o PTB representado pelos governadores Ernesto Dorneles e depois Leonel Brizola, ambos defendiam o primado da sociedade urbano-industrial sobre a agrária tradicional, uma das iniciativas, depois abandonada, era de criar uma “Cidade Industrial” no delta do Guaíba, onde declararam suas ilhas de utilidade pública para desapropriação.
Em 1976, o delta é salvo com a criação na capital do Parque Estadual do Delta do Jacuí formado a partir dos rios: - Gravataí, Sinos, Caí e Jacuí, mais os canais, pântanos, e charcos.

Em 1953, em Porto Alegre, no Passo d’Areia, na zona norte é inaugurado a Vila do IAPI conjunto habitacional com 2.533 unidades das 1.625 previstas inicialmente, para os funcionários dos antigos Institutos de Previdência – IAP’s, tem seu projeto baseado nas cidades-jardins de Paris, com muito verde e traçado menos geométrico, projetado pelo arquiteto João Sabóia.
Iniciado em 1943, no Estado Novo de Vargas, recebeu obras de infra-estrutura até 1946, durante o governo do presidente Eurico Gaspar Dutra, os imóveis começam a ser construídos, e é inaugurado no governo democrático de Getulio Vargas, com a presença do mesmo.

Em 1953, em Porto Alegre, para a criação do Jardim Botânico foi destinada área de 50 hectares.
Na época, foram plantadas as primeiras espécies de palmeiras, coníferas e suculentas.
Ainda que tenha perdido parte de seu território em diversos processos.
O parque possui área de 39 hectares.
Apesar disso, é considerado um dos maiores Jardins Botânicos do Brasil, diante da diversidade de sua coleção.

Em 19 de abril de 1953, em Porto Alegre, é inaugurado o novo terminal do Aeroporto Salgado Filho, na Avenida dos Estados, s/nº, na zona norte, ao lado do antigo Terminal do Aeroporto de Porto Alegre (conhecido como São João), sendo o mais moderno do Brasil, com todos os serviços aeroviários necessários.

Em 18 de setembro de1953, em Porto Alegre, é criado por Gastão de Almeida Santos o Orquidário Municipal no Parque Farroupilha, próximo ao lago, que lhe garante a umidade necessária para a coleção das exuberantes orquídea e bromélias, com mais de 50 espécies do Brasil e exterior.

Em 29 de outubro de 1953, em Porto Alegre, no Ofício nº 1.290 dirigido ao Instituto Histórico e Geográfico do Rio Grande do Sul IHGRGS, o engenheiro Ildo Meneguetti, prefeito de Porto Alegre, pedia esclarecimentos no sentido de fixar com precisão a data de fundação da Capital.
A consulta foi submetida à comissão integrada por Afonso Guerreiro, Moysés Vellinho e Otelo Rosa (redator), o texto foi aprovado por unanimidade:

Porto Alegre
- “Porto Alegre foi fundado em 26 de março de 1772, dia em que, criada a Freguesia de São Francisco do Porto dos Casais, emancipou-se de Viamão, tornou-se uma unidade demográfica, adquiriu personalidade própria e passou a ser um aglomerado humano distinto.”

Em 29 de novembro de 1953, em Porto Alegre, na administração do prefeito Leonel Brizola foi aprovado na Câmara Municipal à encampação pela Prefeitura Municipal do controle acionário da empresa americana CCPA/ Electric Bond & Share, que operava desde a década de 1930.

Em 1954, em Porto Alegre, com a Prefeitura Municipal já organizada, a Divisão de Urbanismo inicia o desenvolvimento do plano desenvolvido pelo arquiteto Edvaldo Pereira Paiva.
Desde 1935, a Prefeitura organizava grupos de estudo para formular “diretrizes e disciplinar o crescimento”, inclusive trazendo arquitetos de fora do Estado.
Nos anos 1940, o arquiteto da Prefeitura Edvaldo Pereira Paiva deu outra dimensão ao planejamento, sendo o primeiro a estudar a realidade sócio-econômica e o uso do solo.

Em 1954, de Porto Alegre, os tenistas gaúchos Ronald Franke e Doris Sfoggia se sagraram campeões brasileiros de Tênis.

Em 1954, em Porto Alegre, a Viação Ferroviária Rio Grande do Sul - VFRGS introduziu os trens: - Minuano e Pampeiro, os TUDs (Trens-Unidade Diesel), fabricado pela alemã IRFA-MAN (Maschinenfabrik Augsburg-Nürnberg AG), encomendados pelo Governo do Estado dois anos antes.
Eram duas composições alemãs, no início, pelo menos nos primeiros dois anos, rodaram entre à capital Porto Alegre e a cidade de Cruz Alta, e também da Capital a Bagé.

- Houve pelo menos um trem Minuano que seguiu de Porto Alegre até Brasília (DF), numa das viagens inaugurais da linha. Estas unidades rodaram até os anos 1980.

Em 15 de fevereiro de 1954, em Porto Alegre, a Viação Férrea do Rio Grande do Sul - VFRGS já pensando na remodelação da Estação Central de Porto Alegre, que estando no Centro da cidade (na esquina da Rua Voluntários da Pátria com a Rua da Conceição) já causava problemas de acesso, se inicia as obras da Estação Provisória Diretor Pestana, na saída da cidade na Avenida dos Estados na zona norte, visando desviar o embarque dos trens para o interior para esse local.

Em 19 de fevereiro de 1954, em Porto Alegre, os norte-americanos retornaram a operar no transporte coletivo da cidade. O novo Departamento Autônomo de Transportes Coletivos – DATC.

Em 23 de agosto de 1954, no Brasil Rio de Janeiro (DF), cerca de 30 generais, entre eles Juarez Távora e Mascarenhas de Morais, lançaram um “Manifesto a Nação”, que na verdade era um ultimato ao presidente da República Getúlio Vargas.

- Um dia antes, o vice-presidente Café Filho sugeriu a GetúlioVargas que ambos renunciassem, o presidente respondeu:
“Se tentarem tomar o Catete, terão que passar por sobre meu cadáver”.
Na mesma noite o presidente Getúlio Vargas convocou uma reunião ministerial e declarou:
“Só morto saio do Catete”.

- As 4:00 horas da manhã dois oficiais foram convocar o irmão do presidente Bejo Vargas para depor na chamada “República do Galeão”.

- Por voltas das 04h30min, um tiro ecoou no Palácio do Catete (RJ).
“O presidente está morto”.

1954 - O maior quebra-quebra de Porto Alegre

Em 24 de agosto de 1954, as 08h30min, em Porto Alegre, é divulgada a notícia do “suicídio do presidente” Getúlio Dorneles Vargas o “Pai dos Pobres”, o povo fica em estado de choque.
As lojas rapidamente fecharam as portas.
Começava um dos maiores Quebra-Quebras da história da cidade.
Uma multidão cada vez mais encorpada, e que polícia nenhuma conseguia deter, investiu contra a sede de jornais e partidos que criticavam a política Getulista.
O Diário de Notícias, na Praça da Alfândega, foi destruído:
- as pessoas atiraram móveis e máquinas pelas janelas.
O mesmo aconteceu no jornal O Estado do Rio Grande, jornal do Partido Libertador – PL.
O prédio da Rádio Farroupilha na Rua Duque de Caxias foi incendiado.
Foi destruída também a Rádio Difusora.
Foi depredado o Consulado Americano, o First National City Bank of New York
A massa dirigiu sua fúria contra as sedes da União Democrática NacionalUDN e do Partido LibertadorPL.
Empresas que não tinham nada a ver com a política também sofreram agressão da massa, pois tinham nome ou vendiam produtos norte-americanos.  
Três pessoas morreram.
Foi à tarde, quando a multidão atacava instalações do Partido Social DemocráticoPSD, nos altos do Café Bom Fim, o famoso “Fedor”, que ficava na Avenida Osvaldo Aranha com a Rua Felipe Camarão, interpelados por militares, reagiram e foram alvejados por tiros de revolveres – um deles pelas costas.
O governador do Rio Grande do Sul Ernesto Dornelles (PTB), aliado de Getúlio Vargas, não chamou a Brigada Militar nem o Exército, e o conflito se estendeu por 8 horas.

- Carta Testamento de Getúlio Vargas, redigida de 23 para 24 de agosto de 1954 foi sua última e definitiva estocada em velhos inimigos:
- “...Eu vos dei a minha vida. Agora vos ofereço a minha morte. Nada receio.
Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na História.”

- Enquanto instituições anti-getulistas eram atacadas, Jango, Tancredo e JK, três futuros chefes de governo velavam o corpo do líder político mais polêmico e mais amado da história do Brasil.

Em 24 de agosto de 1954, no Brasil, Rio de Janeiro, Distrito Federal, Café Filho (24.08.1954- 08.11.1955), vice de Getúlio Vargas, décimo oitavo presidente da República, Potiguar (RN), Partido Social Progressista – PSD, sem Vice, o país passou por uma fase de agitações, foi afastado por motivos de saúde, sendo substituído por Carlos Luz, presidente da Câmara dos Deputados.
O período intermediário entre a eleição do candidato Juscelino Kubitschek e sua posse.

Em setembro de 1954, em Porto Alegre, são inauguradas as a primeira fase das estruturas do monumental Estádio Olímpico a nova sede do Grêmio Foot-Ball Porto-Alegrense, uma grande festa foi preparada para este grande evento.
Localizado entre a Avenida Carlos Barbosa e a entrada principal pelo pórtico monumental na Rua Dona Cecília, no bairro Medianeira.
Depois de permanecer por meio século na tradicional “Baixada” dos Moinhos de Vento (1904-1954), o Gremio possui o maior e melhor estádio do sul do Brasil, tendo sido, considerado o “primus inter pares” entre os estádios de propriedade particular do Mundo.  

Em 22 de outubro de 1954, em Porto Alegre, conforme o jornal Correio do Povo: - é cada vez mais deficiente o serviço de barcas do DAER que atende a travessia do Guaíba. Das oito embarcações que faziam o percurso entre Porto Alegre e Guaíba apenas duas se encontram, atualmente, em condições satisfatórias, segundo nos informou o Sr. Paraguassú Garcia Flores, de Rio Pardo, que foi ontem uma das vítimas das longas filas que vem se formando no embarcadouro da Assunção. Este senhor pretendia regressar a sua terra, chegou a Assunção e mais de quarenta automóveis já se alinhavam ali. Receando perder seu lugar na fila, permaneceu o resto dia sem tomar um alimento. Cansado de esperar, levou sua reclamação a administração das barcas, que informou que uma das barcas já está algum tempo submergida, sem que seja possível, por carência de equipamentos, recuperá-la, outras cinco estão paradas por falta de peças, que são importadas.

No Embarcadouro da Vila Assunção e na Vila dos Pescadores dos pescadores a vida segue.
Conforme o Sr. Ricardo Ferreira:
- “A fila de carros ia até o meio da Pereira Passos (avenida central da Vila Assunção), caminhão, tudo. Aquilo ali era bacana. Eu tenho saudade daquele tempo. Às vezes eu digo, mas puxa, porque naquele tempo não tinha uma máquina, uma filmadora, um troço, pro cara guardar, né...”

Em 17 de novembro de 1955, em Porto Alegre, é realizada a Feira do Livro, iniciada pela idéia de S. Marques como uma feira ao céu aberto, com suas bancas de livreiros locais, convidados e instituições, localizada na Praça da Alfândega, Centro da cidade.
Esta feira se tornará a maior feira de livros ao ar livre das Américas.

Em 1º de janeiro de 1956, em Porto Alegre, assume novo prefeito municipal Leonel de Moura Brizola, pelo voto direto.

Em 1956, em Porto Alegre, o Renner Futebol Clube de Porto Alegre leva o título de Campeão do “Campeonato Estadual de Futebol” atropelando os favoritos Grêmio e Internacional.

Em março de 1956, em Porto Alegre, representando o Brasil, a Seleção Gaúcha, formada pelo time do Renner Futebol Clube de Porto Alegre e outros, é medalha de ouro no futebol no Pan-Americano do México, ao chegarem a Porto Alegre são recebidos pela maior multidão que já se havia visto nas ruas da cidade, a comemoração é na Praça da Alfândega.

Em 1957, ante 1951, em Porto Alegre, em seis anos o número de pessoas faveladas salta de 16 mil para 40 mil, um aumento de 144%. Nesta época as Favelas se integram a vida da cidade: Vila dos Marítimos (Caída do Céu), Ilhota, Mato Sampaio, Vila Conceição (Maria Degolada) e Vila Theodora, na Zona Norte.

Em 16 de junho de 1957, em Porto Alegre, é inaugurado o Monumento ao Expedicionário, no Parque Farroupilha, que nasceu de uma memorável campanha promovida pelo Correio do Povo, de 1946 a 1957, concebida como “Altar da Pátria”, a proposta vencedora pelo escultor Antônio Caringi, onze anos depois, a festa seria, naturalmente maior.

Em 1958, em Porto Alegre, é fundada a Indústria Térmica Brasileira por Jorge Andrizzo e Leon Spalter, depois alterou a razão social para Termolar, inovou ao inventar a ampola super forte, atualmente com sede na zona sul no bairro Cristal.
Em 1965, lança a rolha Vedasim, em substituição da rolha de cortiça.
Em 1972, foi a vez da rolha Giromagic, a primeira do mundo que não exigia a retirada da tampa para servir.
Em 1975, a criação da primeira Térmica Inquebrável para crianças.

- A empresa Termolar é vizinha da Vila Assunção e da Vila dos Pescadores (atual Villa Guayba).

Em 20 de setembro de 1958, em Porto Alegre, é inaugurado o monumento O Laçador, no Largo do Bombeiro, na Avenida Farrapos, pelo prefeito Leonel Brizola.
A estátua em bronze de Antônio Caringi, sobre pedestal de granito, fundida em Porto Alegre.

Em 28 de dezembro de 1958, às 16 horas e cinqüenta minutos, em Porto Alegre, dia de sol agradável, o governador Ildo Meneguetti, acionou eletricamente a barreira de acesso ao vão móvel da ponte sobre o Guaíba, inaugurando em grande solenidade a Travessia Eng.º Régis Bittencourt (conjunto de pontes e acesso), uma ponte levadiça que ergue seu centro a 40 metros de altura, para a passagem de embarcações rio acima, um dos pontos de referência de Porto Alegre, uma das únicas do Mundo.
Era incalculável a multidão a se comprimir ao longo da Rua Voluntários da Pátria, paralela ao Guaíba. Desde cedo à multidão já esperava a cerimônia, somente os portadores do convite oficial tinham acesso a ponte, entrando pela Rua Sertório.
Estavam presentes sobre o vão móvel:
- Dr. Adroaldo Mesquita da Costa, representando o Governo Federal, Comandante do V Zona Aérea, Comandante do II Corpo do Exército Nacional, Deputados Federais e Estaduais, todo o Secretariado, Reitores, Desembargadores (pela primeira vez em uma cerimônia inaugural) o Arcebispo de Porto Alegre Dom Vicente Scherer e demais autoridades civis e militares.
Chegou o Governador do Estado Eng.º Ildo Meneguetti com o engenheiro Edmundo Régis Bittencourt diretor geral do DNER, cujo Rio Grande do Sul através do DAER e pela unanimidade resolveram homenagear com a denominação da travessia.
Dom Vicente Scherer procedeu à benção da travessia e à entronização da imagem de Nossa Senhora Medianeira executada em bronze, foi colocada junto a uma das torres, e se seguiram os discursos.

São cinco obras que compõe o conjunto de pontes e respectivos acessos através de aterros:
Travessia Eng.º Régis Bittencourt
- Todo o comando da ponte sobre o Guaíba é comandada da cabine (na segunda torre a esquerda de quem entra), e as demais pontes e acessos para vencer o Delta.
Trevo de Acesso
- A Porto Alegre, com 6 ramos e 8,50 m de largura em cada ramo 1.815 metros, ligando a Avenida Sertório e Rua Voluntários da Pátria e uma terceira sobre o dique.
Ponte do Guaíba
- Ponte com 16 m de largura sobre o Guaíba, 575 metros de extensão entre Porto Alegre e a Ilha do Pavão.
- Vão Levadiço: - tem 56 m de extensão e 16 m de largura na pista de rolamento, ale, de 1,15 m de cada lado de passeio, 4 torres chegam a 48 m cada (sendo 25 metros acima d’água), 24 cabos de aço levantam o vão móvel de 550 toneladas a uma altura de14 a 49 m.
Ponte do Canal Furado
- Ponte com 8 metros de largura sobre o canal Furado Grande, entre a Ilha do Pavão e a Ilha Grande dos Marinheiros 344 metros, altura permissível para navegação é de 8 m.
Ponte do Saco da Alemoa
- Ponte com 8 metros de largura sobre o Saco da Alemoa, entre a Ilha Grande dos Marinheiros e a Ilha das Flores 774 metros, altura permissível para navegação é de 6 m.
Ponte do Jacuí
- Ponte 8 m de largura sobre o Rio Jacuí, entre a Ilha das Flores e o município de Guaíba (atualmente município de Eldorado do Sul), altura permissível de passagem para navegação é de 20 m.

- Decorreram 1.165 dias consecutivos de obras, obra esta que a muito se esperava, onde poderia ter sido por túnel submarino ou ponte como o foi.
São 15 km de extensão (pontes e aterros) até a bifurcação das BR-2 e BR-37, distância equivalente do Centro de Porto Alegre a praia de Ipanema, dos quais 5,3 km correspondem as 4 pontes e ao trevo de acesso a Porto Alegre. Na superestrutura das obras de arte foi empregado “concreto protendido” no volume de 38.537m3, exclusive o vão levadiço, em aço.
Realizada pelo DAER, mediante convênio com DNER, da ordem de 650 milhões de cruzeiros o custo total.
“Unindo o Rio Grande e servindo a sua economia”

- Termina assim o ciclo da travessia do Rio Guaíba em barcas até a outra margem na cidade de Guaíba para seguir ao sul do Estado, e o transporte hidroviário perderá totalmente seu valor para a cidade, em 1958 já eram deslocados 1.100 veículo, mais de 1.000 pessoas por dia, em viagens de 30 em 30 minutos.
A operação demorava em torno de 1 hora entre o embarque, travessia e desembarque.

- Na Vila dos Pescadores se observa o declínio do comércio principalmente do pescado, associado ao fechamento do serviço de balsas.
Conforme o Sr. João Rosa:
- “Ah, quando fechou ali (travessia das balsas) ai começou a morre tudo.
Mas o pessoal continuou morando, né. Mas “aqui o movimento mesmo, de vender peixe, o que dava era principalmente da balsa.”

Conforme o Sr. Ricardo Ferreira:
- “Depois que a ponte começou a funcionar, aí ficou umas duas barcas pra fazer a travessia, uma de manhã e outra a noite, por causa do pessoal que morava em Guaíba, né... aí vinha um carro e outro, mas aí era coisa pouca, quase nada. Daí botaram linha de ônibus pela ponte, aí morreu.”

Em 1959, em Porto Alegre, é fundada a Avipal – Avícola Porto-Alegrense Ltda, com sede na Avenida Cavalhada, na zona sul, pelos imigrantes chineses Chan Ban Schun e Shan Ban Yuen, fugindo da Revolução Chinesa, se estabeleceram em Porto Alegre. A Avipal chegou a abater 120 mil frangos por dia, é a fundadora da Laticínios Elegê.

Em 1959, em Porto Alegre, é encampada pela Rede Ferroviária Federal - RFF, do governo federal, a Viação Ferroviária Rio Grande do Sul – VFRGS, foi extinguindo-se até a última linha.

- Durante o Regime Militar RFFSA assume toda a malha ferroviária do país, suas instalações e estrutura.
Com o correr do tempo, e atendendo à política de desativar os ramais antieconômicos:
Em 1963, o trecho entre Novo Hamburgo e Canela foi suprimido.
Em 1965, aconteceu o mesmo com a linha Rio dos Sinos a Novo Hamburgo.

Em 1959, em Porto Alegre, a Sociedade Jockey Clube do RS, que mantinha o Hipódromo Moinhos de Vento transferiu-o para o bairro Cristal, na zona sul onde havia sido realizado um aterro sanitário entre a Ponta do Mello e a Ponta do Dionísio, e foi construída uma moderna e luxuosa sede, o Hipódromo do Cristal.

- O Hipódromo faz parte do dia a dia da Vila dos Pescadores (atual Villa Guayba) desde sua transferência do Moinhos de Vento para a zona sul de Porto Alegre.

Dragagem para a Construção do Hipódromo

Em 06 de fevereiro de 1959, manhã, em Porto Alegre o governador Leonel Brizola foi visitar a Ponte do Guaíba, tudo já preparado com devido esmero, para inspecionar as obras de finalização, mas o que queria era chamara a atenção para o nome da travessia e pessoas ditas não reconhecidas, a obra não foi paralisada e sim acelerada para finalizá-la, e melhorar o sistema levadiço da ponte que não funcionava a contento e o nome trocado.

Em 18 de abril de 1959, em Porto Alegre, pelo Decreto nº 10.432, publicado no Diário Oficial, do governador Leonel Brizola, alterando o nome da Travessia Régis Bitterncourt sobre o Guaíba, decreta:
“Art. 1º - É denominado Travessia Getúlio Vargas o conjunto de obras que compõem a travessia do Rio Guaíba e do delta do Rio Jacuí, entre as cidades de Porto Alegre e de Guaíba.”

Em 19 de abril de 1959, domingo, as 08h00min, em Porto Alegre, acontece uma homenagem a Getúlio Vargas junto à Carta-Testamento, na Praça da Alfândega.
As 10h00min ocorreu a cerimônia na cabeceira da Ponte do Guaíba, durante o ato junto a uma das torres da ponte levadiça que liga a Avenida Sertório à Ilha do Pavão, foi trocado a placa comemorativa inaugurada pelo governo anterior e que continha o nome “Travessia Eng.º Régis Bittencourt” por outra que denomina as obras de travessia a seco de Porto Alegre a Guaíba de Travessia Getúlio Vargas.
O ato, realizado sob chuva, trovoadas e relâmpagos, foi presidido pelo governador Leonel Brizola, que assim cumpriu a promessa feita, se eleito, mudaria o nome da Ponte do Guaíba.
A nova Placa contém os nomes dos Presidentes Getúlio Vargas e Juscelino Kubitschek, ministro da Viação José Américo de Almeida e almirante Lúcio Meira, eng.° Edmundo Régis Bittencourt, diretor DNER.
Falando Leonel Brizola:
“Desejo neste momento fazer uma declaração. O que está escrito nesta placa é a expressão da verdade e da vontade do povo rio-grandense. Como governante, eleito cumpro o dever de realizar a vontade do povo, dando o nome do Presidente Getúlio Vargas a esta obra, já que foi ele, com sua mão generosa, que permitiu a construção deste empreendimento, em benefício do progresso e do desenvolvimento do Rio Grande do Sul.”
Notícia do Correio do Povo em 21 de abril de 1959:
“Várias pessoas, que se encontravam assistindo às solenidades, foram jogados ao solo em conseqüência de um raio que caiu naquele local. O mais atingido foi o Sr. Aroldo de Campos Freire, 70 anos, solteiro, residente à Rua Irmão Weibert. Talvez por estar com guarda-chuva com armação de aço, a faísca atingi-o em cheio, rasgando totalmente sua roupa, bem como lhe causando sérias queimaduras no ventre. Outras pessoas, com o choque, caíram ao solo. O guarda civil nº 682, de serviço no local, teve sua chapa do quepe danificada pela faísca. Depois de passados os primeiros instantes de confusão, o Sr. Aroldo foi socorrido no pronto Socorro, onde se acha internado. Pessoas que assistiram a ocorrência informaram que as roupas do Sr. Aroldo, depois de ser ele atingido pela faísca, ficaram desfiadas, como se alguém tivesse nela passado o pente.”
Dizem que o maldito raio teria sido obra da Frente Democrática, mau comunada com Satã, em protesto a cerimônia de Brizola.

- A mudança de nome da ponte repercutiu e desabou na Assembléia Legislativa e do Sindicato dos Engenheiros do Rio de Janeiro, muito alarde, mas a travessia não mais mudou de nome, nem quando o ex-governador Ildo Meneguetti reassumiu o cargo novamente em 1962, a travessia estava com três nomes:
Inaugurada: Travessia Eng.º Régis Bittencourt (1958),
Reinaugurada: Travessia Getúlio Vargas (1959),
Pelo Povo: Ponte do Guaíba.
A “Rodovia Getúlio Vargas” já se denomina desde 1943, pelo Decreto nº 15.093, a grande longitudinal Norte-Sul que abrange a travessia do Guaíba.

Em 07 de dezembro de 1959, em Porto Alegre, a Lei 2.022, estabeleceu que o bairro Arquipélago é formado por todas as ilhas que formam o do Delta do Jacuí, dentro dos limites da cidade.
As ilhas urbanas: - Ilha da Pintada e do Chico Inglês, as demais são consideradas zona rural de Porto Alegre.

Em 20 de dezembro de 1959, em Porto Alegre, entra no ar a TV Piratini, canal 5, dos Diários Associados, de Assis Chateaubriand, primeiro canal de televisão do Rio Grande do Sul, a quarta capital a ter sinal de televisão no Brasil.

Em 30 de dezembro de 1959, em Porto Alegre, é aprovado pela Câmara de Vereadores o primeiro Plano Diretor de Porto Alegre (Lei 2046/59).
Porto Alegre foi à “primeira cidade do Brasil a ter seu crescimento disciplinado por um Plano Diretor”, este conjunto de diretrizes foi inaugurado no governo JK enquanto construía Brasília a nova capital federal, no cerrado de Goiás.
Este plano pretendia controlar o crescimento desordenado da cidade impedir que ela fosse descaracterizada (mas foi exatamente o que aconteceu).
O resultado foram milhares de edifícios residenciais em forma de paralelepípedos.

- A 3ª Perimetral, já pensada em 1932, pelo intendente Alberto Bins, ligando os bairros Navegantes ao Cristal, este arco limitou o estudo do 1º Plano Diretor de 1959.

- A última transformação começa com a criação de zonas de comércio: a cidade se moderniza e as residências se afastam do Centro.

- As cidades limítrofes: Alvorada, Cachoeirinha e Gravataí, crescem e intensificam sua ligação física com a Capital.
A zona industrial de São João/ Navegantes se liga via BR 116 a Canoas.
Do outro lado Viamão de capital da Capitania vira cidade dormitório.
Com a construção da Travessia Getúlio Vargas, Porto Alegre se aproxima fisicamente da cidade de Guaíba.

- A Vila dos Pescadores está preparada para chegar aos anos 1960.
No relato dos moradores da Vila dos Pescadores, observa-se um acentuado crescimento populacional de todo o Bairro Assunção, acompanhando o movimento migratório do resto da cidade.
Conforme o Sr. Ricardo Ferreira:
- “Lá na ponta (apontando em direção ao atracadouro das barcas) era o Adão Pinheiro, depois o velho Guilherme da Abigail, depois o Wilmar, depois a Dona Odete e o Seu Rafael, a Dona Bete, esses pescava...
Um que trabalhava no DAER, não lembro o nome dele. - Acho que era João.
Depois morava o Seu Hugo, onde é o João Carlos, Depois o Seu Donato, onde é o Eurides. De lá pra cá nenhum pescava.”

- No decorrer dos anos, ocorrem transformações no espaço urbano da Vila dos Pescadores, pois as áreas da orla, não habitadas anteriormente, agora começam a ser ocupadas por novos moradores. As áreas da região mais favoráveis a atividade pesqueira, os espaços menos elevado e mais próximo da beira d’água, local escolhido pelos primeiros membros fundadores da comunidade pesqueira. Nem houve critérios para a escolha dos locais das novas moradias.
A necessidade de conquista de um lugar para fincar raiz era maior. A cidade cresce e a vila cresce.
Conforme o Sr. Ricardo Ferreira:
- “Em 60 (1960) já tinha bastante gente. Mas não vinha pra pescar. Vinha pra fazer um lugar pra morar. A rua era aqui, e as casas eram lá embaixo, na beira. Tinha o barranco, e lá embaixo eram as casas. Depois é que disseram “vamo passar pra cima”, daí todo mundo começou a passas as casas pra cima.”

- “Quando começaram a colocar as casas na beira da estrada, começou a deixar aberta atrás. Daí aqueles que saíram começaram a fazer as casas nos fundos. Por isso deu aquela parte mais larga ali pra cima, na curva. É que nem nós aqui, se tivesse um espaço o outro já fazia lá nos fundos.”

Continua 

Nenhum comentário:

Postar um comentário